TESTE DE 30 DIAS
VOLKSWAGEN JETTA HIGHLINE 2,0 TSI
PRIMEIROS DOIS DIAS
Vem da fábrica de Puebla, no México, o Volkswagen Jetta Highline 2.0 TSI que acaba de iniciar seu período de 30 dias de avaliação no Ae. Presente no mercado brasileiro desde meados de 2006, o Jetta nunca sequer raspou na liderança de seu segmento, vaga tradicionalmente ocupada de acordo com os dados de emplacamento divulgados pela Fenabrave pelos nipônicos Toyota Corolla ou Honda Civic. Todavia, depois da versão inaugural, caracterizada pelo instigante motor de cinco cilindros de 2,5 litros com 170 cv (e espaço interno criticável), o modelo lançado em 2011 galgou postos na preferência dos brasileiros. Com estética atualizada, maior espaço interno e, principalmente, pela oferta de uma versão de entrada com custo mais abordável, o Jetta pulou do fundo da lista dos dez mais vendidos para um razoável quarto posto no ranking, vaga que ocupou durante três anos, até 2013.
Esportividade foi sempre um rótulo que acompanhou as versões mais caras deste Volkswagen mexicano, batizadas de Highline, dotadas do motor 2-litros quatro-em-linha turbo de 200 cv. Porém, a versão basiquinha ficou conhecida por sua excessiva “calma”, culpa de um motor de apenas 120 cv e muito conhecido do público por se parecer com os antigos EA827 de quatro cilindros que no passado equiparam os Santana, mas que na realidade é o EA113 de mesmos diâmetro dos cilindros e curso dos pistões.
Agora, uma terceira safra de Jetta chega às concessionárias, levemente reestilizada — pára-choque dianteiro e lanternas traseiras são os itens mais chamativos —, mas há uma nova e interessante realidade no ar: em algum momento de 2015 o modelo também será fabricado em São Bernardo do Campo, tirando assim a exclusividade da planta de Puebla, até então a única abastecer mundo com os Jetta. Tal ação certamente visa dar maior competitividade ao modelo no Brasil, não só através de um provável barateamento decorrente da produção local mas também pela esperança por uma nova motorização nas versões mais básicas, Trendline e Comfortline. O ideal seria ter o moderno motor 1,4 TSI de 140 ou 150 cv que equipa os nossos novos Golf e alguns Jetta vendidos na Europa e Estados Unidos. A ver…
Esta é a hipótese para a evolução do Jetta em nosso mercado, porém, de realmente concreto há que nosso companheiro destes próximos trinta dias, o exuberante Highline 2.0 TSI azul Silk dotado de todos os opcionais possíveis, permanecerá inalterado e muito admirado. Representa um verdadeiro objeto do desejo por conta tanto de seu motor turbo (exclusivamente a gasolina) de 211 cv e 28,5 m·kgf de torque máximo, assim como pela caixa DSG Tiptronic robotizada, na qual seis marchas e duas embreagens resultam em uma transmissão reconhecidamente no estado de arte.
Para ter um Jetta igual a este que analisaremos à fundo nas próximas semanas o desembolso sugerido pela Volkswagen é de R$ 108.665, dos quais R$ 14.675 são opcionais, a saber: R$ 1.122 pela cor perolizada, R$ 4.127 pelo teto solar elétrico e R$ 9.426 pelo chamado “Pacote Premium” que contém quinze itens, sendo os mais significativos os faróis bixenônio direcionais com regulagem dinâmica de altura, o revestimento de couro nos bancos (em um elegantérrimo tom bege claro), o sistema de áudio com tela tátil e a chave presencial.
Por conta da inédita cor externa e do chamativo interior bege, “nosso” Jetta é bem atraente. A bordo o inebriante cheirinho de carro novo – ele nos foi entregue com pouco mais de 400 km marcados no hodômetro — é apenas mais um dos agrados. O banco do motorista com regulagem elétrica associado ao volante regulável em altura e em distância oferece rapidamente a justa posição de dirigir, e o tato também agradece por conta do revestimento do volante em couro e não só, já que onde a mão encosta materiais agradáveis sempre são encontrados. Diante dos olhos o sóbrio painel é como sempre um exemplo de legibilidade e racionalidade na disposição das informações, seja de dia ou de noite. Mesmo comentário se aplica à racionalidade na disposição dos comandos em geral, e não é preciso vir de um Volkswagen para encontrar onde estão os diversos acionamentos. É a contribuição teutônica para não nos fazer perder tempo aprendendo novidades…
Apesar do pouco tempo de convívio, dois dias e míseros quilômetros rodados, já foi possível eleger que grande qualidade deste Jetta Highline 2,0 TSI não é o requintado ambiente da cabine ou tampouco as formas harmoniosas de sua carroceria, mas sim a verve inegável que motor, câmbio e o conjunto de suspensões oferecem. Confirma-se assim o sinalizado DNA esportivo do modelo, que transpira da firmeza das suspensões (McPherson na dianteira, multibraço atrás), da precisão do sistema de direção com assistência elétrica e, principalmente, do empurrão decidido quando o pedal do acelerador é levado até o fundo. Para quem gosta de carros animados o Jetta não decepciona, como indicam os números oferecidos pela fábrica, com a aceleração de 0 a 100 km/h em pouco mais de 7 segundos e velocidade máxima que passa dos 240 km/h.
Este é o Lado A do Jetta Highline, que pretendemos explorar a fundo sempre que houver oportunidade. Já o Lado B é o conforto que um sedã dessa classe e preço deve obrigatoriamente oferecer, e nesse pouco tempo já foi possível perceber que o ajuste de suspensões foi pensado para segurar a barra quando o ritmo sobe, e assim, andando em passinho de procissão, boa parte das irregularidades da pavimentação são sentidas na cabine inclusive por conta da escolha dos pneus, 225/45 R17. Compensa isso o absoluto silêncio do conjunto mecânico e suavidade da transmissão, que nos pareceu ter sido ajustada para o conforto de modo exato, com trocas imperceptíveis, apenas confirmadas pela oscilação leve do ponteiro do conta-giros e pela mudança do número no indicador de marcha engatada, situado no painel multifunção.
Equipado com bolsas de ar frontais, laterais e de cortina, freios a disco nas quatros rodas, e fixacão Isofix para cadeirinhas infantis, o Jetta cumpre o padrão de segurança mais elevado da atualidade, e claramente isso quer dizer também a frenagem ABS associada ao controle eletrônico de estabilidade e… nas próximas semanas será um prazer contar o restante dos segredos do Jetta Highline 2,0 TSI. Não perca!
RA
VOLKSWAGEN JETTA HIGHLINE 2,0 TSI
QUILOMETRAGEM TOTAL: 97,2 km (2 dias)
CONSUMO MÉDIO: 7,2 km/l
CIDADE: 81,2 km (83%)
ESTRADA: 16,0 km (17%)
VELOCIDADE MÉDIA: 17 km/h
TEMPO AO VOLANTE: 5h43min