A década de 60 parecia muito promissora no Brasil especialmente sob o ponto de vista da indústria automobilística. Vale lembrar que a produção de veículos totalmente nacionalizados havia começado no final dos anos 50 e, dessa forma, estava em franco crescimento.
A Ford já investia há algum tempo no país. E em meados dos anos 60 resolveu trazer um modelo de luxo para o nosso mercado. O Galaxie foi apresentado ao público no Salão do Automóvel de 1966, ainda realizado no Parque do Ibirapuera. Não é preciso dizer que a imagem do veículo luxuoso cheio de estilo conquistou o público presente.
Naquele momento tínhamos algumas opções de modelos luxuosos para quem buscava algo mais requintado. Porém a chegada do modelo da Ford acabou criando um novo patamar de requinte e também estilo, já que trazia o design bem acertado da versão vendida nos Estados Unidos.
O que chamava mais atenção, a princípio, era o tamanho do carro, com 5 metros de comprimento por 2 metros de largura. Realmente um padrão americano em nossas ruas. Inicialmente era oferecido com o motor V-8 de 272 polegadas cúbicas (4.451 cm³), o mesmo já utilizado na F-100, a picape da marca.
Um dos destaques ficava por conta do interior extremamente confortável. Vale a pena falar um pouco mais sobre isso, afinal ele é considerado por muita gente, incluindo este que vos escreve, como o carro mais cômodo vendido no Brasil. Os dois bancos inteiriços levavam mais do que seis passageiros, lembrando que na época não tínhamos a mesma legislação vigente.
Além disso a já citada maciez se fazia presente logo no primeiro contato. Ergonomicamente o painel trazia os comandos à mão com especial atenção para a alavanca de câmbio de três marchas na coluna. O velocímetro em escala se manteve durante toda a vida do modelo no país e dava um quê clássico mesmo nos anos seguintes.
Curiosamente a Ford lançou também uma versão mais popular, sem itens de conforto e com acabamento bastante simples. O chamado “pé de camelo” é bastante raro hoje em dia e ficou pouco tempo no mercado. Não é difícil entender a razão, já que a linha toda se destacava por ser algo acima da média.
A versão LTD, mais luxuosa, chegou às lojas em 1969. A ideia era agradar a quem buscava as características citadas acima e um pouco mais de luxo. Nesse sentido ele trazia diferenciaidores de acabamento interno, calotas e já era oferecido o motor com 292 polegadas cúbicas (4.778 cm³).
Dois anos mais tarde mais um upgrade importante: a versão LTD Landau chegava às lojas com ainda mais luxo e um toque de requinte. O diferenciador externo era o teto de vinil com o vigia pequeno, como as carruagens europeias. Um toque de requinte presente em um modelo já bem feito.
Na década de 70 finalmente ele receberia o motor com 302 polegadas cúbicas (4.942 cm³) Os declarados 199 cv de potência SAE bruta fizeram bem ao carro, já que seu peso total era bastante elevado. Não que ele sofra com as outras opções mas fica ainda mais interessante. Lembrando que nos Estados Unidos a gama de motores era imensa e, dentre as opções, estava o icônico big block com 427 polegadas cúbicas (6.964 cm³(.
Mais do que falar, sem dúvida nenhuma o maior prazer de uma matéria é poder andar nesses carros. E guiá-los, claro. A linha Galaxie me traz lembranças de infância. Um dos meus tios, padrinho do meu irmão, possuía um 500 1974, modelo no qual tive o privilégio de andar por muitas vezes.
Uma das lembranças mais interessantes dessa época dizia respeito a maciez da suspensão. Logicamente não conhecia profundamente sobre o tema, mas a sensação de flutuar pelas ruas era presente. A grande responsável por isso era suspensão que trazia molas helicoidais e conforto de sobra.
Talvez uma das melhores sensações ao volante de LTD ou Galaxie seja a troca de marchas. Já tive oportunidade de guiar exemplares com câmbio automático, que são igualmente interessantes, porém fazer a troca na coluna é algo bastante especial e traz um conforto incrível.
Rodando pela rua não é difícil notar que, mesmo após mais de 40 anos do fim da sua produção, o modelo ainda chama atenção e desperta muitos olhares e comentários. Sempre aparece alguém elogiando ou contando alguma história de família a bordo desse simpático gigante.
Uma outra questão sobre a qual as pessoas têm curiosidade é sobre o consumo. Na verdade nunca foi uma preocupação dos compradores e o modelo chegou a contar com um tanque de inacreditáveis 107 litros de capacidade. Porém no caso da linha Galaxie esse item sempre foi medido através da equação sorrisos por litro. Até a semana que vem!
GDB