Vou contar aqui uma coisa que aconteceu no GP do Brasil de 1976, em Interlagos. Não exatamente na prova, foi fora dela. Coisa que o Reginaldo Leme, que conhece tudo sobre a categoria, vai saber só agora. Foi quando a General Motors, para aproveitar a F-1 no Brasil, lançou seu modelo esportivo (mas nem tanto), o Chevette GP (foto de abertura).
Para marcar o lançamento, a GM emprestou um Chevette GP para cada piloto que participaria da corrida naquele 25 de janeiro (antigamente era no dia do aniversário da cidade), cujo único compromisso era eles chegassem ao autódromo dirigindo o Chevette GP.
Entre eles, claro, o francês Jacques Laffite que corria pela Ligier. Ele estreou na F-1 em 1974 na Iso Marlboro, (tempos em que era permitida a propaganda de cigarros na competição), equipe então dirigida pelo grande Frank Williams. Chegou em 2º lugar no GP da Alemanha, em Nürburgring.
Em 1976 ele mudou para a Ligier. Deixou a F-1 depois de um acidente no GP da Grã-Bretanha, em 1986, correu em outras categorias e hoje é comentarista de F-1 numa TV francesa.
Mas, por que esse destaque para o francês, nascido em Paris, em 1943 (está completando 81 anos neste mês de novembro) nessa história do Chevette GP? Bem, é que todos receberam o carro no hotel onde estavam hospedados (segundo a lenda no São Rafael) e lá deveriam devolver os carros depois da corrida. Mas poucos devolveram o carro lá. Foi uma “trabalheira” para o pessoal da GM descobrir o paradeiro do GP do Laffite.
O carro entregue ao Jacques, que naquela corrida teve problemas com o câmbio e abandonou a prova, (vencida por Niki Lauda, da Ferrari), desapareceu levando quase um mês para ser encontrado. Com certeza o piloto francês nunca soube da história que foi protagonista no Brasil, em 1976. Ele pilotava um Matra, com motor Ford Cosworth (o mesmo da maioria das equipes que participaram a da prova).
Naquela prova, Emerson Fittipaldi e Ingo Hoffmann foram companheiros de equipe na Copersucar, primeira e única equipe brasileira de F-1. Ingo chegou em 11º e Emerson, em 13º, tendo entre eles o argentino Carlos Reutemann, com Brabham-Alfa Romeo. Para registro, José Carlos Pace, foi o vencedor da prova no ano anterior, mas não correu em 1976, por problemas com o carro. Mas naquele ano atuou como dublê de Al Pacino no filme “Bobby Deerfield”, nas cenas de corrida nos GPs do Brasil, África do Sul e Estados Unidos.
Concorrência
O Chevette GP foi lançado pela GM para concorrer, especialmente com o Ford Corcel GT. Nenhum dos dois tinha verdadeiras características esportivas. Era mais decoração que qualquer outra coisa,, como faixas que sugeriam esportividade. Tinham faróis de longo alcance, rodas de 6 polegadas e volante esportivo, entre outros atrativos. Mas, no chamado “frigir dos ovos”, não apresentavam bom desempenho. O Chevette GP alcançava só 138 km/h e de 0 km/h a 100 km/h levava intermináveis 18,6 s. Mas era o que tínhamos para aquele momento.
CL
A coluna “Histórias & Estórias” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.