A temporada da F-1 entra em sua reta final com a disputa do GP de Cingapura, neste final de semana, onde o holandês Max Verstappen participa com chances reais de garantir o bicampeonato. A competição, que volta a ser disputada após um hiato de dois anos por causa da Covid-19, utilizará o percurso de 5.063 metros do circuito de Marina Bay é uma das mais complicadas do calendário: sua programação é concentrada no período noturno do horário local — 11 horas à frente do horário de Brasília — e a cidade-estado é famosa pela alta umidade relativa do ar.
Para mitigar esses problemas as equipes adotam soluções já consagradas, como servir refeições conforme o horário da Inglaterra (em hora de verão, quatro à frente do horário de Brasília) e incentivar seus pilotos a praticarem exercícios em ambientes fechados e com umidade semelhante à do local da prova.
A consagração de Verstappen depende diretamente de algumas combinações de resultados entre ele e os dois rivais que ainda têm chance de obter o título. O principal adversário é o monegasco Charles Leclerc, que tem 219 pontos e precisa terminar a corrida entre os oito primeiros para se manter nessa disputa, caso o holandês vença e faça a melhor volta da prova, combinação de resultados que equivale a 26 pontos. Por seu lado, o mexicano Sérgio Pérez tem que terminar em quarto lugar para continuar sonhando com o título no caso de Verstappen repetir a dobradinha de resultados já explicada.
Briga pelo título à parte, a Williams finalmente confirmou que Nicolas Latifi não continuará na equipe em 2023, o que abre uma vaga no grid do ano que vem. Entre os nomes mais cotados para substituir o canadense estão o holandês Nick de Vries e o australiano Jack Doohan. De Vries tem a seu favor a boa atuação em Monza, onde assumiu o lugar de Alex Albon quando o anglo-tailandês teve que ser internado às pressas para tratar uma apendicite. De Vries terminou em nono lugar e mostrou que está em condições de disputar a categoria, o que é bom, mas não é suficiente para confirmá-lo na equipe para 2023. Nessa disputa estão o americano Logan Sargeant e o australiano Jack Doohan. Sargeant é um piloto adotado pela Williams e pode obter a superlicença necessária para disputar a F-1.
Doohan está em situação semelhante e tem o apoio da Alpine, que alugaria a vaga da Williams para ele. Essa vaga estava reservada para Oscar Piastri, que optou por interromper sua ligação com a Alpine e assinar com a McLaren, O time francês ainda considera processá-lo para recuperar parte do prejuízo causado por essa atitude.
A chave para destravar essa combinação de resultados é a liberação de Pierre Gasly pela equipe AlphaTauri, onde Yuki Tsunoda foi confirmado para mais uma temporada. Para isso acontecer o time austro-italiano teria que garantir os serviços de De Vries ou um outro piloto experimentado, caso que abre uma porta para o australiano Daniel Ricciardo se manter na categoria. Como a Alpha Tauri ainda não é uma equipe consolidada no meio do pelotão e o próprio Ricciardo não se mostra muito interessado em estar na F-1 apenas para alinhar, seria surpreendente se isto acontecesse. Outros nomes e vagas em aberto incluem o alemão Mick Schumacher e a equipe Haas, que busca um substituo para o alemão.
Além do tópico mercado de pilotos, outro assunto que será fonte de especulação em Cingapura é o calendário da F-1 para 2023, que inclui um número recorde de 24 etapas e que vai contra os interesses das equipes. A inflação nesse índice não deve parar por aí: África do Sul e Colômbia estão em negociações para retornar e estrear, respectivamente, na categoria nos próximos dois ou três anos. No continente africano fala-se na volta do circuito de Kyalami, mas a Cidade do Cabo poderia ser escolhida por ter melhor estrutura turística. Na América Latina a proposta é para uma corrida em circuito de rua a ser montado na cidade de Barranquilla, situada mil quilômetros ao norte de Bogotá, junto a trecho final do rio Magdalena, a 7,5 km do mar do Caribe.
WG
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