Em uma reunião online com analistas de mercado, Mary Barra, executiva-chefe da General Motors (foto), confessou estar “decepcionada” com o progresso nas vendas de veículos elétricos pela GM este ano, apesar de afirmar estar “otimista em relação ao próximo ano”, como detalhou o site da revista Autoweek. Mas ela não manteve a promessa, feita há dois anos, de que a GM venderia mais de 1 milhão de veículos elétricos no mercado americano no início do ano..
A reunião de emergência, na semana passada procurou acalmar analistas de Wall Street devido à forte queda no valor das ações da GM, em cerca de 15%, desde o início de 2023, para US$ 28 por ação, bem abaixo do valor “alvo” dos analistas de US$ 42 por ação. Para tranquilizar o mercado, Barra informou que a empresa investiria US$ 10 bilhões em recompra de ações, além de garantir aumento de 33% nos dividendos aos acionistas em 2024.
Em resposta à esta recompra de ações e aumento na distribuição de dividendos, as ações da corporação subiram mais de 10%, para cerca de US$ 32. Mesmo assim, todas as ações da GM valiam pouco mais de US$ 43 bilhões, enquanto o valor de mercado da Tesla era de US$ 786,3 bilhões, no mesmo dia (4/12). Mary Barra disse ainda que espera aumento na produção de elétricos, além de redução nos custos de produção em 2024.
Mas os números de vendas de elétricos por parte da companhia continuam decepcionantes. Até o final de setembro, a GM tinha vendido apenas 56.414 desses veículos nos Estados Unidos, sendo 49.494 do Chevrolet Bolt, ainda no arcabouço antigo, enquanto o Cadillac Lyriq vendeu 5.334 unidades e a GMC vendeu 1.216 Hummers. Já a Chevrolet vendeu 18 Silverados e 19 Blazers, elétricos. Enquanto a BrightDrop vendeu 333 furgões Zevo 600.
A GM também informou que perdeu cerca de US$ 1,3 bilhão durante a greve dos trabalhadores da indústria, que afetou principalmente a produção das picapes médias Chevy Colorado e GMC Canyon e dos suves Chevrolet Traverse e Buick Enclave. Por isso, o lucro antes do imposto de renda deverá ficar na faixa de US$ 11,7 a US$ 12,7 bilhões, pouco abaixo das expectativas anteriores de US$ 12 a US$ 14 bilhões.
Embora Mary Barra continue prometendo “um futuro totalmente elétrico” para a GM, fonte da empresa destacou a “maior rentabilidade dos modelos de motor de combustão interna” na reunião com os analistas. Seus recém-lançados suves com motor a combustão — o Traverse e o Enclave — “são mais lucrativos em termos de margem bruta do que os modelos que eles substituíram”. O que, segundo fontes da GM, poderá ajudar a pagar “esse” futuro totalmente elétrico.
Por outro lado, o site da revista Car and Driver divulgou informação com base em memorando de planejamento interno da Ford, obtido pela revista Automotive News, detalhando que a fábrica deverá reduzir a produção da picape elétrica F-150 Lightning no próximo ano, provocado pela “mudança na demanda do mercado”. Em comunicado na última segunda-feira (11/12), a Ford disse que “continuará a adequar a produção à demanda do cliente”.
No memorando divulgado pela Automotive News, a Ford teria detalhado aos fornecedores que programassem sua produção para um volume médio de 1.600 Lightning por semana no Rouge Electric Vehicle Center em Dearborn, a partir de janeiro de 2024, ou seja: a metade da capacidade total da linha de 3.200 modelos Lightnings semanais previstos pela Ford, que tinha a projeção inicial de produzir 150.000 unidades do modelo por ano.
Ainda, segundo a Car and Driver, a taxa de crescimento nas vendas de veículos elétricos entrou recentemente em uma espécie de calmaria no mercado americano, o que forçou os fabricantes de automóveis a se retraírem no investimento em veículos elétricos. A Ford, inclusive, em outubro suspendeu de maneira temporária um dos três turnos da fábrica da F-150 Lightning, mudança que afetou cerca de 700 trabalhadores.
Mesmo assim, a Ford diz estar conseguindo aumentar lentamente as vendas da F-150 Lightning. Até novembro deste ano a empresa vendeu 20.365 picapes elétricas, um aumento de 54% em relação ao ano passado. Porém, baseando esses números na produção e vendas totais da Ford no segmento de picapes, eles representam muito pouco, já que a marca vendeu um total de mais de 190 mil picapes somente no terceiro trimestre deste ano.
Já na avaliação da revista MotorTrend, o principal motivo para esta redução se deve a preços-base elevados, que são uma barreira. Segundo a publicação, a marca não tem ninguém para culpar a não ser ela mesmo. Isso porque a Lightning tinha preço inicial previsto de US$ 41.669, quando foi apresentado em maio de 2022. Mas esse preço era uma miragem: a picape passou a custar US$ 52.000 quando chegou as concessionárias da marca.
Além disso, logo a Ford impôs à F-150 Lightning uma série de aumentos de preços, diminuindo um pouco mais o apelo do consumidor comum. O preço da Lightning Pro aumentou US$ 20.100 sobre o preço-base original, segundo a MotorTrend. A Ford tentou contornar o problema em julho deste ano reduzindo o preço da Pro em quase US$ 10.000, para US$ 51.990 — mas ainda muito longe dos US$ 41.000 prometidos inicialmente.
RM