Começamos mais um ano. Uma nova jornada com 365 dias para serem vividos, descobertos e também que trarão, esperamos, muito mais alegria do que tristeza. Aqui na coluna é uma grande satisfação e uma oportunidade de seguir contando histórias de alguns dos veículos mais fantástico já produzidos.
E iniciamos 2022 em grande estilo. Quando se fala em carros luxuosos nos Estados Unidos pensamos inicialmente em Cadillac. Sem dúvida nenhuma esta divisão da General Motors conseguiu se estabelecer como uma referência e sonho de consumo de várias gerações.
Porém a Ford, sua arquirrival, também está nessa briga há muitas décadas e tem a sua própria divisão de luxo: a Lincoln. E é sobre um dos seus maiores expoentes que eu vou falar hoje a bordo do Continental Mark V da série especial Givenchy
Na verdade esta matéria também pediria uma trilha sonora à altura. São várias opções entre Frank Sinatra ou Tony Bennett para acompanhar toda comodidade e o estilo rebuscado deste belo exemplar. Olhando para ele imaginamos algo como Nova York e uma dose de uísque.
Clichês à parte, sem dúvida nenhuma falar desta divisão de luxo da Ford é falar em muita história. Tanto ela quanto a Cadillac rivalizam-se há décadas em busca daquele consumidor específico que quer gastar um pouco mais porém não pensa em modelos europeus. É a valorização do espírito americano.
Neste ano, vale ressaltar, a Lincoln completa 100 anos sob a tutela da Ford. Provavelmente teremos algo comemorativo. A linha Continental foi lançada no final da década de 1930 trazendo veículos com um acabamento diferenciado. E mais conforto.
Já o primeiro exemplar da linhagem Mark chegou o mercado em 1955. A década de 1950, aliás, é riquíssima em termos de estilo e design automobilístico. A inspiração espacial realmente produziu alguns dos carros mais incríveis da história e conseguiu alinhar todo o pensamento de prosperidade da América na época.
Agora damos um salto para os anos 1970. Foi uma década complicada sob alguns aspectos. A derrota no Vietnã foi uma delas. Mas em termos automobilísticos as crises do petróleo de 1973 e 1979 condenaram os carros com muitas polegadas cúbicas a mudanças drásticas em taxa de compressão, reduzida para diminuir potência.
De qualquer modo, a Lincoln se saiu bem. Seus modelos cheios de luxo venderam como nunca nessa época. Vale lembrar que o Mark V lançado em 1977 foi o mais bem-sucedido de toda a linhagem, com mais de 228.000 unidades comercializadas.
A ideia dessa matéria é falar sobre séries especiais. E esse carro apareceu na hora certa, pois é do mesmo ano do meu nascimento: 1979. Nesse período foram quatro séries limitadas que traziam o melhor do acabamento que o dinheiro podia comprar. Bancos, travas e vidros elétricos e o charmoso toca-fitas de cartucho, além do acabamento em madeira no painel. Falando nisso o afortunado comprador podia escolher também uma pequena plaqueta de ouro com o seu nome gravado. Mais exclusivo, impossível.
Foram apenas 2.262 exemplares lançados em 1979. O Mark V havia chegado ao mercado dois anos antes. Ele também se tornou um divisor de águas para a marca, já que foi o último dos grandes carros de sua época e também da divisão de luxo. A década de 1980 veria modelos menores e menos extravagantes.
São mais de 6 metros de comprimento por 2 metros de largura, o que faz o nosso Galaxie ficar mais comedido. Mas para o padrão das ruas de lá isso é completamente aceitável. Um dos destaques fica por conta do acabamento em azul, com bancos que mais parecem poltronas E madeira em todo o painel, além dos comandos elétricos para qualquer tipo de necessidade.
O ano de 1979 marcou a segunda crise mundial do petróleo. Dessa forma debaixo do capô temos o motor V-8 de 6,6 litros, ou 400 polegadas cúbicas, e “apenas” 179 cv. Isso porque haviam restrições ao consumo e também baixa compressão, como citado alguns parágrafos acima. Dessa forma o clássico big block teve sua potência drasticamente reduzida, fora o fato de a partir de 1974 a indústria automobilística americana ter passado a usar potência líquida no lugar da potência bruta.
Mas a melhor parte da história é guiar este verdadeiro transatlântico pelo asfalto. A maciez impressiona e a caixa automática de três marchas dá conta do recado sem maiores problemas. E sabe qual a trilha sonora escolhida? Para mim a mais perfeita seria “Fly me to the moon”. Começando o ano dessa forma confortável quero desejar a todos um excelente 2022. Vamos acelerando junto comigo em mais esta jornada.
GDB