A Fórmula 1 é a categoria máxima do automobilismo. Criada em 1950, sempre reuniu os melhores pilotos e fabricantes de carros, que disputavam entre si a supremacia em circuitos desafiadores. Essa história começou com alguns pioneiros que, além da iniciativa, também tinham coragem de sobra.
A primeira grande vencedora da categoria foi a Alfa Romeo. Naquela época os bólidos eram tremendamente rápidos, como são hoje, porém extremamente perigosos. Em um campeonato era comum ocorrerem grandes acidentes e tragédias que atingiam não só pilotos como também muitos espectadores.
A equipe Alfa Romeo tinha como destaque o modelo 159, também conhecido como Alfetta. O conjunto trazia um imenso motor com oito cilindros em linha e um supercarregador para entregar 420 cv com um toque igualmente monstruoso. Uma verdadeira obra-prima da engenharia mecânica. O primeiro regulamento da Fórmula 1 estipulava que os motores poderiam ser de até 1.500 cm³ com compressor ou 2.500 cm³ de aspiração atmosférica.
Algo que deve ser salientado sobre esses pioneiros da categoria é que eram extremamente leves. Olhando imagens eles parecem potentes mas pesados. Ledo engano. O 159, por exemplo, pesava pouco mais de 700 kg. Dessa forma dá para imaginar que a relação peso-potência era muito boa, inferior a 2 kg/cv.
Por essa razão é errado afirmar que qualquer piloto atual seja tão habilidoso quanto os pioneiros. Isso porque a quantidade de provas aumentou bastante ao longo dos anos e também, felizmente, a segurança dos pilotos e também do público. Esses dois fatores fazem com que levar em conta apenas números não faz o menor sentido.
Nesse ponto chegamos ao carro da matéria. É uma recriação com chassi tubular do clássico das pistas tendo a carroceria em compósito de fibra de vidro. O modelo foi idealizado por Paulo “Loco” Figueiredo, conhecido no automobilismo brasileiro e um grande entusiasta de tudo que se move sobre quatro rodas.
À primeira vista o estilo de “charutinho” chama atenção. Realmente o desenho desses carros de corrida na época era diferente de tudo que se podia ver andando na rua. Um dos destaques é a sua aerodinâmica e forma da carroceria, além dos pneus finos e também a concepção, tanto mecânica quanto da colocação do tanque de combustível, por exemplo.
Nesse ponto vale ressaltar algo interessante nesses carros. O piloto ia sentado de maneira confortável no seu posto. No caso ele trazia um acabamento em veludo para proporcionar um bom ajuste, dentro dos padrões da época. E era só. Cinto de segurança? Apenas o das próprias calças. Além disso, no caso desta recriação, a transmissão acabou tendo que ser colocada no meio do espaço.
A escolha mecânica teve algo bem criativo. Ele juntou dois motores Alfa Romeo de quatro cilindros formando a mesma configuração do original. Os motores foram ligados entregando aproximadamente 300 cv, o suficiente para alguns passeios aos finais semana.
Outra coisa chama a nossa atenção: as oito saídas de escapamento. O original trazia um cano reto com a mesma ideia. Mas as oito bocas na lateral deram um efeito absolutamente incrível, visualmente falando, além do som único desses oito cilindros em linha italianos trabalhando em conjunto. Simplesmente magnífico.
Entrei no carro. Giro a chave geral e dou partida. O som invade todo o ambiente e nos remete verdadeiramente ao passado. O conjunto de motor e câmbio da Alfa Romeo já é conhecido e traz engates precisos. O pequeno para-brisa serve apenas como referência e pode ser abaixado.
Andando com o carro já notamos uma característica bem interessante. Apesar do tamanho o piloto tem uma visão geral do todo. Me refiro a isso também no sentido da visualização das rodas. Basta botar a cabeça pra fora e dar uma olhadinha. Tudo muito simples e objetivo. O volante é pesado e o bólido se move de maneira graciosa.
Com uma acelerada de leve o som dos oito cilindros ecoa pela rua e faz todos os alarmes dispararem ao redor. Mas apenas dando uma volta mas já é possível imaginar o nível de adrenalina desses grandes precursores do automobilismo, disputando posições e fazendo curvas no limite. A sensação do som do motor e vento no rosto é algo sensacional. E dá pra imaginar como a possibilidade de um acidente a velocidades altíssimas era algo — quase — esperado.
Uma coisa que eu acho fantástica e que deve estar ressaltada é a coragem e determinação desses pilotos clássicos. Modelos como esse Alfa Romeo chegavam a 290 km/h. Pense nisso com os pneus finos e a instabilidade natural de um carro na época. E veja o caso de Juan Manuel Fangio, que considero o maior de todos, conquistando cinco títulos por três equipes diferentes. Máximo respeito para esses mestres das pistas.
A parte de freios foi modernizada, já que o original utilizava o conjunto com tambores. São quatro discos que funcionam com precisão. O restante, assim como o ronco fantástico dessa máquina, você confere na matéria em vídeo. Até a próxima coluna!
GDB