A partir de amanhã a Fórmula 1 reinicia sua temporada de shows mundo a fora: até sexta-feira as 10 equipes inscritas no Campeonato Mundial de 2025 fazem três dias de treinos livres no circuito de Bahrein. De todas elas a Red Bull é a única que ainda não apresentou seu modelo: todas as demais (foto de abertura) já divulgaram fotos na pista ou em estúdio dos monopostos que usarão nas 24 provas deste ano, a primeira delas marcada para o dia 16 de março, em Melbourne, na Austrália.

A olho nu, as mudanças mais visíveis dos modelos 2025 em relação aos modelos 2024 envolvem o desenho das asas dianteiras, a solução adotada para a suspensão dianteira e perfil da carenagem que direciona o fluxo de ar para os radiadores. Se as mudanças para este são aparentemente sutis, para 2026 os carros serão bem diferentes: no ano que vem entra em vigor um novo regulamento técnico no qual uma das principais alterações era a redução das dimensões externas dos carros.

A pré-temporada de F-1 é um dos momentos mais críticos e temidos por todos os envolvidos numa equipe, seja ela qual for. Apesar dos recursos tecnológicos cada vez mais avançados, incluindo programas de análise e desenvolvimento identificados como “estado da arte”, as primeiras voltas de um novo modelo revelam se o carro é eficiente ou não, ou, como se diz no jargão do esporte, se é “bem nascido ou não”.

O sueco Stefan Johansson, que correu pela McLaren, Ferrari e várias outras equipes e hoje vive na Califórnia (EUA) usa esse momento para explicar a diferença com a F-Indy: “Na F-1 você sabe se terá um ano bom ou ruim logo após o primeiro treino livre do ano: um carro que nasce ruim, jamais será transformado em um carro vencedor. Na F-Indy o equipamento é padrão para todas as equipes, todo mundo tem carros praticamente iguais e fica amais fácil resolver problemas de acerto.”

Outro detalhe que caracteriza a F-1 é a estrutura de cada construtor, que ano a ano aumenta em número. Nos anos 1980, por exemplo, uma equipe de F-1 com mais de 50 empregados era sinônimo de grandeza mas, atualmente, times com mais de 1.000 funcionários é algo corriqueiro. Há de ser lembrado que esse batalhão trabalha para construir quatro ou cinco carros por ano, senão um número ainda menor a depender da eficiência dos seus pilotos…

Para os pilotos os primeiros treinos do ano podem marcar o reencontro de um grupo de amigos do passado ainda recente ou a primeira oportunidade para desenvolver novas amizades e parcerias importantes para obter o melhor resultado durante a temporada. Embora sejam pagos para marcar os melhores tempos possíveis por volta e obter vitórias, quando mudam de equipe eles também contribuem de forma indireta no aperfeiçoamento de métodos e gestão de trabalho de seus times. Casos típicos deste ano incluem Lewis Hamilton, Carlos Sainz e Nico Hulkenberg.

Sete vezes campeão mundial (uma vez pela McLaren e seis pela Mercedes), Hamilton traz para a Ferrari sua própria metodologia de trabalho e uma visão de vencedor que a Scuderia não tinha com a dupla Charles Leclerc e Carlos Sainz, espanhol que foi dispensado para dar lugar ao inglês. Neste ponto entram em ação detalhes como a formação e valores culturais e, principalmente a experiência de ter conquistado e perdido títulos ao longo da carreira.

Piloto ainda subestimado por muitos, ao deixar a Ferrari o espanhol Carlos Sainz foi cobiçado pela Alpine, Audi e outras. Optou pela Williams, que vive um processo de renascimento, escolha que causou espanto em muita gente: há anos o time fundado por Sir Frank Williams apresenta resultados opostos aos obtidos em suas vitoriosas temporadas de anos 1980 e 90. Tratado como superstar, Sainz já ocupa uma posição de liderança que Alex Albon, há anos na equipe, jamais ocupou. Mais do que isso, os resultados de ambos servirão mais para reconhecer o real potencial do tailandês do que confirmar a eficiência do espanhol.

A pré-temporada de F-1 é um dos momentos mais críticos e temidos por todos os envolvidos numa equipe, seja ela qual for. Apesar dos recursos tecnológicos cada vez mais avançados, incluindo programas de análise e desenvolvimento identificados como “estado da arte”, as primeiras voltas de um novo modelo revelam se o carro é eficiente ou não, ou, como se diz no jargão do esporte, se é “bem nascido ou não”.
WG
A coluna “Conversa de pista’ é de exclusiva responsabilidade do seu autor.