O relacionamento de Alain Prost (foto de abertura) e a Renault parece uma novela dos anos 1970. Nesta semana a marca francesa anunciou que não renovou o contrato com o tetracampeão mundial de F-1 (1985, 1986, 1989, 1993) que há quatro anos ocupava o cargo de diretor não executivo do time de F-1 da Renault, agora conhecido como Alpine. Além do novo capítulo nessa história, a escuderia francesa vive mais um capítulo em sua fase de reestruturação, outra série de vários episódios. Espera-se que em breve o americano de origem romena Otmar Szafnauer seja anunciado como diretor da equipe, respondendo diretamente a Laurent Rossi, executivo-chefe do braço esportivo da Renault e da equipe de F-1.
A relação entre Prost e a Renault é longa e marcada por vários momentos conturbados. Eleito como piloto da vez em detrimento de Jean-Pierre Jabouille e René Arnoux, ele se destacou nas categorias de base e ganhou o apoio da imprensa francesa para ser contratado pelo time nacional. Jabouille foi o piloto responsável pelo desenvolvimento do projeto que marcou o retorno da marca à F-1, o RS01, dotado do primeiro motor turbo da da categoria,, em 1977. O ineditismo da empreitada custou anos de desenvolvimento do projeto, que venceu pela primeira vez em Dijon, com Jean-Pierre Jabouille, no antológico GP da França de 1979 em que GIlles Villeneuve e René Arnoux bateram rodas várias vezes nas últimas voltas. Em 1981 Jabouille foi substituído por Prost, que dois anos mais tarde chegou ao final da temporada disputando o título da temporada, perdido para Nélson Piquet e a equipe Brabham.
Prost continuou na equipe por mais dois anos e ao ser anunciado na McLaren, ao lado de Niki Lauda, criticou a falta de motivação da escuderia francesa. No time inglês marcou uma das rivalidades mais marcantes da história da categoria após Ayrton Senna ter sido contratado como seu companheiro de equipe para a temporada de 1988. Cansado de disputar espaço e prestígio com o brasileiro, Prost assinou contrato com a Ferrari para 1990, de onde foi desligado antes do final da temporada de 1991. Um ano sabático antecedeu sua última temporada como piloto, quando venceu seu quarto título mundial pela equipe Williams, que usava os motores franceses nos carros projetados por Patrick Head. Depois disso atuou como comentarista de F-1 da TV francesa e por duas vezes comandou uma equipe própria, sem sucesso. Desde então Prost se manteve ligado à F-1 em funções de embaixador, consultor, conselheiro e diretor não executivo, geralmente ligado à marcas francesas, particularmente a Renault e, temporariamente, a Peugeot.
Em entrevista ao jornal francês L’Equipe após o anúncio de seu desligamento da Alpine, ontem, o piloto novamente não poupou a equipe nem seu ex-superior hierárquico. Declarou que o “ambiente no time era tóxico e eu não era informado das mudanças efetuadas”. Sobre seu chefe criticou a falta de consideração e respeito a um acordo pelo qual a notícia seria divulgada conjuntamente pelas duas partes e acusou Laurent Rossi de “querer ser o centro de todos os holofotes” e finalizou dizendo que seu desligamento foi puro ciúme.
Como piloto, Alain Marie Pascal Prost tinha de capacidade indiscutível e era extremamente técnico, o que lhe rendeu o título de “Professor”. Recordo-me de um teste de inverno em Paul Ricard, onde em um dos dias de trabalho fui acompanhar parte do treino no final da reta dos boxes. Durante uma hora e meia ele fazia exatamente o mesmo traçado alternava uma volta rápida e uma volta lenta para mudar os ajustes do seu carro, algo que ele me confirmou ao final do dia.
Como dirigente e consultor, porém, o nativo de Lorette, pequena cidade na região do Loire, onde nasceu em 24 de fevereiro de 1955, jamais repetiu as mesmas conquistas. Muitos creditam ao seu modo de se relacionar com os comandados e, em muitos casos, com seus clientes, algo que não parece distante da realidade. O último capítulo de sua história com a Renault reforça essa crença.
Campeonato Paulista de Automobilismo já tem calendário
O Campeonato Paulista de Automobilismo de 2022 terá nove etapas, seis no Autódromo Municipal José Carlos Pace (Interlagos) e três no Velocittà (Nova Louzã, SP). A primeira etapa está prevista para o terceiro fim de semana de fevereiro e a última para 16 a 18 de dezembro, ambas no traçado paulistano.
Confira as datas:
1ª etapa – 18 a 20/2 – Interlagos
2ª etapa – 4 a 6/3 – Velocittà
3ª etapa – 15 a 17/4 – Interlagos
4ª etapa – 27 a 29/5 – Interlagos
5ª etapa – 15 a 17/6 – Interlagos
6ª etapa – 2 a 4/9 – Interlagos
7ª etapa – 28 a 30/10 – Velocittà
8ª etapa – 18 a 20/11 – Velocittà
9ª etapa – 16 a 18/12 – Interlagos
Fim de semana tem Festival da Velocidade em Interlagos
A edição 2022 da Mil Milhas Chevrolet Absoluta, provas de Old Stock, Opala 250 Gold Classic, Gold Turismo e ¨Carros Clássicos compõem a programação de competições deste final de semana, no autódromo paulistano. Segundo o promotor do evento as arquibancadas estão liberadas e os portões abertos ao público, sem cobrança de ingresso. A largada da tradicional corrida de resistência está confirmada para a meia-noite de sábado.
WG