Concluído o terceiro trimestre do ano, ainda não alcançamos normalização de abastecimento de chips, que permita os fabricantes manterem seus níveis de produção dentro do planejado, fato que vem se repetindo em todos os continentes. Segundo estudo publicado pela Auto Forecast Solutions, estima-se este ano que a falta de semicondutores cause impacto na produção de cerca de 4,2 milhões de veículos no mundo. Só na América do Sul serão 273 mil a menos, quase 10% da produção total projetada para Brasil e Argentina.
Na apresentação conduzida por Márcio Lima Leita, presidente da Anfavea, no último dia 7, ele mostrou-se um pouco mais otimista com relação a produção e vendas ao mercado interno, não deixando de apontar que os principais limitadores das vendas permanecem sem mudança, que são as altas taxas de juros de financiamento (27% a.a.), escassez de crédito ao consumidor e agora uma incômoda elevação da inadimplência, que atingiu a casa dos 5%.
Observou-se pequena melhora na média de licenciamentos diários no total, mas não para automóveis e comerciais leves, que subiram 1,9% em setembro, para 8.611 veículos/dia, número que podemos considerar de baixa relevância.
No total, licenciaram-se em setembro 193.978 unidades, sendo 180.836 veículos leves e 13.142 pesados. Somente automóveis foram 143.166 e 37.670 comerciais leves. As vendas diretas novamente com peso elevado, 52,6% do total, nos automóveis são quase a metade. As locadoras não diminuíram o seu apetite.
Comparando os três trimestres deste ano com 2021, o mercado de leves retraiu-se 5%, no varejo a retração bate nos 14%.
As projeções para o ano mantiveram-se inalteradas, para atingirmos os dois milhões de unidades de leves, a média diária deveria atingir 9.000 nos meses de outubro e novembro e de 11.000 em dezembro, desafiador, mas plausível. Há de se levar em conta a Copa do Mundo de Futebol que normalmente esfria as visitas às concessionárias e ocorrerá em novembro próximo.
Ranking de setembro e do trimestre
A Fiat licenciou 38.922 unidades em setembro e mantém-se na liderança, Chevrolet colada em 2º, com 29.297 veículos licenciados, VW em 3º, com 26.154, a Hyundai retomou o 4º posto da Toyota, com 16.336 unidades vendidas. No ano a marca italiana distanciou-se da Chevrolet em mais de 100.000 unidades, um desempenho convincente. Foram 306.079 unidades comercializadas, seguido da GM com 203.671, VW, com 182.403, Hyundai e Toyota bastante próximas. Interessante notar que dos dez primeiros do ranking, nada menos que oito tiveram vendas inferiores ao ano passado, a volatilidade tem sido presença constante.
De positivo temos que, depois da fusão de empresas que resultou na Stellantis, o foco em ressuscitar as marcas francesas, Peugeot e Citroën tem surtido efeito, a Peugeot cresceu 63% nos 9 meses do ano e a Citroën, 26%.
Nos automóveis o HB20 fechou novamente o mês na liderança, com 8.836 unidades, seguido do Onix, com 8.078, Onix Plus, 7.781, depois Mobi, Tracker, Argo. O compacto sul-coreano também lidera no ano, com 70.688 unidades e dificilmente será alcançado, o que seria um feito e tanto para um fabricante com dez anos de mercado. Vale notar que o Pulse superou o Renegade, no mês e no ano, dois produtos da Stellantis que não concorrem diretamente entre si, mas que sim, um roubou vendas do outro. Outro feito não menos surpreendente é o Commander figurar entre os 25 mais vendidos.
Nas picapes a Strada reina soberana, 9.908 unidades licenciadas, seguida da Saveiro, com 4.608, em seus meses finais de mercado, Toro, com 4.335, Hilux, S10. A picape compacta da Fiat (foto de abertura) lidera também o ranking geral.
Nos três trimestres, Strada fechou com 85.914 unidades, Toro com 38.746, Hilux em 3º, 33.764, S10. Observa-se que, num segmento que se retraiu em 11% no acumulado do ano, a Strada cresceu 1%. É possível concluir que ela também roubou clientes da irmã maior Toro, cujas vendas caíram 29% no ano.
Este mês tivemos dois lançamentos importantes, o novíssimo C3, que busca posicionar-se no segmento de entrada, com cara de suve e o Fiat Fastback, ambos com cobertura do AE e que devem vir mais avaliações completas nas próximas semanas.
Até mês que vem!
MAS