Vencida a ansiedade de iniciar a temporada 2023, as 10 equipes que disputam o Campeonato Mundial de Fórmula 1 voltam à ativa neste fim de semana para disputar a terceira edição do GP da Arábia Saudita. A corrida tem como palco o circuito urbano montado na cidade de Jeddah, traçado que traz recordações capazes de fomentar muitas discussões, incluindo a segurança local. Para os times, o fim de semana é uma ocasião importante para corrigir o que foi feito de errado no GP do Bahren, domingo retrasado.
Por estar situado em uma região desértica, a chuva tem poucas possibilidades de marcar presença em Jeddah. A primeira sessão de treinos livres será a partir das 10h30 (horário de Brasília) de sexta feira e a corrida tem a largada confirmada para as 14h00 (idem), 20h00 pelo horário local. O traçado de 6.174 metros (o segundo mais longo do calendário, perde apenas para os 7.004 m de Spa-Francorchamps) está localizado à beira do Mar Vermelho, região marcada por grandes disputas culturais e políticas: no ano passado o primeiro treino foi marcado por mísseis caindo a cerca de 10 quilômetros da pista.
O traçado em si também demanda atenção especial dos pilotos por causa da falta de áreas de escape e a visão limitada de algumas curvas, tal qual Mônaco. Duas delas, as de número 8 e 10, foram alteradas após acidentes ocorridos em 2022, notadamente o que envolveu Mick Schumacher. Outras mudanças foram feitas nas curvas 14 e 20 e a sequência entre as 21-22-23, que abre o terceiro setor, local de outro acidente do alemão, em 2021.
Equipes se movimentam
Há tempos que Ferrari, Mercedes e Red Bull polarizam os três primeiros lugares, situação que este ano está ameaçada pela Aston Martin. Certamente uma visão mais clara sobre o potencial de cada equipe só ficará mais nítida quando começar, de fato, a temporada europeia, dia 21 de maio, com o GP da Emilia-Romagna, em Imola. Até lá os traçados de Sakhir (Bahrein), Jeddah (Arábia Saudita), Albert Park (Austrália), Baku (Azerbaijão) e Miami (EUA) são todos de pistas urbanas e não permanentes.
Ferrari e Mercedes ainda procuram o caminho das pedras para vencer a distância que as separam da Red Bull, que dominou o GP do Bahrein. A Aston Martin vive um período de euforia, algo que pode consolidar o time inglês como terceira força da temporada. A Scuderia confirmou que o chefe de aerodinâmica, o franco-espanhol David Sanchez, a deixou e que, tudo indica, deve retornar à McLaren, de onde saiu há cinco anos. Os problemas vividos em Sakhir, onde Leclerc parou com pane no motor e Sainz sofreu com o desgaste dos pneus, foram atribuídos à “juventude” do chassi SF23. A saída de Sanchez é o episódio mais recente da reestruturação que se vive em Maranello: Depois de Mattia Binotto deixar a direção da Scuderia no início do ano, Jonathan Giacobazzi, Gino Rosato seguiram o mesmo caminho e a imprensa italiana especula sobre o futuro de Laurent Mekies e Inaki Rueda.
Quando questionado sobre as chances de a Mercedes retornar ao topo da classificação, o todo-poderoso Toto Wolff consolida sua fama de cético ao lembrar que “há muito tempo deixei de sonhar com milagres”. Segundo ele, o asfalto menos abrasivo de Jeddah poderá contribuir para o melhor desempenho de Lewis Hamilton e George Russell, que terminaram em quinto e sétimo lugares, respectivamente,
A situação é ainda mais complicada para a McLaren: a equipe comandada por Zak Brown não marcou pontos em Sakhir e o desempenho do McL-60 está abaixo das expectativas. De acordo com Andrea Stella, atual “team principal” do time fundado por Bruce McLaren, “a demora em terminar o novo túnel de vento, que está em fase de calibração, não justifica a situação atual. Creio que poderíamos ter feito um trabalho melhor apesar disso.
WG
(Atualizada em 15/3/23 às 19:15, legenda da foto abertura corrigida, Jeddah é banhada pelo Mar Vermelho)
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