Desta vez vou contar algumas pequenas histórias, não estórias, em partes, ao volante de vários carros, estradas ou cidades. Algumas delas já contei completas aqui (e menciono datas para quem quiser conhecer os detalhes), outras falarei do principal.
IMIGRANTES
Brasília amarelo – Começo por uma história que aconteceu na subida da Imigrantes, em 1984. Na subida. Depois de visitar minha mãe no hospital, seguia pela esquerda da pista quando à minha frente, um Brasília amarelo (não aquele dos Mamonas Assassinas.; era um outro qualquer) seguindo a menos de 40 km/h, não atendeu aos meus sinais (primeiro, seta e depois faróis) de dar passagem. Não adiantou e ainda mais, o motorista ficou irritado e foi diminuindo a velocidade, até parar completamente na pista. Quero lembrar que estávamos na última faixa da esquerda da rodovia e que o Código de Trânsito proíbe trafegar a velocidades inferiores à metade da máxima. Ou seja, ele teria que andar a pelo menos 40 km/h (sabia disso?). já que no trecho inicial da subida da serra a máxima é de 80 km/h. (atualmente é 100 km/h)
E não é que o motorista desceu do Brasília e veio na minha direção com gestos pornográficos e visivelmente irritado? Não dei chance de chegar perto e saí pela direita, deixando-o para trás. Ali adiante parei diante de um policial rodoviário (era tempo em que nós os avistávamos nas estradas).
Parei e expliquei para o policial o que havia acontecido. Ele ficou surpreso, enquanto o Brasília vinha lá pela esquerda, na mesma batida de 40 km/h ou menos com uma fila de carros atrás dele.
Usando de sua autoridade, invadiu rodovia e fez o Brasília mudar para a primeira pista e parar no acostamento à direita. E o motorista, com ar de autoridade, confirmou tudo: andou a 35 km/h e parou na pista para chamar a atenção de alguém que queria correr muito.
Diante disso, o colega do policial começou a verificar o Brasília amarelo. Pneus carecas para começar. Os quatro. Pediu para ligar a seta e nenhuma funcionava. Faróis? Para quê, não é? Extintor, vazio. Quando saí do local, havia 26 infrações e a ordem de sair do carro, junto com a família (mulher e dois filhos) e a certeza de que o carro seria guinchado e a volta para casa, sabe-se lá como.
Audi A3 Turbo – Naquele início dos anos 1980, o Audi A3 Turbo era o sucesso da temporada. Seus proprietários (ou quem fazia leasing, também na moda) usavam e abusavam do turbo do carro. E eu, um dia, voltando para São Paulo, depois de mais uma visita à minha mãe (ele ficou hospitalizada em Santos por cinco meses antes de falecer), vi uma desses Audi no meu retrovisor, com o farol alto piscando furiosamente e buzinando forte. Eu estava num túnel, a 100 km/h (velocidade máxima permitida) e sem espaço para dar passagem ao “audista”.
Mas ele não queria saber, seguia atormentando. Num espaço que apareceu, dei uma reduzida no Corsa GSi e ultrapassei o carro da minha frente. Ele não “coube” no espaço e ficou para trás.
Tão logo consegui, grudou na minha traseira e achei até mesmo que ia bater. Daí, repeti a manobra por mais duas ou três vezes. Confesso que fiz com grande prazer, mas sem ser desonesto. E chegamos ao final da serra como a subimos. Eu na frente e o A3 Turbo na rabeira.
No primeiro retão do planalto, logo após o túnel 1, encostei na direita coloquei meu braço para fora e fiz o tradicional gesto de “agora pode passar”. Ele não se fez de rogado e pisou fundo. Deve ter passado no radar lá pelos 160 km/h e logo adiante foi parado por um policial rodoviário. Em seguida, passei por ele e dei uma buzinadinha e segui minha viagem dentro da máxima do trecho, 100 km/h.
Trafegava pela direita, não ultrapassava – Lá ia eu, subindo pela Imigrantes num dia qualquer. E, como os motoristas adoram seguir pela esquerda, mesmo com a pista congestionada, abaixo do limite (120 km/h)! Sabendo disso, eu sempre segui pela direita, andando no limite. Numa dessas, de novo nos tempos em que havia policiais visíveis nas estradas, um deles, ao lado da praça de pedágio, me parou, dizendo que eu estava ultrapassando pela direita.
Perguntei a ele se estava me acompanhando desde “lá de longe” e ele disse que sim. Então argumentei que não estava ultrapassando, mas sim trafegando, desde que chegara ao planalto, pela pista da direita. E obedecendo a máxima de 120 km/h.
E pedi que ele visse a velocidade dos veículos que trafegavam na esquerda. Ninguém conseguia atingir a máxima, estavam todos embolados pois todos gostam de andar na esquerda e esquecem que existem mais faixas para usar à sua direita.
O policial aceitou meu argumento e me liberou.
Aprender a usar o ABS me salvou – Essa eu já contei aqui, quando depois de ouvir os ensinamentos dos meus amigos do Campo de Provas sobre a principal utilidade do ABS — assegurar controle direcional ao mesmo tempo em que se está freando em emergência — salvei minha vida numa subida da Imigrantes, quando fechado abruptamente por um caminhão.
CL
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