Atualmente o tempo médio para desenvolvimento de um novo veículo é de cerca de 3 anos, no passado era mais de 5 anos. E as principais ferramentas para essa redução de tempo são os computadores, os programas que conseguem simular as condições reais, e os laboratórios de testes físicos que trabalhando em conjunto com as ferramentas computacionais conseguiram dar velocidade e agilidade no desenvolvimento dos projetos.
Os computadores rodam inúmeros testes para buscar a melhor solução de material e forma de uma peça ou sistema, e subsequentemente a melhor solução é montada em um modelo mais complexo e nova simulação avalia o resultado. Chega-se ao ponto de otimizar a quantidade e localização dos pontos de solda da carroceria para obter o melhor resultado de durabilidade, segurança e ruído interno do veículo. Nessa fase virtual são gastos apenas horas de engenheiros e computadores para encontrar as melhores soluções.
Com a primeira fase concluída, os protótipos começam a ser construídos. Primeiramente os componentes e subsistemas são utilizados para testes em máquinas de última geração que conseguem reproduzir todos os esforços que esses sistemas serão submetidos quando montado no carro real. Finalizada essa parte, os veículos protótipos são construídos e é iniciada a parte final do desenvolvimento, calibração e validação.
A GM convidou os jornalistas para conhecerem algumas das atividades que estão sendo executadas no desenvolvimento da nova Montana, que deve ser lançada no primeiro semestre de 2023. E foi justamente um desse veículos protótipos, da fase final do projeto, ainda camuflado, que tivemos contato nos laboratórios do Campo de Provas da Cruz Alta em Indaiatuba, SP.
Se preferir assista primeiramente ao vídeo gravado no interior da câmara semianecóica do laboratório de Ruídos e Vibrações:
A picape cresceu
Pelo que se pode observar na aparência externa (não foi possível dirigir ou entrar no veículo), a nova Montana deixa de ser uma picape compacta e sobe de categoria. Utiliza a plataforma de veículos globais da GM de onde já saíram o Onix, Onix Plus e Tracker. O entre-eixos mais longo que o Onix sugere que o novo veículo será derivado do suve Tracker, e ao dar aquela espiada básica por baixo do veículo ficou mais clara essa derivação.
Na motorização a aposta é que será dotada do motor tricilindro 1,2-l turbocarregado com interresfriador ar-ar oriundo da família CSS Prime e batizado de Ecotec. Com duplo comando de válvulas variável na admissão e escapamento, 4 válvulas por cilindro, correia dentada embebida em óleo com 240 mil km de vida útil, construção do bloco e cabeçote em alumínio, e injeção nos dutos, deve ter a mesma potência e torque máximos do conjunto do Tracker: 132/133 cv a 5.500 rpm e 19,4/21,4 m·kgf a 2.000 rpm.
O câmbio automático de engrenagens epicíclicas de seis marchas deve ser recalibrado e ter par final ajustado para atender os requisitos de carga da aplicação em picape, e é provável que apareça câmbio manual também de 6 marchas. Aparentando o tamanho da Fiat Toro, a tração deve ser só dianteira, pois não vi cardã ou diferencial traseiro nessa espiada que dei por baixo do carro.
Definitivamente será uma picape maior do que a Fiat Strada cabine dupla, chegando ao tamanho da Renault Oroch e tentando cutucar a posição consolidada no mercado da Fiat Strada. Pelas informações passadas pelos executivos da GM, a cabine terá capacidade adequada para 5 ocupantes, e soluções inovadoras podem aparecer na caçamba para evitar o incômodo da penetração de poeira e água. Se isso for obtido, a nova Montana poderá trazer ao mercado de picapes médias parte da versatilidade que já foi vista na linha Chevrolet americana com a picape grande Avalanche (2001 a 2013), onde a cabine tinha integração com a caçamba, e carregava muito conteúdo interno dos suves Tahoe e Suburban.
Quando for possível abrir as portas da nova Montana, certamente encontraremos muita similaridade com o suve Tracker tanto pela distribuição do espaço interno quanto na tecnologia embarcada, que deve trazer todos os recursos presentes na linha de compactos da marca.
Quanto à capacidade de carga, a nova Montana deve ter valores mais altos que o Tracker (410 kg), mas para ter o conforto mais próximo de um sedã, não deve alcançar os 756 kg da antiga Montana. A meta pode ser da antiga picape Corsa (600 kg) que utilizava eixo rígido com mola laminar parabólica. Certamente os engenheiros do CPCA estão trabalhando para chegar o mais perto disso, com segurança, boa dirigibilidade e, principalmente, durabilidade. Lembrando que a capacidade de máxima de carga na caçamba tem que ser compartilhada com os 350 kg dos 5 ocupantes da cabine.
Conclusão
Como a antiga Montana já foi descontinuada, a GM não tem nada a perder em termos de mercado, portanto as aparições que já foram flagradas por aí, assim como essa pré-apresentação, fazem parte da estratégia de marketing da marca de começar a atiçar o mercado para o novo produto que chegará em breve.
Nos próximos meses a GM deverá continuar divulgando mais informações sobre o novo veículo, justamente para que os compradores que podem esperar mais alguns meses para comprar uma picape média ou compacta, assim o façam e esperem pela nova picape. Afinal, o brasileiro gosta de carros novos, e é nisso que rede de concessionárias também aposta.
GB
(Atualizada em 6/9/22 às 9h50, correção de texto, parágrafo que trata da capacidade de carga da nova Montana)