O Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 2022 começa neste fim de semana, quando o circuito de Sakhir será palco do GP do Bahrein (foto de abertura), a primeira de 23 etapas da temporada caso o GP da Malásia seja confirmado como substituto do cancelado GP da Rússia. A disputa entre Max Verstappen e Lewis Hamilton, que polarizou as atenções em 2021, deverá se repetir este ano apesar da diferença de rendimento entre ambos: nos testes de pré-temporada é comum algumas equipes esconderem o verdadeiro potencial dos seus novos carros, fato que, mais uma vez, marcou o desempenho do time anglo-alemão. Das demais equipes, a Ferrari mostrou consistência e confiabilidade, e quem acompanhou os trabalhos no circuito bareinita na semana passada notou que a quantidade e intensidade de sorrisos entre os membros da Scuderia era superior ao normal. A McLaren, que brilhou nos ensaios de Barcelona, em fevereiro, encontrou muitos problemas de freios, e a AlphaTauri deu mostras de ter condições de ser a boa surpresa do ano.
Com um regulamento novo, que exigiu a construção de carros a partir do zero, e pneus de aro 18″, a F-1 promete uma temporada de surpresas, com a alteração do status quo visto no ano passado. As trocas de pneus, por exemplo, tendem a ficar mais lentas no início: o conjunto roda e pneu deste ano pesa 10 kg a mais que os usados até 2021 e a aerodinâmica dos carros permitirá disputas mais acirradas. Não foi à toa que no Bahrein muitos pilotos praticaram disputas e ultrapassagens para descobrir até onde a estabilidade dos carros foi afetada.
Conheça abaixo os carros e pilotos de cada uma das 10 equipes que vão à pista este ano.
RED BULL RACING
1 – Max Verstappen (Holanda) 11 – Sérgio Perez (México)
A Red Bull tem uma história de focar em um único piloto, e a recente extensão do contrato com Max Verstappen mostra que as chances de Sérgio Perez disputar as vitórias não serão muito maiores que no ano passado. Ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, quando o campeão mundial Lewis Hamilton preferiu usar seu número oficial (44), o holandês recupera a tradição de ostentar o número 1 em seu carro, direito reservado ao campeão do ano anterior. O modelo RB18 tem a assinatura de Adrian Newey, com a participação de Pierre Waché. O motor é o Honda usado no ano passado, devidamente melhorado e fornecido através de um acordo que mantém a ligação com a marca japonesa.
Mercedes-Benz
44 – Lewis Hamilton (Inglaterra) 63 – George Russell (Inglaterra)
Após se recusar a estar presente na premiação da Federação Internacional do Automóvel (FIA) aos campeões e vice da temporada de 2021 e admitir a incerteza em continuar competindo, o inglês Lewis Hamilton continua na ativa e vai em busca do seu oitavo título. Tão importante quanto o fato de Verstappen estar mais maduro e ter conquistado seu primeiro campeonato, Hamilton tem que considerar que seu novo companheiro de equipe, George Russell, parece não assimilar a condição de segundo piloto da mesma maneira que o finlandês Valtteri Bottas, que este ano defende a equipe Alfa Romeo Sauber. O poderio técnico na equipe liderada por Toto Wolff e a eficiência do chassi projetado por Mike Elliott podem ser seus maiores aliados.
FERRARI
16 – Charles Leclerc (Mônaco) 55 – Carlos Sainz (Espanha)
Há mais de uma década a Ferrari não consegue disputar uma temporada como consistência e resultados suficientes para lutar pelos títulos de pilotos ou construtores. Em 2021 o ambiente na Scuderia viveu mais um ponto crítico e o suíço-italiano Mattia Binotto este próximo de perder o cargo de executivo maior da marca mais famosa da F-1. Enquanto muitos apostaram na velocidade de Charles Leclerc foi Carlos Sainz quem teve a atuação mais regular e somou mais pontos para o time de Maranello. A capacidade técnica do espanhol em desenvolver o conjunto projetado por Enrico Carile e Enrico Gualtieri poderá ser a base do problema maior da Red Bull e da Mercedes durante esta temporada.
McLAREN
Melhor equipe de 2021 entre as equipes que não fabricam seus próprios motores, a McLaren vive um renascimento que deve ser creditado ao americano Zak Brown e ao alemão Andrea Seidl. O modelo MCL35B permitiu que Daniel Ricciardo garantisse em Monza 2021 a primeira vitória do time fundado pelo neozelandês Bruce McLaren desde o triunfo de Jenson Button no GP dos Brasil de 2012. Depois de brilhar em Barcelona, o carro desenhado por James Key mostrou problemas de freios nos ensaios do Bahrein, o que pode comprometer as chances do australiano e do jovem inglês Lando Norris, a aposta estratégica de Brown para garantir que a equipe se consolide entre Red Bull, Mercedes e Ferrari.
ALPINE
14 – Fernando Alonso (Espanha) 31 – Esteban Ocon (França)
A Renault optou em rebatizar seu time de Alpine, para capitalizar a imagem de desempenho superior para sua marca de esportivos e parece estar fazendo a lição de casa: para 2022 garantiu os serviços de Otmar Szafnauer, romeno educado nos Estados Unidos, que trouxe sua experiência de líder da Aston Martin e, de quebra, o patrocínio da BWT. Isso deve garantir uma estrutura mais eficiente para que o espanhol Fernando Alonso e o franco catalão Esteban Ocon explorem todo o potencial do chassi desenhada por Patrick Fry. Nos testes do Bahrein Alonso marcou o quarto melhor tempo, o que justifica seguir com atenção o desempenho do time francês nas primeiras etapas do ano para conferir tal desempenho.
ALPHATAURI
10 – Pierre Gasly (França) 22 – Yuki Tsunoda (Japão)
A equipe-satélite da Red Bull não raramente marca presença na luta pela condição de melhor equipe no segundo pelotão da F-1, aquele que exclui Red Bull e Mercedes. O modelo AT03, criação de Jody Egginton, traz um conceito próprio em termos de formas, especialmente o formato das entradas de ar para os radiadores e as carenagens laterais em torno do motor, e mostrou bom potencial na pré-temporada. O francês Pierre Gasly segue como primeiro piloto, à frente do japonês Yuki Tsunoda, que precisa mostrar mais regularidade e, principalmente, maturidade, em sua segunda temporada: o afastamento parcial da Honda, o principal apoiador de sua carreira, pode colocar em risco sua continuidade na equipe.
5 – Sebastian Vettel (Alemanha) 18 – Lance Stroll (Canadá)
O poderio econômico não garante sucesso imediato no competitivo mundo da F-1. Prova disso é que os investimentos do consórcio liderado pelo canadense Lawrence Stroll ainda não produziram um equipamento competitivo a ponto do tetracampeão Sebastian Vettel voltar a disputar os primeiros lugares. Mais: em determinadas situações andou bem atrás do seu companheiro de equipe, Lance Stroll, o filho de Lawrence. Igualmente representativo é a reestruturação interna da equipe que inclui a contratação do ex-McLaren Martin Whitmarsh e afastou o competente Otmar Szafnauer, o patrocínio da BTW e pode vitimar ainda Andy Green, projetista e criador do AMR22 que Vettel e Stroll vão acelerar este ano.
WILLIAMS
6 – Nicolas Latifi (Canadá) 23 – Alex Albon (Tailândia)
Outra equipe que luta pelo renascimento após uma série de frustrações que contribuíram para a venda do grupo para o grupo financeiro Dorilton, a Williams contratou o alemão alemão Jost Capito, egresso de um trabalho vitorioso na criação da Porsche Cup e na campanha da marca VW no Campeonato Mundial de Rali. Pragmático, Capito trouxe consigo dois colegas de confiança, François-Xavier Demaison (projetista do FW44), e o belga Sven Smeets como diretor esportivo e após duas temporadas classificada em último lugar, 2021 viu a casa de Grove terminar em oitavo, à frente da Alfa Romeo e Haas. Contratado para substituir George Russell, Alex Albon tem uma boa chance de se firmar na F-1, enquanto Nicolas Latifi segue evoluindo gradativamente.
ALFA ROMEO SAUBER
77 – Valtteri Bottas (Finlândia) 24 – Zhou Guanyu (China)
Com dois novos pilotos —Valtteri Bottas e Zhou Guanyu — a equipe Alfa Romeo Sauber espera brilhar mais por seus resultados do que pelo fato de proporcionar a estreia do primeiro chinês a disputar a F-1. Egresso do programa esportivo da Renault, Guanyu demonstrou qualidades na F-2 e na F-3, categorias que disputou nas últimas temporadas e certamente vai aprender muito com o já veterano Valtteri Bottas, que em suas temporadas na Mercedes mostrou velocidade mesclada com inconsistência. O carro projetado por Jan Moncheaux utiliza o trem de força da Ferrari e demonstrou rendimento mais do que razoável nos testes de pré-temporada nas mãos do finlandês.
HAAS
20 – Kevin Magnussen (Dinamarca) 47 – Mick Schumacher (Alemanha)
O que esperar da Haas, equipe americana que foi a primeira grande vítima da invasão da Ucrânia pelas tropas russas? Por causa da atitude nefasta de Vladimir Putin Gene Haas viu-se obrigado a romper o contrato com o piloto Nikita Mazepin e o patrocinador UralKali, empresa de fertilizantes liderada pelo pai do piloto, Dimitry Mazepin. Após três dias de negociações o dinamarquês Kevin Magnussen assinou com o time e poderá ser o elemento que vai apagar o fraco resultado de 2021, quando Mick Schumacher, que segue na equipe, e Nikita Mazepin se destacaram por resultados inexpressivos. O C-42, projetado por Simone Resta (ex-Ferrari) teve um brilhante desempenho no último dia de testes pré-temporada. A conferir.
WG