Ao assumir a marca Troller — para aproveitar incentivos regionais — Ford reformulou o produto: mudou a mecânica integralmente, estendeu o motor diesel 3,2, 200 cv, quase 48 m·kgf de torque e cinco cilindros de sua produção; câmbio de seis marchas, equipamentos do picape Ranger; fez nova carroceria com harmonia estética com propósito de ter aparência de veículo forte, troncudo, disposto. Cores vivas, vermelho, amarelo, verde, combinando com o sóbrio e fosco cinza Londres. Mudou tudo para mudar a clientela. Em vez de jipeiros, sempre envolvidos com desafios fora de estrada e pouco uso urbano, buscou criar trollistas. Usuários exigentes quanto a confortos como bom isolamento termoacústico, agrados visuais como a combinação de placas plásticas no interior, os bons bancos revestidos em couro. São usuários urbanos, com eventuais escapadas aos exercícios fora de estrada. Industrialmente melhorou máquinas, processos, qualidade e produtividade.
Deu resultado, o bloco de mudanças chamado T4 agradou, e previsão de vendas para o primeiro ano deve superar em três vezes — o último ano do Troller T3 vendeu 728 unidades. O T4 já comercializou 2.100 antes de completar 12 meses.
Exceto pela descombinação entre o motor superdimensionado, capaz de elevadas velocidades, o elevado centro de gravidade, as mais de duas toneladas de peso, e os eixos rígidos frontal e traseiro, cumpre sua função.
Troller Day
Mudou o público, mudaram os hábitos, e por isto a Troller montou estrutura e percorre o país promovendo passeios com os veículos, para usuários, familiares, convidados participar de trilhas onde as capacidades do jipe podem ser utilizadas. Representante da Troller em Brasília, a Trilha Capital, recebeu e fomentou o Troller Day no último sábado. Trilhas pela Fazenda Taboquinha, outro mundo, cerrado seco — com poeira da falta de chuvas há 100 dias — a 10 km do Lago Sul, o bairro com maior renda per capita e o índice casa x piscina no país.
Trinta Trollers, entre poucos modelos antigos, famílias, crianças, usuários, interessados, participaram do seguir estradinhas rurais, picadas, rodar em terra seca, barro, areia, cruzar o outrora portentoso Rio São Bartolomeu. E exercícios de íngremes subidas e descidas para mostrar que o T4 não é apenas um corpinho bonito.
Estava lá, convite do Marco Paulo Carvalho, revendedor em Brasília. Levei um canivete Leatherman, água e protetor solar — quem de fora desconhece a competência do sol do Planalto em meio ambiente de baixa umidade. Não usei o canivete e suas múltiplas funções, mas água e protetor quase em quantidades iguais. Fim do dia exibia um bronzeado meio indiano, meio egípcio.
Por aí
Não se entra no jipe. Galga-se. Pé esquerdo no elevado estribo, mão esquerda na alça pesa à coluna A (dianteira), impulso com a perna direita, chega-se ao bem-projetado banco. Boas regulagens, diferença de postura para conduzir, a curiosidade da alavanca de marchas ser recuada. Precisa em seu uso. Vidros tintos, boa isolação, bom som Kenwood — mais útil seria tela de GPS —, em pouco tempo descobre-se, das seis marchas, melhor sair em segunda, pois a primeira é para trabalho, tipo sair em ladeira, arrancar toco. A segunda poderia ser levemente mais reduzida, para sair sem exigir a embreagem. Comandos no limite do conforto.
Anda muito bem após arrancar ainda melhor. Reações rápidas para volante e acelerador, e freios muito superiores à versão anterior — se é que dispunha…
Comando da tração nas 4 rodas e da reduzida por botão rotativo no console, entre bancos. Lembra o elevado percentual dos estudantes brasileiros que não conseguem interpretar textos ou ordens. Você pede engrazar a tração ou a reduzida, e o comando, nada. Você insiste e aí, finalmente, se toca e faz. Não tenho saudade de carburador, de platinado e condensador, componentes mecânicos banidos pela tecnologia em nome das baixas emissões. Entretanto sou pelo engatar por alavanca. Mexeu, faz um clac e engata. Idem, cloc, e desengata. As soluções atuais, de botão elétrico/eletrônico/mecânico envolvendo enorme renca de fios, contatos, relês, motor elétrico, tudo passível de enguiços. Como dizia o Dr. João Gurgel ante a simplista construção do seu BR-800, peça que o carro não tem, não quebra.
Consumo declarado pelo fabricante, cidade 9,8 km/l, estrada 12,3 km/litro de diesel S-10. Trilhas, muito maior, funcionar constante, pouca quilometragem. Bom ar-condicionado não afeta o motor. Velocidade máxima? Não aferi. A combinação de grandezas exponenciais como o peso e a velocidade, e a suspensão por eixos rígidos desaconselham assumir qualquer risco pessoal.
Fim da aventura, o vermelho do T4 mascarado pelo pó de terra, cheguei em casa e passei um jato d’água para devolvê-lo. Busquei um pano para remoção das marcas internas, e me surpreendi com boa vedação. Nada havia.
Reparos
Entendo que o T4 mereça aperfeiçoamentos como a leve redução na segunda marcha; substituir o rádio por GPS; melhorar — leia permitir — o acesso ao banco traseiro; trocar o botãozinho boiolo-feminino da tração e da reduzida por alavanca mecânica.
Por pensar, demanda caixa automática — os novos clientes assim exigem —, e aumentar um palmo no comprimento criando um mínimo porta-malas. Hoje tal espaço, ante tal função, está entre o risível e o decepcionante. No mais, surpresa agradável.
RODA-A-RODA
Rolim – Tudo indica, chineses leram a biografia do Comandante Rolim Amaro, criador da TAM. Uma de suas frases, “Quem não tem inteligência para criar tem que ter coragem para copiar”, terá inspirado a Land Wind em seu novo utilitário esportivo, o Land Wind X7, cópia do exitoso Land Rover Evoque.
Quase – Parte externa, no atrativo visual copia até a tipografia usada para escrever Land Wind, na mesma posição das letras no Evoque. Dentro, trato simplório, e na mecânica, em lugar do motor Ford 2-L Turbo de 240 cv, outro, copiado de um Mitsubishi antigo, também turbo, 2-L e 193 cv.
Cruze – Informações argentinas dão conta de paralisação da fábrica da GM em Rosário. Presença de engenheiros coreanos para ajustar processo produtivo às exigências da GM na Coréia, e produzir o novo Cruze. Novembro.
Foco – Buscando contornar sua baixa performance no segmento de sedãs, linha Ford Focus 2016 aí mirou maiores mudanças. Alterou a traseira, tornando o sedã de dois e meio volumes, como inventou à época do Escort.
Conjunto – Boa motorização 2-litros, 178 cv com álcool e imponentes 22,5 m·kgf de torque, atracado a caixa robotizada de duas embreagens e seis marchas. À frente, grade à Aston Martin. Preços não são atrativos: de R$ 80 mil a R$ 97 mil.
Promoção – Para movimentar negócios chinesa Chery sorteará exemplar do Celer Hatch entre interessados fazendo test-drive em seus produtos até 15 de setembro. primeiros 500 ganharão duas entradas de cinema. Mais, leia.
Prêmio – Primeira vez concorrente no Fórum PACE — Parceiros pelo Avanço da Educação da Engenharia de Forma Colaborativa —, alunos do Centro Universitário FEI, em São Bernardo do Campo, SP, participaram da construção do veículo REVO. E ganharam três prêmios.
Futuro – Problema proposto, veículo urbano para futuro de menores espaços, consumo e emissões. O REVO tem mecanismo, como sanfona, reconfigurando-se para transportar carga e/ou pessoas, pensado como veículo público.
Enfim – FCA iniciou produzir versão de entrada do Jeep Renegade anunciado por R$ 68.900 em outdoors dos revendedores, porém inexistente. Motor 1,8-L flex, câmbio manual de 5 marchas, ar-condicionado, direção eletroassistida, rádio, Bluetooth, freio de estacionamento eletrônico, vidros/travas/espelhos elétricos. Acima, R$ 2 mil, versão Sport.
Oroch – Picape com exocético foco de marketing — lazer e asfalto, motores 1,6 e 2 litros, tração simples —, o Oroch diz-se Oroche ou Oroc? Que nome …) sobre plataforma Duster à venda em outubro. Fábrica abriu encomendas. Se quiser ler mais, está aqui.
Ocasião – Definição Renault propeliu o surgir do concorrente frontal, o Projeto 226 da FCA, possivelmente com o nome de Toro. Terá emblema Fiat, marcado pela elegância de linhas, opção de motor 2,4 e Diesel com tração nas 4 rodas. Preços assemelhados, de R$ 70 mil a R$ 110 mil.
Surpresa – O picape tipo tríplice aliança entre Nissan, Mercedes e Renault a ser produzido na Argentina, antecipado pela Coluna há meses, anda muito rápido. Modelo de pré-produção será mostrado em setembro.
Perdeu – Presidente Dilma sancionou mudanças no Código de Trânsito Brasileiro. Mais propalada, mais multas e pontos pela invasão das faixas exclusivas a veículos de transporte coletivo.
Faltou – Reconhecidamente sem assessoria, esqueceram de lembrá-la, maior problema de trânsito e acidentalidade, é a exceção legal para a circulação de motos entre demais veículos. A Previdência agradeceria a mudança e a redução de mortos e inativos.
Mundo gira – Quem diria, o ex-poderoso ministro José Dirceu andando em carro da polícia. Quando governo, usava batedores para fechar o trânsito na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para passar sozinho, isolado, longe dos eleitores e contribuintes com seu desnecessário aparato de segurança. Era o Comissário do Lulopetismo. Agora é o Preso do Pixuleco…
Futuro – 10 e 11 agosto, 13º. Congresso SAE Brasil — entidade de engenheiros da mobilidade — discutirá temas do automóvel em futuro breve: uso de turboalimentadores e motores elétricos para ajudá-los; injeção direta em motores flex; bombas de combustível com vazão variável; lubrificantes; e modelos de fundição em ferro, obtendo peso inferior ao alumínio.
Situação – Tempos novos. Hoje quem provoca ganhos tecnológicos, em especial de redução de consumo e emissões, não são técnicos ou engenheiros, mas advogados assessorando órgãos do governo a baixar limites a ser cumpridos. Mais? Aqui está. Via internet a participantes fora de SP.
Ilegais – Ibadec, instituto de defesa da cidadania, alerta: tachões, nocivos limitadores de trânsito, apesar de largamente aplicados até por Detrans, tem uso proibido pela Resolução 336/2009 do Contran, órgão normatizador do assunto, reconhecendo tal aplicação como causador de defeitos no pavimento e nos veículos. Quer ajudar? Requeira ao Detran de sua cidade a retirada. Se não acontecer, peça ajuda ao Ministério Público.
Topo – BMW Motorrad, divisão de motos, inicia montar modelo S 1000RR, topo da linha. Substitui importações e agrega-se aos outros seis modelos finalizados em instalações próprias em Manaus. Brasil é o quinto mercado da marca.
Evolução – Reacertos eletrônicos, mecânicos em comando de válvulas e vazão dos gases, redução de peso, tem 204 kg, produz 199 cv a 13.500 rpm, torque de 11,5 m·kgf a 10.500 rpm. Preços: R$ 74.500 em pintura tricolor e R$ 72.900 em vermelho e preto.
Promoção – Faz, até 15 de agosto, promoção nos outros modelos em versão Premium. Entrada de 35%, 24 prestações, menos uma, absorvida pela BMW.
Mercado – Para maior participação no mercado chileno, MAN, Volkswagen Caminhões e sua representante Porsche implantaram 7.500 m² de área coberta. Querem enfrentar concorrentes de todo o mundo. No caso do Chile a Porsche, distribuidora, como em outros países, representa marcas VW.
Outra – Cidade de Águas de Lindóia, com atração maior em seu Encontro de Carros Antigos, abril, 21 a 24, quer dobrar o movimento. Terá o Elegance Car.
E – Organização por Aguinaldo Lorandi, antigomobilista com três décadas de hobby, querendo modificar metodologia de premiação, seguindo parâmetros mundiais, com foco na originalidade. Apoio do Clube de Veículos Antigos de Piracicaba. Se conseguir botar ordem técnica nos prêmios será grande vitória.
Gente – Fabrice Cambolive, francês, formado em comércio e negócios, promoção. OOOO Ex área comercial da Renault Eurásia e Rússia, novo presidente da Renault no Brasil. OOOO Sucedido, Olivier Murguet, ocupou o cargo de manter a companhia ascendente, dedicar-se-á à função maior de vice-presidente Sênior e Presidente do Conselho da Região Américas. OOOO Cambolive executou a grande manobra da Renault/Nissan assumir a Autovaz, na Rússia, produtora dos Lada. OOOO Trará de volta o jipe Lada, revisto e melhorado por Opel e Renault? Brasil é carente por estradas e jipes. OOOO Johanna Quandt, 89, maior acionista pessoal da BMW, passou. OOOO Ex-secretária e 3ª mulher de Herbert Quandt, o controlador da empresa, foi peça fundamental em sua recuperação e na garantia de controle. OOOO Detinha 16,7% das ações. OOOO Seus herdeiros passam a ter: Stefan, 25,75% e Klatten 20,95%. OOOO
up! TSI, a VW e sua nova visão sobre o turbo
Antes de lançar o up! com um desenvolvimento mecânico incluindo um turboalimentador aplicado ao motor 1-litro, em 2000 a Volkswagen fez experiência anterior, ao desenvolver o Gol e a Parati com motor 1-L turbo.
Caminhos e objetivos diferentes. No caso do Gol, a Volkswagen precisava de uma referência de atualização para o produto de formulação mecânica superada, e criar mais concorrente sob o guarda-chuva tributário dos menores impostos para os carros com motor até 1.000 cm³, os 1-litro, também ditos erroneamente um-ponto-zero. Se quiser falar corretamente diga um-vírgula-zero.
Foco era diferente, rendimento esportivo com 112 cv de potência a 5.500 rpm, 15,8 m·kgf de torque a 2.000 rpm. Pacote incluía refinamentos de época, formando versão de preço mais elevado, à altura do charme que a menção da palavra turbo significa no universo automobilista. Durou pouco. Grande parte dos proprietários não sabia utilizá-lo e pretendia ainda mais que o oferecido pela versão especial — e o conserto do turbo era de preço desanimador.
A proposta do turbo no up! é diferente. Começa por não ser tratado como turbo, mas TSI — turbo stratified injection, maneira de Wolfsburg dizer turbo de injeção direta. Oferece desempenho e rendimento adicional, mas a imagem a ser vendida é de conforto de uso, pela flexibilidade do motor em reagir, além de ser o mais econômico no mercado brasileiro. E o motor foi inteiramente modificado para receber tal adjutório: virabrequim, bielas, pistões, e a combinação de injeção direta de combustível e turbocompressor.
Outro ponto diferenciador é ser disponível quase todas as versões por suportáveis R$ 3.100. É um novo foco, para outra clientela, trabalho de engenharia muito mais amplo, e nada tem a ver com o modelo de década e meia passada.
RN