Sexta-feira passada (23/8) houve uma homenagem muito bonita ao grande piloto brasileiro de F-1 José Carlos Pace, o “Moco”. Depois de muitas depredações e roubos em seu túmulo no cemitério do Araçá, em São Paulo incluindo a placa de bronze, já comentadas neste espaço, os restos mortais do piloto, falecido em 18 de março de 1977 num acidente de avião, no qual pereceu também o piloto santista e seu grande amigo Marivaldo Fernandes, foram exumados e sepultados no autódromo que leva seu nome.
A iniciativa partiu de Paulo “Loco” Figueiredo, presidente da Comissão Nacional de Veículos Históricos da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) com a ajuda do jornalista Ricardo Caruso, da família Pace (a viúva Elda e seus filhos Rodrigo e Patrícia) e de outras pessoas, como o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes e o diretor do autódromo, Marcelo Pinto. “Foi um grande desafio, pois foi necessário sincronizar a data de exumação no cemitério com a agenda do autódromo. Contamos com total apoio, este fim de semana, do Dener Pires, presidente da Porsche Cup. Ele sabe da importância de Pace para nosso automobilismo e comprou a ideia na hora”, disse.
O local não poderia ter sido melhor, logo atrás do busto de Pace, no portão 7 do autódromo no bairro de Interlagos, zona sul de São Paulo. O formato da solenidade também foi muito emocionante. Um carro funerário levou a urna até o autódromo onde amigos e família se reuniram para uma cerimônia religiosa (foto de abertura) que contou com a participação de um pastor e do ex-piloto Alex Dias Ribeiro. Também falou ao público a viúva de Wilsinho Fittipaldi (falecido recentemente aso 80 anos), Rita, que contou algumas passagens muito emocionantes da grande amizade entre os dois pilotos.
Estiveram lá, além do próprio Paulo “Loco”, Fábio Greco, presidente do Conselho Técnico-Desportivo Nacional (CTDN) da CBA e Sérgio Berti, membro do CTDN, e nomes do automobilismo nacional como Paulo Gomes, Alex Dias Ribeiro, Chico Lameirão, Almir Donato e Augusto Tolentino, entre outros.
Depois da cerimônia, Rodrigo Pace assumiu o volante do Karmann-Ghia-Porsche 1967 de competição com carroceria de compósito de fibra de vidro da antiga equipe Dacon com o qual Pace correu com Emerson e Wilson Fittipaldi Jr. — o macacão e o capacete de José Carlos Pace também foram levados à cerimônia. No carro, também estavam Maurício Marx, colecionador e atual proprietário do carro e os restos mortais de Moco. Rodrigo entrou na pista do circuito do autódromo para dar uma volta, seguido pelos carros dos presentes, entre os quais estava esta escriba.
Como já comentei neste espaço, tenho parentesco com a família Pace de quem gosto muitíssimo e com a qual mantenho um vínculo de amizade — além de muita admiração pelo Pace, a quem considero um dos grandes pilotos do automobilismo brasileiro. O detalhe que deu um toque extra ao ambiente foi que estavam se realizando treinos da Porsche Cup, que seria disputada no final de semana e o tempo todo ouvimos os roncos dos motores. Acredito que não poderia ter havido trilha sonora melhor para um momento desses.
Confesso que me emocionei o tempo todo, mas dar a volta na pista do autódromo, com bandeiras dos sinalizadores sendo agitadas à passagem dos carros, foi muito tocante. Rodrigo passou com o Karmann-Ghia-Porsche e recebeu a última bandeira quadriculada antes que Pace fosse para seu novo descanso. Depois disso, voltamos todos enfileirados para o local onde os restos mortais do piloto seriam sepultados. Agora o Brasil tem o único autódromo de F-1 do mundo onde há o túmulo de um piloto da categoria e que tem o seu nome.
“O que me motivou a ter essa iniciativa é a minha busca constante pela preservação da nossa história, nossos feitos, nossos carros de competição e honrar tudo que já foi realizado pelos pelo automobilismo que tanto amamos. É o esporte que eu vivo desde sempre. Meu pai foi piloto de teste da Simca, ou seja, eu nasci no autódromo, cresci vendo José Carlos Pace, Emerson e Wilson Fittipaldi Jr., Bird Clemente, Luiz Pereira Bueno e tantos outros. O mínimo que eu posso fazer é preservar história dos meus heróis”, disse Paulo “Loco”.
Além do tributo, a mudança também deve trazer mais segurança. “A expectativa da família é de que, finalmente, nosso herói possa descansar em paz, pois o túmulo onde estava já havia sido alvo de vandalismo, furtos e outros atos de desrespeito. Então, agora, eu também me sinto com a sensação de missão cumprida’, disse Paulo “Loco”.
A carreira de Pace, que poderia ter sido campeão justamente no ano em que morreu, é de um total de 73 grandes prêmios em seis temporadas tem vários destaques: a vitória histórica em Interlagos em 1975; uma pole-position, cinco voltas mais rápidas (incluindo na Áustria, a pista de maior velocidade daquela época, e Nürburgring, a mais difícil); seis pódios e 58 pontos no total. E
Em 1985, a Prefeitura de São Paulo, proprietária do autódromo, homenageou postumamente Moco rebatizando-o com o seu nome, Autódromo Municipal José Carlos Pace. Foi também colocado o busto atrás do qual ele está hoje e uma nova placa (Foto Pace nova placa).
José Carlos Pace completaria 80 anos no próximo dia 6 de outubro. No dia 26 de janeiro de 2025 comemorou-se os 50 anos de sua vitória com o Brabham-Ford BT44no GP do Brasil de Fórmula 1 de 1975..
Mudando de assunto: como fã de automobilismo e, claro, argentina, não quero deixar de registrar a entrada do meu compatriota Franco Colapinto na Williams, substituindo Logan Sargeant. Não terá um carro competitivo e serão somente 9 provas, mas espero que consiga demonstrar qualidade para poder ir para um time, de forma definitiva, no ano que vem. É difícil, mas não impossível.
NG
A coluna “Visão feminina” é de exclusiva responsabilidade de sua autora.