Se você rodar 52,6 km todos os dias, todos mesmo( !), durante 26 anos ao final terá alcançado essa marca. Ou um pouco mais de 1.580 km por mês. todos os meses!
Ou seria como dar 12,5 voltas ao redor da terra pela linha do equador. Ou ir até a lua e já estar com 30% do caminho de volta feito.
É uma enormidade, Indubitavelmente.
Foi essa “marca” que meu amigo André Pitkowski (@andrepit no Instagram) percorreu com seu Land Rover Defender 110 ano 1996, adquirido zero km em 1997 e ainda em inacreditável estado de originalidade. Ou seja, um carro de único dono.
E completou esses 500.000 km em grande estilo e com muitos amigos. Numa história magistralmente registrada e contada pelo Ricardo Pocholo (@ricardopocholo no Instagram) do Canal Serial Trippers no YouTube, cujo vídeo ilustra essa matéria ao final.
Vale a pena assistir ao vídeo e conhecer a história, que eu conheci num bate-papo com o André em agosto do ano passado (2022) e, desde então, começamos o planejamento para poder divulgar e contar essa história. Afinal, quantos veículos “único dono” com 500.000 km e há 26 anos rodando você conhece?
Conheci o André em 1986, quando eu ainda trabalhava na área de tecnologia (chamado de “informática” àquela época), setor ao qual ele ainda desenvolve sua carreira profissional. Naquela época eu sequer imaginava ter o off-road como hobby, quanto mais ter uma extensa carreira profissional nesse segmento, que esse ano completará 25 anos. Mas, através dele, fui apresentado ao universo do movimento dos Jeep Clubes, que mal havia começado naquele longínquo 1986. Ele comentava sobre suas aventuras, sobre seus amigos, sobre seus “perrengues” com seu Willys CJ3-B, o famoso jipe “cara de cavalo” (ele tinha um capô elevado em relação ao seu antecessor, o CJ2, por adotar um motor diferente e mais “alto”, sendo necessário essa adequação — ou seria “adaptação?— o que deixava a frente do Willys mais alta em termos de proporção, assemelhando ao perfil de um cavalo, ou seja, fino e alto).
E a verdade é que aquilo me fascinou e mexeu bastante comigo, já apaixonado por carros e tudo o que “girava” e se mexia! Maas ainda nos meus 20 anos com pouco acesso a esse novo universo. Tanto que poucos anos depois, mais exatamente no final de 1989, eu já dava meus primeiros passos — ou seria “aceleradas”— nas trilhas da Serra da Cantareira em São Paulo, mas ainda montado numa motocicleta: uma novíssima e novidade de mercado Honda NX-150.
Voltando, pouco tempo depois, já em 1987, me afastei do André ao trocar de emprego (na verdade, iniciar minha carreira de empreendedor) e seguimos por rumos diferentes. Até que, muitos anos depois, reconectados pela atividade off-road em comum, voltamos a nos encontrar e ele já com seu atual Defender, objeto do vídeo e dessa matéria. E assim, de tempos em tempos, sempre nos eventos off-road, nos encontrávamos.
Até que, como citado acima, em agosto do ano passado nos falamos, perguntei do seu Defender e ele, então e muito despretensiosamente, me contou que estava prestes a completar 500.000 km. Foi quando, depois de um encontro para falarmos sobre isso, decidi que havia ali uma história rara — quase única — e que merecia ser contada.
E ainda mais, ser conhecida pelos entusiastas dessas máquinas maravilhosas que são os automóveis e toda sua riqueza de opções de uso, como é o caso do off-road em veículos 4×4 e de quem se entende por overlander (quem gosta de viagens terrestres por longas distâncias, resumidamente). Foi nesse dia que tive a alegria de fazer a foto a seguir com o meu Defender prata (um modelo 110 de ano 2005, último ano de fabricação brasileira) e o Defender verde dele (um modelo 110 de ano 1996, de fabricação inglesa para o mercado africano, que acabou desembarcando por engano aqui no Brasil – no vídeo essa história também é contada).
A partir desse dia começamos a pensar e “planejar” o que seria o “evento” para marcar a “virada” do hodômetro, o momento mágico de 499.999 virar 500.000km rodados, ao longo de 26 anos de parceria. Num primeiro momento, dado o que o André estava rodando semanalmente em média àquela época, pensamos que o evento deveria acontecer por volta de outubro ou novembro. O que, naqueles dias parecia ótimo, pois, eu estava prestes a ir para minha participação no Rally dos Sertões de 2022 — que seria e foi o maior rali do mundo — e na volta daria o tempo correto para nosso planejamento final, depois de identificar os parceiros para fazer tudo acontecer.
No entanto, duas coisas aconteceram: eu voltei do Rally dos Sertões com um grave problema de saúde (importante citar que o rali não teve nenhuma interferência no que aconteceu) e fiquei internado por 40 dias e, posteriormente, em recuperação pesada até o final de 2022; e o André alterou sua rotina de utilização do carro, rodando bem menos a cada semana, de forma que a “nova” previsão é que o hodômetro estivesse perto da virada apenas em janeiro ou fevereiro de 2023.
Assim, e de forma bem resumida, fomos nos falando e determinamos que o ideal seria fazer a gravação no dia 5 de março de 2023, um domingo —que amanheceu bonito, ensolarado e agradável. Para “fechar” o evento, Faltava estabelecer as parcerias principais: produção do vídeo e o espaço para reunir os amigos e celebrar essa história e esse dia. O Ricardo Pocholo logo se mostrou um entusiasta e empolgado com a ideia para produzir o vídeo e publicar no seu canal “Serial Trippers,” que já conta com mais de 100.000 seguidores. E o Bigo Berg, um famoso e conhecido entusiasta e colecionador de veículos Land Rover antigos — e atuais, disponibilizou seu espaço chamado de “Rusty Barn” (celeiro da ferrugem em inglês), onde existe uma espécie de condomínio de empresas e artesãos dedicados ao restauro de veículos antigos, para que pudéssemos realizar a reunião, confraternização e gravação. Não poderia ser mais perfeito!
Ao final, apresentamos o vídeo que foi gravado no dia do evento e com a tão esperada e emocionante “virada do hodômetro”, onde é possível vivenciar toda a alegria — e emoção mesmo — do André no exato momento em que acontece — real e verdadeiro!
Espero que gostem.
Assista ao vídeo de 20’39”:
Parabéns ao André Pitkowski e todos os incontáveis malucos — do Brasil e do mundo — que ainda são apaixonados e preservam seus Defenders por muitos e longos anos.
O vídeo foi publicado no YouTube no último dia 4/04, que é conhecido como o Dia do 4×4, dos jipes (de todas as marcas) e dos off-roaders. Portanto, esse vídeo é, também, uma belíssima homenagem a todos que vivenciam, curtem e se apaixonam por esse “mundinho” movido a tração nas quatro rodas e muito senso de liberdade e aventura.
Abraços 4×4.
LFC