Procurando ressaltar suas origens pioneiras como fábrica de carros de corrida, que o sucesso nas pistas transformou em marca de esportivos muito desejados, a Ferrari criou o programa XX para desenvolver versões especiais com foco exclusivo nas pistas, sem restrições e nem preocupações com a devida homologação para circular em ruas e estradas.
Assim, como a maior parte dos primeiros clientes da fábrica de Maranello eram “Gentleman Drivers”, que compravam seus carros para participar de competições automobilísticas, há proprietários de modelos Ferrari atuais que preferem rodar com seus esportivos somente em eventos privados nas pistas organizados pela própria Ferrari, ou por clubes de automobilismo.
Após o FXX, baseado no modelo Enzo e lançado em 2005, a Ferrari desenvolveu o 599XX, em 2010, e o FXX K com base no LaFerrari, em 2017. Todos destinados exclusivamente para rodar em circuito fechado. Agora, a Ferrari modificou o programa ao lançar as versões SF90 Stradale XX e SF90 XX Spider, baseadas no SF90 Stradale, lançado em 2020.
Ao contrário das versões especiais anteriores, os novos modelos também são homologados para rua e estrada sem perder, entretanto, características de desempenho em pista. Com produção limitada a 799 exemplares da Belinetta e 599 do Spider, Os híbridos de pligar são os mais potentes da atual linha comercial da marca, com 1.030 cv, 30 cv mais do que o SF90 Stradale.
O trem de força é composto pelo motor V-8 central-traseiro de 4 litros, biturbo, de 797 cv, e três motores elétricos, sendo dois no eixo dianteiro e um montado entre o motor a combustão e a caixa de câmbio na traseira, que fornecem potência extra máxima de 233 cv pelo sistema patenteado Extraboost, novidade em modelo Ferrari de série.
A bateria de íons de lítio do SF90 XX Stradale proporciona alcance de 25 km no modo totalmente elétrico. Mas, além disso, com o motor a combustão desligado, o modo elétrico pode oferecer desempenho surpreendente, tanto em trechos urbanos quanto em estradas, podendo alcançar no modo eDrive velocidade máxima de 135 km/h.
O V-8 turbo, que no SF90 Stradale tem potência de 780 cv, ganhou 17 cv a mais nas versões XX. A eficiência foi obtida pelo retrabalho nos cabeçotes com usinagem específica das câmaras de combustão, taxa de compressão aumentada e novos pistões. O uso de novos materiais melhorou a acústica do sistema de escapamento resultando em amplificação do som do motor.
Para produzir som ainda mais completo e rico e celebrar os harmônicos em toda a faixa de rotações do V-8, o sistema de tubo quente foi otimizado. Isso transmite pulsações da combustão para a cabine, destacando as frequências mais altas. O ressonador está agora mais próximo do motor para criar uma harmonia mais rica e aumentar a intensidade do ronco.
O seletor “eManettino” (pequena chave giratória) no volante de direção comanda os quatro modos de tração. No modo eDrive, com o motor de combustão desligado, a tração é somente dianteira acionada pelos dois motores elétricos. No modo Híbrido, o sistema gerencia as transições automaticamente, mas procurando esgotar a carga da bateria com a finalidade de maximizar o alcance.
Já no modo Desempenho, o motor de combustão interna é fundamental para manter o desempenho consistente, mas sem que o sistema atinja toda a potência, enquanto no modo de Classificação, o sistema libera a potência máxima total priorizando o desempenho, o que é obtido com a nova função Extraboost.
Conforme destaca a Ferrari, a transição do modo elétrico para o híbrido é extremamente suave com coordenação entre o eixo dianteiro elétrico, a caixa de câmbio dupla-embreagem de oito marchas, o motor elétrico montado na traseira e o motor V-8. Isso, por sua vez, garante aceleração progressiva e contínua e disponibiliza toda a potência do trem de força o mais rápido possível.
O gerenciamento de tração foi projetado para operar no limite máximo entre aderência e a patinagem, com a versão mais recente do sistema Side Slip Ferrari, que controla o sobre-esterço ao se dirigir rápido. Já o novo sistema ABS Evo, lançado no Ferrari 296 GTB, de gerenciamento by-wire, ajusta a carga em cada roda nas frenagens fortes para manter a estabilidade e facilitar a entrada do carro nas curvas.
Outra novidade é o controle de força extra que garante potência adicional em curto espaço de tempo. Esta função do software só fica ativa quando o eManettino está no modo Classificação, produzindo um aumento extra de potência no momento crítico em que o carro está saindo de uma curva, algo que melhorou o tempo da volta em 0,25 s nos testes em Fiorano.
O SF90 XX Stradale e o SF90 XX Spider têm a mesma caixa de câmbio 8-marchas de dupla embreagem, que apareceu pela primeira vez num Ferrari no SF90 Stradale. No entanto, o modo de troca de marchas utiliza o sistema patenteado introduzido no Ferrari Daytona SP3, que proporciona aceleração mais rápida.
Conforme destaca a Ferrari, o SF90 XX Stradale tem o mais eficiente desempenho aerodinâmico já alcançando em seus modelos de série, com o dobro da força descendente máxima do SF90 Stradale, melhorando a aderência e proporcionando um tempo de volta bem mais rápido nos testes realizados na pista da fábrica em Fiorano.
Isto é proporcionado pelo grande aerofólio na extremidade traseira, algo estranho de se ver em modelos Ferrari de série, que proporciona força vertical na traseira o máximo absoluto possível: 315 kg a 250 km/h. Além disso, o defletor dianteiro, maior e mais largo do que no SF90 Stradale, gera na dianteira força descendente superior a 45 kg a 250 km/h, segundo a fábrica.
A nova disposição da seção inferior da carroceria também foi otimizada para garantir uma melhor extração do ar proveniente dos radiadores à frente das rodas dianteiras. O difusor traseiro foi desenvolvido para garantir uma contribuição fundamental para gerar força vertical altamente eficiente, com o desenho cuidadoso do bordo de fuga em torno do volume de expansão.
Ainda, conforme destaca a Ferrari, a estreita relação sinérgica entre o centro de estilo e o departamento técnico foi muito importante no objetivo de aumentar a força vertical. E uma das características distintivas do design da Ferrari SF90 XX Stradale é a asa traseira. Já o conceito de dianteira em forma de flecha foi mantido no SF90 XX Stradale.
O SF90 XX Spider com as mesmas soluções aerodinâmicas do SF90 XX Stradale, com o interior desenvolvido para proporcionar conforto aos ocupantes com a capota abaixada. Esta consiste do teto rígido retrátil Ferrari, com painéis de alumínio, que abre e fecha em apenas 14 segundos, além de poder ser acionada a até 45 km/h.
Internamente a preocupação foi destacar a vocação de corrida no habitáculo com soluções para proporcionar redução de peso significativas, como os bancos com estrutura tubular e moldados com compósito de fibra de carbono visível e suportes de almofadas projetados para aumentar o prazer de dirigir de maneira esportiva, sem comprometer o conforto.
Na Europa o SF90 XX Stradale Berlinetta tem preço básico definido em € 770.000 (R$ 4 milhões na conversão direta), sem opcionais. Já a versão Spider custa € 850.000o (R$ 4.44 milhões.
RM