O Laboratório de Engenharia da Ford em Dearborn, nos EUA, um dos edifícios mais antigos e importantes na história da marca, completou 100 anos. Inaugurado em 1924, ele se tornou um símbolo da inovação tecnológica da indústria automobilística, onde nasceram ícones como o Modelo A de 1928, o motor V-8 flathead de 1932, o Lincoln Continental de 1939, o Ford 1949 e o Escape Hybrid. Hoje, após grandes restaurações e modernizações, o edifício faz parte da transformação do campus da empresa.
O objetivo do Dearborn Engineering Laboratory, como era chamado originalmente, era “tornar a aplicação da força motriz às necessidades humanas mais ampla, eficiente e econômica”. Assim, foi equipado com todas as ferramentas e recursos necessários para projetar e testar um veículo do começo ao fim.
O edifício foi projetado pelo renomado arquiteto Albert Kahn, de Detroit, que também desenhou vários outros edifícios da Ford, incluindo a Rotunda e a fábrica de Highland Park. Com 365 metros de comprimento por 62 metros de largura, era um dos maiores escritórios com espaço aberto da época. Os banheiros ficavam localizados no porão para liberar mais área de trabalho. Nos tetos arqueados, cerca de 20.000 metros quadrados de janelas de vidro permitiam a entrada da iluminação natural.
Evolução do laboratório
O prédio com tamanho equivalente a dois quarteirões teve a construção iniciada em 1923 e recebeu os primeiros ocupantes no final de 1924. Em 1954 ele foi ampliado em 47.500 metros quadrados, como parte de uma multimilionária expansão da área de pesquisa e engenharia da Ford.
Outra grande reforma ocorreu no final da década de 1970. O nome do prédio também mudou, de Ford Engineering Lab para Engine and Electrical Engineering (Laboratório de Motores e Elétrica) para se alinhar ao novo foco na década de 1950. No final da década de 1990, o prédio passou a abrigar também os escritórios de trem de força e se tornou o Powertrain Operations and Engine Engineering (Operações de Trem de Força e Engenharia de Motores).
Na frente do edifício, marcada por enormes colunas de pedra, Henry Ford dedicou um espaço para homenagear cientistas e inventores notáveis da época, como Thomas Edison, Charles Darwin e Alexander Graham Bell. O reconhecimento a esses criadores pela sua contribuição ao avanço das artes e das ciências era uma forma de inspirar os engenheiros e designers que trabalhavam lá. A coleção incluía também estatuetas representando a agricultura, a manufatura e o transporte.
Henry Ford tinha escritórios em vários edifícios da Ford, mas diz-se que o do laboratório era o seu favorito. Tanto que o local foi apelidado de “Caixa de Brinquedos de Henry Ford”, onde ele guardava inúmeros artefatos, máquinas, móveis e outras peças que mais tarde serviram de base para o The Henry Ford Museum of American Innovation.
O edifício tem também outras curiosidades, como um salão de dança onde os executivos eram incentivados a aprender quadrilha, dança folclórica americana. O grande cofre do prédio guardava a folha de pagamento da empresa nos primeiros anos e uma coluna interna ainda mostra as marcações de altura de vários membros do time de Henry Ford em 1938 — como ele fazia para medir o crescimento dos netos. O escritório preservado de Ford, localizado no chamado “Mahogany Row” (fileira de mogno), ainda conserva a lareira e móveis originais.
Cerca de 1.800 engenheiros, técnicos, administradores e designers da Ford ocuparam o prédio no seu seu auge. Ele foi fechado em 2007 e reaberto em 2015, novamente como Ford Engineering Lab, recebendo engenheiros de outros prédios. Hoje, ele abriga também a coleção de arquivos da Ford.
MF