Difícil escrever sobre a passagem de alguém tão próximo. Pior ainda é quando se trata de uma pessoa do bem e com quem convivi pouco pessoalmente, mas intensamente nos poucos momentos que desfrutamos juntos. É em momentos assim que valorizamos qualidades e oportunidades exemplares.
Por acaso dos acasos estou distante geograficamente do fato em si, mas profundamente envolvido com a perda de uma pessoa querida por muitos que leram sobre ele e por todos que prezaram da sua companhia, ainda que brevemente.
Lembro de um dia em que levei Gil de Ferran ate a sede da Hawtal Whitting, uma empresa inglesa que desenvolvia protótipos para a indústria automobilística. Gil estava negociando sua transferência para o automobilismo americano e a pedido do amigo Enrique Scalabroni o levei para conhecer o projeto da equipe de Fórmula 1 que o japonês Tetsu Ikuzawa desenvolvia naquela empresa baseada em Southampton. Gil e Scalabroni conversaram por horas e eu, ao lado, aprendendo com ambos.
No mês passado entrevistei Gil para a revista Curva3, encontro facilitado pelo amigo comum Amândio Ferreira. Reencontrei o mesmo cara afável, atencioso e didático. Contou-me que o seu segundo stint na equipe de F-1 foi a convite de Andrea Stella e Zak Brown. Seis meses após retornar ao time o rendimento da equipe melhorou exponencialmente, segundo ele “fruto de muito trabalho, pois não existe bala de prata”.
Se existe algo bom nessa perda incomensurável é que a família do automobilismo mundial está amparando a esposa Ângela e os filhos Anne e Luke. Junto com eles, Brown , Stella e toda a equipe McLaren sentirão falta de Gil, quase tanto quanto o amigo Amândio “Gigante” Ferreira que perdeu o seu parceiro “Gilberto”.
Requiascat in pace, Gil.
WG.