Confesso que não entendo quando vejo campanhas publicitárias anunciando “revisão de férias” para carros. Como assim, tem período para fazer revisão? Para mim, esse é um processo constante, não algo que se faz em julho e dezembro. Se vou viajar de férias o máximo que poderia fazer é encher o tanque em vez de colocar, sei lá, 30 litros. Mas nem isso, pois sempre completo. E toda semana faço uma série de coisas no carro normalmente. Assim, se tiver que sair de férias daqui a um par de horas na verdade a única coisa que tenho de fazer é a mala de roupa. E isso eu faço bem rapidinho. Quanto ao carro, ele está sempre pronto.
Abastecer, checar o óleo, calibrar pneus (incluindo o estepe), checar a água do limpador de pára-brisa fazem parte de toda parada semanal no posto. E sempre verifico alinhamento de pneus ao dirigir e checo as luzes na garagem, assim como os sulcos dos pneus. Bom, ser mulher talvez ajude, pois tenho unha comprida… Seria incapaz de fazer isso apenas antes de viajar. Não acho que pneu careca ou murcho provoque acidente apenas nas estradas. E, sinceramente, tudo isso não me atrasa mais do que cinco minutos em relação ao que demoraria se fosse apenas abastecer. A diferença em relação à maioria das mulheres é que eu sempre desço do carro, acompanho algumas dessas tarefas e às vezes faço alguma eu mesma. Mas não quero me gabar aqui, pois acho isso tudo facílimo de fazer. Difícil é fazer minha receita de tiramisù, que me leva quatro horas – e mais 45 minutos para lavar toda a parafernália de aparelhos que preciso.
Mas quero falar aqui especificamente de um item realmente simples de cuidar e que muitas vezes é negligenciado. A calibragem de pneus. Pneu descalibrado provoca maior arrasto, dificulta a direção e aumenta o consumo de combustível. Recentemente estive num lançamento da Goodyear e eles mostraram números assustadores: 80% dos pneus inutilizados saem de serviço por terem sido calibrados incorretamente, seja baixa ou alta pressão. E isso incluindo dados de frotistas que, teoricamente, cuidariam melhor dos veículos e teriam melhores conhecimentos veiculares.
Normalmente o problema é pressão abaixo do correto – por pura falta de calibragem ou mesmo pela ausência da famigerada capinha da válvula do pneu que muitos frentistas teimam em não recolocar. Por mais supérfluo que pareça, a falta desta pecinha faz com que se perca até 15% do ar. E menos pressão nos pneus reduz a estabilidade do veículo pois aumenta o ângulo de deriva e desgasta os pneus pela separação dos componentes da estrutura, além de superaquecimento da borracha. Colocar pressão a mais, além de resultar numa direção mais incômoda, também provoca desgaste anormal do pneu.
Calibrar os pneus é uma operação que deve ser realizada com a borracha fria. Recentemente alguns prédios incorporaram a instalação de calibradores de pneus nas garagens, mas não sei como funcionam e embora tenha achado a idéia boa, desconheço se são homologados ou se mantêm a calibração. Para os outros mortais como eu, basta levar o veículo até um posto não mais do que um par de quilômetros de distância e, claro, sem cantar pneu mas também sem atrapalhar o trânsito, que ninguém merece. Cada carro têm uma pressão certa que deve ser seguida e diferente nos dianteiros e traseiros. No estepe, pela falta de uso, vale colocar a mais, sem problema. Na dúvida, pode-se extrapolar a pressão dos pneus em uso em até 2 libras, não mais do que isso. Abaixo do recomendado, nunca, pois a chance de o pneu rasgar num buraco aumenta sensivelmente. Mas vocês dirão, buraco nas ruas, no Brasil? Ora…
Como é freqüente trocar de carro com meu marido e ainda por cima ultimamente tenho alguma dificuldade em gravar tantos números — cheguei a bloquear a senha de um cartão de crédito depois de digitar três vezes o número errado, o que me impediu de usá-lo durante um par de meses — olho no próprio carro qual é a pressão correta. E tenho os números anotados nas minhas famosas cadernetinhas onde acompanho tudo o que faço no carro. Mas é tão de praxe calibrar pneu que não entra nas anotações. É de lei.
Nitrogênio – Pouco tempo atrás uma empresa de autopeças deu de presente a jornalistas um calibrador de leitura digital portátil que, segundo alguns colegas que o ganharam, funciona muito bem. Não estive no evento, mas estou pensando em comprar um, pois há modelos de US$ 10 que me disseram funcionam bem. Quando o fizer conto a vocês. Assim me livrarei do aborrecimento de vigiar o frentista para recoloque a tampinha da válvula do pneu.
Não é muito freqüente, mas não posso deixar de mencionar a calibragem com nitrogênio em substituição ao ar atmosférico (“normal”). O nitrogênio apresenta menor alteração de pressão e temperatura após longos percursos e também pode aumentar a vida útil do pneu. Isso se deve principalmente à ausência total de umidade e de impurezas – ou seja, menos aumento da pressão ao rodar. Mas é importante lembrar que se for usado nitrogênio a pressão deve ser a mesma. Ou seja, se são 30 libras de ar “normal” serão 30 libras de nitrogênio. E se na calibragem seguinte não houver nitrogênio disponível, tudo bem. Complete com ar mesmo, misturando os gases sem problemas. Afinal, o ar atmosférico é composto de 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de outros gases. Você apenas deixará de ter as vantagens do nitrogênio puro, mas não terá nenhum prejuízo.
Mudando de assunto: semana passada curti muito a Fórmula Indy graças ao lindo traçado do circuito de Alabama. Tem de tudo: retas, curvas, subidas e descidas bem pronunciadas. Que saudades de quando os da Fórmula 1 eram assim. Para ser totalmente perfeito faltou apenas alguma curva realmente “peraltada” e não ligeiramente elevada. E chamo de peraltada, mesmo, como se chamava a do circuito mexicano Irmãos Rodríguez ou como a do circuito argentino de Mendoza porque acho que defini-la apenas como “inclinada” não dá a idéia exata de como elas são. E os autoentusiastas me entendem, não?
NG
P.S.: Eu sei que unidade de pressão mais usada é libras por polegada quadrada (lb/pol²), mas aqui no texto fiquei só com libras para ficar melhor de ler, está bem?