O Salão do Automóvel é um dos momentos mais aguardados de todo autoentusiasta. Afinal, é um evento que este ano tem 500 carros exibidos sendo 150 lançamentos, e alguns antecipações de modelos que só veremos nas ruas no ano que vem. Costuma-se associar paixão com tortura e no caso do Salão é mais ou menos isso. Nossa paixão nos faz passar um um dia inteiro sob calor enorme, num amontoado de gente e quase não conseguindo ver com atenção todos os carros que queremos. Toda vez que saio de um dia de visitas no Salão estou exausto. Mas bem feliz.
E a pergunta inevitável que me faço todos os anos é qual é o carro que mais gostei. Tarefa dificílima, acredito para todos nós. Nós gostamos de carros, e não de “um” carro. Eu mesmo, até hoje, não consegui eleger um carro preferido de todos os tempos, pois isso automaticamente excluiria todos os outros. No caso do Salão eu ainda tento racionalizar algum critério para minhas escolhas e assim poder justificá-las. Mas nesse ano eu concluí que isso não seria justo tentar racionalizar minha paixão.
Então resolvi fazer a minha lista dos carros que mais gostei considerando diversos aspectos que os colocaram na minha lembrança espontânea. Alguns por um apelo mais mercadológico, que podem ser usados no dia-a- dia, racional, e outros simplesmente pela paixão despertada, emoção pura. E por favor, não entendam isso como uma tentativa de guiar os seus gostos e preferências, e sim como um momento de descontração.
Enquanto escrevia as linhas acima eu pensei em deixar o meu preferido por último. Vale lembrar que é o meu preferido até que outro tão emocionante quanto seja apresentado. E a lista não é numerada pois a ordem não importa muito, e sim o conjunto.
TOYOTA FT-1
Muitos já me conhecem de longa data e sabem que não tenho medo de expor meu conflito interior que é um duelo quase que constante entre a razão e a emoção. Com a idade e a maturidade, e muitas recomendações, hoje eu posso dizer que pendo muito mais para o lado da emoção, do coração. E por isso achei o FT-1 um carro espetacular. Seu vermelho sangue e todas as entradas e saídas de ar me fazem pensar realmente em um coração pulsante. Suas linhas remetem a muitos outros esportivos com o próprio Supra, o Dodge Viper e o Nissan GT-R (na caída do teto), mas o que importa mesmo é que ele simboliza a direção mais recente da Toyota em fazer carros com mais emoção. E a julgar pelo empenho do presidente mundial da Toyota, o Akio Toyoda, com certeza estão tentando de tudo para viabilizar sua produção. Enquanto isso, jogamos o Gran Turismo 6! Vale a pena passar ao menos 5 minutos admirando suas linhas no praticável giratório do estande da Toyota.
MERCEDES-BENZ AMG GT
Eu já tinha adorado esse carro pelas fotos, mas ao vivo ele desperta ainda mais emoção. Eu não gosto muito de certos estigmas que são adotados em alguns casos. No caso desse GT todo mundo diz que é o 911 da Mercedes. Eu prefiro ficar com o GT da Mercedes, até porque conceitualmente o carro não tem absolutamente nada do 911. Mas é inegável que sua traseira lembre um pouco a do Porsche. Mas pára por aí, pois esse Mercedes AMG tem uma identidade marcante e com certeza nos causa muito desejo. Suas linhas lisas, sem nenhuma entranha, remetem o nosso subconsciente a esportivos clássicos. Não é um carro visceral, é justamente é o oposto. Esportividade com elegância. Algo para realmente ser usado todos os dias. Coisa fina! E de quebra você ainda leva um motor V-8 4-litros com 510 cv e 66,3 m·kgf (na versão S exposta). Esse é real e deve chegar por aqui no ano que vem. Amarelo é a cor!
LEXUS RC350
Aqui tenho certeza que muitos não vão concordar comigo. Não faz mal, trata-se de emoção, e aí fica bem difícil obter um consenso. No lugar desse Lexus poderia estar o fantástico BMW série 4, ou o sexy Audi A5. Mas esses dois nós já conhecemos e vemos em tudo que é lugar. São símbolos de desejo, principalmente o BMW, que também é símbolo de excelência. Mas eu passei uns bons minutos rodeando esse RC350 e observando cada detalhe. Ele tem um desenho sem dúvida polarizador. Mas a finesse com que tudo se integra, mostrando requinte e esportividade, me cativou. E eu também adoro essa vontade de Lexus de se integrar ao círculo germânico mas sem perder sua originalidade. O problema é que o magnetismo das marcas alemãs, construído e uma história rica e focada, impede que a Lexus seja considerada como uma opção. E sabemos também que a força da marca é um componente importante no status de quem compra carros de marcas premium. Os que não concordam com minha opção por favor olhem com mais atenção esse carro. Uma pena que a Lexus ainda não definiu se trará o RC.
MUSTANG GT
Acabei de reparar que estou no quarto carro e até agora todos são cupê! Sim, são os que despertam mais emoção. Na eterna briga entre Camaro e Mustang eu já fui Camaro por muitos anos. Mais pela força que a Chevrolet tinha aqui no passado do que por qualquer outra coisa. Quando a GM lançou esse novo Camaro Transformers num momento em que o Mustang já andava cansado, eu apenas reforcei minha preferência. Mas, como eu expliquei, comecei a pender mais para a emoção do que para a razão. Então passei a ver o Camaro como um máquina precisa, extremamente calculada, mas um tanto robotizada. Enquanto isso o Mustang, mesmo sendo um carro inferior, foi melhorando aos poucos, e dando trabalho para o Camaro. E agora nessa novíssima geração, atingiu um patamar tecnológico interessante, mas acima de tudo, manteve uma conexão com a sua emocionante história. Claro que o Camaro desperta atração, e muita. Mas eu gosto da autenticidade do Mustang. Curioso é que no Salão há um modelo hardtop cupê e um conversível. Vi muita gente se deslumbrar com o conversível. Mas conversíveis 2+2 não são tão bonitos quanto os cupês de origem. O cupê que está no Salão é um lindo azul metálico, cor que está voltando com força total. Se a cotação do dólar permitir, o Mustang pode chegar aqui em 2016. E que venha o 4-cilindros turbo. Vale mencionar que meio escondidos no estande da GM há um Camaro Z28 e um Corvette C7.
FIAT 500 ABARTH
Todos esses carros aí de cima são bacanas. Mas para uso diário aqui na nossa terra não seriam muito adequados. Não escondo de ninguém a preferência do meu lado racional por “carrinhos”. De que adianta ter mais de 300 cv de potência e usar apenas, no máximo, 150? E levar todos os dias um monte de lata e plástico para passear. E no mais, a agilidade dos carros pequenos me interessa muito. Então já faz tempo que namoro o 500. Mas sempre achei que faltava ousadia nele, principalmente no visual, algo que o deixasse mais masculino. E isso está definitivamente resolvido com o escorpião que o mordeu. O Abarth está chegando por aqui este ano trazido do México — esses mexicanos são legais! Usa o motor turbo de 1,4 litro com potência de 167 cv e o torque de 23,5 m·kgf. Isso com um peso de 1.180 kg. Quer mais diversão que isso? Difícil.
VW GOLF VARIANT
Depois dos cupês e pocket rockets outra preferência minha são as peruas! Não é de hoje que sempre que temos oportunidade solicitamos aos fabricantes que incluam peruas nas suas estratégias. O papo de sempre é de que o mercado prefere ou já é atendido por suves! Mas finalmente a VW entendeu que realmente há uma oportunidade aí. Principalmente se sair na frente e se firmar como a referência do segmento como a Toyota fez com a saudosa Fielder. Então nossos hermanos do México vão nos ajudar de novo mandando peruas Golf Variant com o motor 1,4-litro turbo de 140 cv a partir do primeiro semestre do ano que vem. Enquanto isso continuamos usando a hashtag #savethewagons. O modelo exposto no Salão é uma inédita R-Line branco Sharp! Imperdível.
JEEP RENEGADE
Talvez esse seja o lançamento mais importante do Salão. Na realidade é um pré-lançamento, pois chega ao mercado no começo do ano que vem, saindo na novíssima fábrica de Goiana, no Estado de Pernambuco. A Jeep, marca em alta do grupo Fiat Chrysler Automobiles, está com uma estratégia muitíssimo agressiva e vem com uma gama completa com três versões de acabamento, duas opções de motor, três tipos de câmbio e três tipos de tração. O Renegade terá motor flex 1,8 E.TorQ ou o inédito turbodiesel 2-L MultiJet II, que foi uma surpresa. o câmbio pode ser manual de cinco marchas ou automático de seis ou nove marchas, e a tração 4×2 dianteira ou 4×4. As versões serão Sport, Longitude e Trailhawk. Confesso que o desenho dele tem algo que não me agrada por completo. O nome Renegade não combina com “bonitinho”. Mas ele traz uma herança genética inegável que o deixa muito familiar. Se é para ter um suve, que ao menos ele seja capaz de enfrentar trilhas de verdade. Aventura combina muito bem com emoção. E isso foi o que me agradou nele.
RENAULT DUSTER OROCH
Outro carro que conseguiu atrair a minha atenção foi a aguardada picape Renault. Derivada do Duster ela é maior que uma Fiat Strada e menor que uma Toyota Hilux e, assim, inaugurando um novo subsegmento o que lhe garante uma boa diferenciação. Tem quatro portas e um desenho muito interessante ainda na forma de conceito que foi concebido no centro de Design da Renault para a América Latina em São Paulo. Dada a boa aceitação do Duster podemos esperar o mesmo dessa picape. Acho que vai encontrar uma boa clientela que gosta ou precisa de uma picape mas acha as médias muito grandes e as compactas, muito apertadas.
Bem, esta foi a minha seleção. Neste ano resolvi levar apenas o meu celular. Por isso não fiz muitas fotos. De qualquer maneira sei que alguns leitores gostariam de ver o estilo PK e então aí vai uma galeria com as minhas mobgrafias.
Espero que tenham uma boa diversão no Salão, que abriu ontem e vai até o domingo 9/11, e que façam sua lista dos preferidos. Com certeza um desafio entre tantos sonhos ali expostos.
Abraço do PK