A BMW apresentou na semana passada para um grupo de jornalistas, em Antuérpia, cidade portuária na Bélgica, o protótipo eletrificado do X5 com célula a hidrogênio (FCV, fuel cell vehicle). A proposta destaca que o hidrogênio pode ter uma participação importante no futuro mix de energia limpa da BMW. Mas a marca bávara, apesar de estudar há muito a viabilização do hidrogênio, não é a única. Honda, Hyundai e Toyota também estão investindo em projetos semelhantes e já têm em produção o FCX Clarity, Nexo e Mirai, respectivamente,
Segundo informou o fabricante, menos de 100 iX5s serão construídos este ano. Eles farão parte de uma frota de demonstração e testes para vários órgãos reguladores governamentais e ações de divulgação mercadológica. Os engenheiros instalaram um novo piso no suve grande da marca para acomodar os dois tanques cilíndricos de hidrogênio em compósito de fibra de carbono, que foram afixados no túnel central, embaixo do banco traseiro.
A capacidade de combustível é de 7,3 kg de hidrogênio gasoso pressurizado a 700 bar, possibilitando cerca de 500 quilômetros de alcance estimado pela metodologia WTLP, o que equivale a cerca de 415 quilômetros de alcance nos Estados Unidos, de acordo com os ciclos da EPA. Instalado sob o compartimento de bagagem do iX5, o eixo motriz traseiro tem um motor síncrono do BMW iX.
Uma bateria de íons de lítio de 400 V, com cerca de 2 kW·h de capacidade utilizável, que tem a função de atuar como uma ponte de energia para a célula a combustível, auxilia na aceleração e também na recuperação de energia durante a frenagem. A célula está sob o capô do iX5 e inclui elementos de células centrais do parceiro FCV de longa data da BMW, a Toyota.
A BMW desenvolveu o resto do conjunto, incluindo o resfriador e umidificador do escapamento, que otimiza a qualidade do ar do sistema, além de um compressor para liberar rapidamente oxigênio para as membranas das células, onde ocorre a principal reação química. Segundo a BMW, isso possibilita em respostas rápidas ao acelerar e na capacidade da célula de combustível funcionar continuamente com potência máxima.
Como em todos os FCVs, a eletricidade e o vapor d’água são os únicos subprodutos produzidos no funcionamento. Na demonstração aos jornalistas foi feito o reabastecimento em uma das estações de hidrogênio de Antuérpia o que, ao contrário dos BEVs, levou apenas alguns minutos e de maneira prática, sendo fácil para qualquer pessoa que já tenha abastecido seu próprio automóvel com combustível.
Além de ser mais fácil de reabastecer, o BMW iX5 destaca os benefícios adicionais dos FCVs em comparação com os BEVs. Os veículos com célula a combustível tendem a ser mais leves, principalmente porque requerem apenas uma bateria de tamanho reduzido. A BMW informou que o peso do iX5 é semelhante ao do híbrido plug-in X5, que pesa cerca de 2.550 kg.
O BMW iX5 acelera vigorosamente em parte devido à capacidade das células de combustível de contribuir simultaneamente com energia para o motor de tração e ajudar a manter elevado estado de carga da bateria. Com potência total de 395 cv o iX5 acelera de 0 a 96,5 km/h em cerca de seis segundos e a velocidade máxima é de 185 km/h conforme divulgado pala BMW durante a demonstração da semana passada.
Outro benefício nos FCVs é que a bateria menor significa que eles requerem substancialmente menos elementos que agora estão em alta demanda, como lítio, cobalto e níquel, embora pequenas quantidades de platina sejam necessárias para a própria célula a combustível. O desempenho das células a combustível também é mais estável em temperaturas extremas, principalmente no frio.
Embora o congelamento das emissões de água dentro de uma célula de combustível possa realmente ser o problema, a BMW afirma que emprega no iX5 ar comprimido para expulsar a água residual de suas células e nos circuitos de drenagem.
Com relação ao que aconteceu com a proposta anterior da BMW, em desenvolver motores de combustão interna para funcionar com hidrogênio, questões técnicas frustraram o projeto. Chegou a ser lançado em 2006 o BMW Hydrogen 7, mas foi descontinuado três anos depois. O motor era V-12 de 6 litros e 260 cv.
A estratégia atual da BMW se baseia em tornar o hidrogênio mais prático e acessível para uso em veículos de passeio, à medida que sua popularidade em outros setores aumenta. “É tudo uma questão de tempo”, diz Oliver Zipse, presidente do Conselho de Administração da BMW, comparando o desenvolvimento desta tecnologia com a adoção mais ampla do hidrogênio ao que as baterias de íon de lítio promoveram na evolução dos BEVs.
RM