A GWM apresentou a linha 2026 do Haval H6 com a tranquilidade de quem sabe que tem um produto sólido nas mãos. Não houve ruptura nem a tentativa de reinventar um suve que já encontrou seu público, e essa pode ser justamente a maior virtude desta atualização. Em vez de buscar mudanças vistosas, a marca trabalhou em pontos que fazem diferença no uso cotidiano: ergonomia mais intuitiva, suspensão mais madura, conectividade mais funcional e, sobretudo, um entendimento mais profundo do que o motorista brasileiro espera de um híbrido moderno.
O contato inicial foi curto, como costuma acontecer em eventos de lançamento, mas suficiente para perceber que o H6 2026 é menos “novo modelo” e mais “versão que encaixa todas as peças”.

Desenho: suavidade nas mudanças
Por fora, o H6 adota um rosto mais limpo e largo, com grade de 87 blocos e nova assinatura luminosa que adicionam modernidade sem alterar a identidade do carro. Mas o gesto mais significativo está na traseira: enquanto o modelo chinês segue outro caminho, a GWM Brasil optou por manter as lanternas integradas, reconhecendo que elas já fazem parte da assinatura visual do H6 por aqui. É uma evolução consciente, que preserva o que o consumidor brasileiro já aprovou.

Há também uma questão prática: num carro que se aproxima da industrialização nacional, quanto menos mudanças profundas na carroceria, mais tranquila tende a ser a aceleração de produção em Iracemápolis. A GWM já tem unidades nacionais ano-modelo 2025 nas concessionárias, mas os primeiros lotes do 2026 seguirão importados, com entregas previstas a partir de dezembro.
O H6 GT mantém sua silhueta suve-cupê, escolha acertada para preservar o visual que diferencia essa versão dentro da linha. As alterações mais marcantes aparecem no interior.

Interior: onde o H6 se transforma
Ao entrar no H6 2026, a sensação é de que o interior foi “arrumado”. O novo volante — mais espesso, com segmento acatado e dois seletores giratórios substituindo os vários botões anteriores, muda completamente a interação com o carro. Mesmo sem alteração na calibração da direção eletroassistida, a pegada mais firme transmite maior precisão e controle. É notótio como um componente tão simples pode transformar a leitura dinâmica do veículo.

O console central redesenhado segue a mesma lógica: comandos mais acessíveis, carregador por indução mais potente (50 W contra 15 W antes) e uma organização que parece pensada para o uso, não apenas para a estética. Dependendo da versão, os materiais ajudam a reforçar o caráter do modelo. No GT, por exemplo, camurça e detalhes vermelhos criam uma atmosfera mais esportiva.

A nova multimídia Coffee OS 3
Um dos pontos que mais chamam atenção é a nova central multimídia de 14,6 polegadas. Mais do que o tamanho, a velocidade impressiona: menus redesenhados, barra fixa de atalhos personalizável e uma sensação geral de fluidez muito próxima à de um tablet ou smartphone moderno.

O sistema anterior já era competente, mas agora a interface parece mais integrada ao carro, com menos etapas para as funções mais usadas. Mesmo com Android Auto ou Apple CarPlay sem fio ativos, os comandos principais permanecem facilmente acessíveis. O quadro de instrumentos digital configurável e os serviços conectados — hotspot para oito aparelhos, My GWM e atualizações OTA — completam um interior que acompanha o nível tecnológico do conjunto híbrido.
Três personalidades dentro da mesma filosofia
A gama 2026 mantém as três arquiteturas híbridas, agora posicionadas de forma mais clara, sendo que todas utilizam o mesmo motor de 4 cilindros, 1,5-l a gasolina, turbocarregado, com 4 válvulas por cilindro e injeção direta, e são assim anunciados a depender do sistema híbrido (um ou dois motores elétricos) e tamanho da bateria utilizado.

HEV2: o híbrido racional e urbano
Com potência máxima combinada de 243 cv e torque máximo de 55,1 m·kgf, a versão autorrecarregável agrada por sua lógica simples: utiliza bateria pequena de 1,6 kW·h, tração dianteira com apenas um motor elétrico e conjunto mais leve. O resultado é um comportamento previsível, consumo baixo e respostas convincentes no uso diário. É a variante que menos muda no papel, mas que se beneficia diretamente da suspensão recalibrada e dos freios aprimorados.

PHEV19: o híbrido plugável
Nesta versão, ainda apenas com tração dianteira, o conjunto dianteiro utiliza motor elétrico mais potente, entregando potência máxima combinada de 326 cv e os mesmos 55,1 m·.kgf da versão H2. A grande vantagem está no alcance elétrico de 73 km pelo ciclo Inmetro e a possibilidade de carregamento externo (AC – 6 kW e DC – 33 kW).
Para quem tem possibilidade de realizar recarregas diárias e utiliza o carro na cidade ou trajetos intermunicipais, é a proposta mais lógica, e a tração somente dianteira simplifica o conjunto sem grandes prejuízos dinâmicos.

PHEV35: a vitrine tecnológica da GWM
Com o sistema Hi4 de tração integral, utiliza dois motores elétricos um no eixo dianteiro e outro no traseiro, tendo bateria de 35 kW·h, o PHEV35 é o ápice técnico da família Haval. A potência máxima combinada de 393 cv e torque máximo de 78,8 m·kgf colocam seu desempenho no território dos suves premium, com aceleração inferior a cinco segundos no 0–100 km/h. A eficiência térmica de 41,5% do motor 1,5-l turbo é um número de destaque mundial, e a integração entre os motores elétricos e o câmbio híbrido DHT (Transmissão Híbrida Dedicada) está mais suave do que antes.

O alcance em modo elétrico é de 119 km pelo ciclo Inmetro e possibilita cargas em carregadores rápidos (DC) de até 48 kW, além da carga em AC. Nos modos de condução automática o sistema de tração alterna entre tração apenas dianteira, apenas traseira ou combinada entre os dois eixos, a depender do uso que está tendo do carro.

GT: o PHEV35 com personalidade própria
O GT mantém o conjunto híbrido do PHEV35, entregando a mesma força, tração integral e alcance elétrico, mas embalado numa cabine mais envolvente e um visual de apelo claramente esportivo. Na prática, o comportamento dinâmico é muito semelhante, mas o estilo e o ambiente interno reforçam seu caráter diferenciado.
Suspensão: a melhor calibração do H6 até agora
A GWM mexeu onde mais precisava. A adoção de amortecedores com nova calibração e batentes mecânicos transformou o comportamento do H6 em pisos irregulares, reduzindo impactos secos e tornando os movimentos da carroceria mais controlados. No contato rápido, a sensação foi de um carro mais firme, mais homogêneo, sem o balanço perceptível das versões anteriores, e aparentemente sem comprometer o conforto.
É a terceira calibração do H6 no Brasil, e tudo indica que é a mais equilibrada até agora. Uma avaliação mais extensa deverá confirmar isso com maior precisão.

Frenagem mais natural e direta
A substituição do sistema convencional por um atuador eletrônico integrado trouxe um ganho claro. O pedal agora responde de forma mais linear e previsível, sem o pequeno atraso característico do sistema anterior. Isso facilita a modulação em baixa velocidade e melhora a sensação de controle em frenagens mais fortes. Mas novamente uma avaliação em trânsito urbano se faz necessária para atestar as melhorias que o sistema traz.
Adas: tecnológico sem ser intrusivo
Toda a linha oferece nível 2+ de assistência, com controle de cruzeiro adaptativo, leitura de placas, assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma e câmera 360°. O mérito está na suavidade: o H6 evita intervenções abruptas e trabalha de forma harmônica com o conjunto híbrido. É um sistema que não tenta assumir o papel do motorista, mas complementa a condução com naturalidade.

Conclusão
O H6 2026 mostra que evolução não precisa ser radical para fazer diferença. A GWM mexeu onde realmente importa: na relação do motorista com o carro, na leitura do asfalto, na lógica dos comandos e na resposta dos sistemas. A suspensão está no seu melhor acerto até agora, o freio ficou mais natural e a ergonomia finalmente acompanha o nível tecnológico do conjunto híbrido.
Não é um novo H6: é um H6 mais bem resolvido. E, por isso mesmo, mais preparado para o uso brasileiro e mais competitivo entre os híbridos médios.
Preços e garantia
Haval H6 HEV2 – R$ 223 mil
Haval H6 PHEV19 – R$ 248 mil
Haval H6 PHEV35 – R$ 288 mil
Haval H6 GT – R$ 325 mil
Obs.: os dois primeiros tiveram acréscimo de R$ 3 mil em relação ao ano-modelo 2025, enquanto as versões de topo não tiveram aumento de preço na tabela.
A garantia é de 5 anos sem limite de quilometragem com 8 anos ou 200 mil km para a bateria. A GWM oferece 2 anos de assistência 24 horas gratuita e o intervalo para revisões é de 12 mil km ao custo de R$ 5.273 para os primeiros 50 mil km.
GB
Ficha técnica resumida — Haval H6 2026
| Item | HEV2 | PHEV19 | PHEV35 | GT |
|---|---|---|---|---|
| Preço sugerido | R$ 223.000 | R$ 248.000 | R$ 288.000 | R$ 325.000 |
| Potência combinada | 243 cv | 326 cv | 393 cv | 393 cv |
| Torque combinado | 55,1 m.kgf | 55,1 m.kgf | 78,8 m.kgf | 78,8 m.kgf |
| Bateria (kW·.h) | 1,6 | 19 | 35 | 35 |
| Alcance (Inmetro) | — | 73 km | 119 km | 119 km |
| Tração | Dianteira | Dianteira | Integral Hi4 | Integral Hi4 |
| Câmbio | DHT 2 marchas | DHT 2 marchas | DHT 2 marchas | DHT 2 marchas |
| 0–100 km/h | 7,9 s | 7,6 s | 4,9 s | 4,8 s |
| Pneus | 225/60 R 18 | 235/55 R 19 | 235/55 R 19 | 235/55 R 19 |
| Suspensão | McPherson / Multibraço | McPherson / Multibraço | McPherson / Multibraço | McPherson / Multibraço |
| Freios | Atuador eletrônico | Atuador eletrônico | Atuador eletrônico | Atuador eletrônico |
| Multimídia | 14,6” / Coffee OS 3 | 14,6” / Coffee OS 3 | 14,6” / Coffee OS 3 | 14,6” / Coffee OS 3 |




