O Chevrolet Cruze fabricado no Brasil ainda é igual ao produzido nos EUA, mas lá em pouco tempo começará a comercialização do Cruze de nova geração, ano-modelo 2016, já apresentado.
A versão testada no uso do Chevrolet Cruze Sport6 é a LT com câmbio manual de 6 marchas GF6-2, que despertava curiosidade desde que introduzida no modelo 2015, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo no ano passado.
Após dez dias com o Cruze Sport6, pegando trânsito na cidade e estradas vazias em dois fins de semana, o Cruze se revelou um bom carro, dotado de um conjunto muito eficiente que agrada bastante a quem gosta de andar em ritmo forte. Com pneus 225/50R17V (Bridgestone Turanza), bem largos para os 1.400 kg de peso em ordem de marcha, aliado à suspensão bem controlada por amortecedores de carga elevada — poderia ser um pouco menor para proporcionar um rodar um pouco mais confortável — e à direção eletroassistida rápida e muito bem calibrada, o chão do Cruze é convincente e preciso.
Conforme os dias foram passando gostei dele mais e mais. Destaque para o câmbio de seis marchas, até a ré é sincronizada, de engates curtos e bem precisos. Vale lembrar que nem sempre os fabricantes acertam à perfeição a seleção de marchas no canal 5ª-6ª, já que alguns têm mola muito forte trazendo a alavanca para o canal 3ª-4ª. Uma troca desatenta de 5ª para 6ª pode levar ao engate da 4ª, o que, dependendo da situação, pode ser muito inconveniente ou mesmo capaz de quebrar motor por excesso de rotação quando se está usando potência máxima. O do Cruze está muito bom e em nenhum momento isso ocorreu. E o pomo da alavanca é emborrachado, o que dá firmeza na pegada e tato agradável.
Incomoda bastante a tampa do porta-objetos entre os bancos ao se trocar marchas, interferindo com o cotovelo, ficando aparente que o projeto desse porta-objetos levou em conta modelos com câmbio automático somente.
Atenção: O parágrafo a seguir precisou ser alterado, às 19h15, depois de publicada a matéria, em razão de as relações de câmbio obtidas diferirem das do Cruze produzido no Brasil. A ficha técnica também foi atualizada e entrou o gráfico do câmbio.
Tem bom escalonamento de marchas e adequada relação final. Em 6ª marcha a 120 km/h o motor está a 3.100 rpm. A diferença entre as relações de 5ª e 6ª é pequena, 17,6%, de modo que há pouca queda de rotação na troca de 5ª para 6ª, como trocar a 6.000 rpm e a rotação cair para 5.100 rpm. Analisando as relações das marchas vê-se que a velocidade máxima é atingida em 5ª, motor praticamente no pico de potência, 6.200 rpm. Um câmbio 5+E bem escalonado, portanto. Veja abaixo o gráfico “dente de serra” do câmbio:
Em viagem, nota-se certa invasão do ruído do motor na cabine, embora não chegue a incomodar. O motor Ecotec de 1.796 cm³ é bom de baixa, elástico, responde com vigor desde baixíssimo giro, e a 4.500 rpm vem uma pegada diferenciada, o que agrada quando se precisa de uma acelerada mais forte para uma ultrapassagem, por exemplo. O corte limpo é a 6.500 rpm, muito próximo da rotação de potência máxima, o que requer atenção no momento de usar toda a potência, como numa ultrapassagem apertada. Folga de 500 rpm seria desejável, já que mesmo a 6.800 rpm a velocidade média dos pistões ainda é contida, 20 m/s.
Ambos os comandos de válvulas têm variador de fase e o coletor de admissão é variável. O Ecotec desenvolve 140 cv com gasolina e 144 cv com álcool com torque máximo de 17,8 m?kgf (G)) e 18,9 m?kgf (A), a 3.800 rpm sempre. A taxa de compressão é baixa para os “padrões flex”, 10,5:1.
Esse Cruze não é expoente em matéria de consumo, é apenas razoável. Com gasolina, na cidade fez 8,2 km/l e na estrada 11 km/l, ambos obtidos sob tocada tranqüila. Com álcool fez 6,8 km/l na cidade e ainda não tive a oportunidade verificar quanto faz na estrada com o combustível de origem vegetal, coisa que farei em breve e informarei aqui mesmo.
A suspensão é um pouco ruidosa. Falta-lhe isolamento. É firme, devido à carga alta de amortecedores, como já disse, e buchas de suspensão rígidas. Nada contra, já que ele leva Sport no nome. Mesmo assim, ainda é um pouco mais macia que a do concorrente Honda Civic, por exemplo. McPherson na frente, com barra estabilizadora, e eixo de torção, sem barra, na traseira. Comum, mas bem acertada. Se foi erguida, foi pouco. O carro se porta bem nas curvas, principalmente nas de baixa, onde ele é bem agarrado, bem rápido. Nas de alta não dá para dizer que ele deixa a desejar, porque ele as faz bem, rapidamente, com segurança, mas fica atrás do carro-referência da categoria, o Ford Focus, no qual o friozinho na barriga só vem em velocidades bem mais altas.
Tem controle eletrônico de tração e de estabilidade. nada invasivos. Os quatro freios são a disco, dianteiros ventilados.
Destaque para a ergonomia, com posição de dirigir excepcional. entre as melhores. A grande amplitude dos ajustes de volante e banco permite que imediatamente se aches a posição ideal, qualidade que valorizo muito. Os bancos são envolventes, com laterais pronunciadas que seguram bem o corpo nas curvas mais fortes. Até o banco do passageiro dianteiro conta regulagem de altura, o mesmo com a ancoragem dos cintos de segurança. O banco de trás tem encosto reclinado e confortável, com boa espuma. Para os de trás há bom espaço para cabeça e pernas. Dois adultos ali viajam sem reclamação alguma e três adultos até que se acomodam bem, dependendo do nível de amizade entre eles…
O design do volante lembra o do Camaro e seu diâmetro é adequado, 370 mm, além da ótima pegada. Os instrumentos têm design objetivo e de fácil e rápida leitura. Pedais bem posicionados; com o punta-tacco saindo fácil, com naturalidade. O freio é bem calibrado, progressivo.
A sensação ao dirigir é a de que estar num carro arejado, com ampla visibilidade, e leve. Ele é leve e ágil de guiar, apesar dos seus 1.398 kg (parece ser mais leve). É rápido e jeitoso de guiar. E também parece menor do que realmente é, talvez devido a que o formato do capô, com vincos proeminentes nas extremidades laterais, que delineiam com clareza a sua dimensão. No trânsito apertado de São Paulo, onde motos, bicicletas e tudo quanto é maluco andam à solta nos dando sustos, é bom guiar um carro com as características do Cruze Sport6. Na cidade ele agrada bastante.
Faróis muito bons, com fácil regulagem da altura do facho através de comando no painel. O porta-malas tem capacidade de 402 litros, boa para um hatchback, que minha mulher apreciou. Os bancos traseiros 1/3-2/3 rebatem e deixam o assoalho plano. O estepe é fino, de emergência, e o tanque de combustível é de 60,3 litros, proporcionando boa autonomia.
Três cuidados apreciados no Cruze são as repetidoras das setas nos pára-lamas, os excelentes espelhos externos e o pára-brisa com faixa degradê.
Resumindo: gostei mais do que esperava gostar; é um bom carro, porém, diante da forte concorrência, algo sugere que ele precisa ser renovado, como em breve o será.
O Cruze Sport6 LT custa a partir de R$ 70.450.
Vídeo:
AK
Fotos: autor
Nota: será produzido vídeo e colocado posteriormente.
FICHA TÉCNICA CHEVROLET CRUZE SPORT6 LT 2015 | |
MOTOR | |
Tipo | Ignição por centelha, 4 tempos, flex |
Instalação | Dianteiro, transversal |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
N° de cilindros/configuração | 4 / em linha |
Diâmetro x curso | 80,5 x 88,2 mm |
Cilindrada | 1.796 cm³ |
Aspiração | Atmosférica |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Potência máxima | 140 cv (G), 144 cv (A), a 6.300 rpm |
Torque máximo | 17,8 m·kgf (G), 18,9 m·kgf (A) a 3.800 rpm |
N° de válvulas por cilindro | 4 |
N° de comando de válvulas /localização | 2 / cabeçote (com variador de fase na admissão e no escapamento), correia dentada |
Formação de mistura | Injeção eletrônica no duto |
ALIMENTAÇÃO | |
Combustível | Gasolina e/ou álcool |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Bateria | 60 A·h |
Alternador | 100 A |
TRANSMISSÃO | |
Rodas motrizes | Dianteiras |
Câmbio | Manual |
N° de marchas | 6 à frente e uma à ré, todas sincronizadas, inclusive a ré |
Relações das marchas | 1ª 3,818:1; 2ª 2,158:1; 3ª 1,475:1; 4ª 1,067:1; 5ª 0,875:1; 6ª 0,744:1; Ré 3,545:1 |
Relação de diferencial | 4,176:1 |
FREIOS | |
De serviço | Hidráulico, duplo circuito em diagonal, servoassistido, ABS com EBD e BAS |
Dianteiro | A disco ventilado Ø 300 mm |
Traseiro | A disco Ø 292 mm |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência elétrica |
Voltas entre batentes | 2,8 |
Diâmetro mínimo de curva | 10,6 m |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio 7J x 17 |
Pneus | 225/50 R17 94V |
Estepe | Temporário T115/70R16 92M |
PESOS | |
Em ordem de marcha | 1.398 kg |
Carga máxima | 465 kg |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, 4 portas e 5 lugares |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 4.510 mm |
Largura com/sem espelhos | 2.098/1.780 mm |
Altura | 1.477 mm |
Distância entre eixos | 2.685 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.545/1/560 mm |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,27 |
Área frontal (A) | 2,079 m² |
Área frontal corrigida (Cx x A) | 0,561 m² |
CAPACIDADES | |
Porta-malas | 402 litros |
Tanque de combustível | 60,3 litros |
DESEMPENHO | |
Velocidade máxima | 204 km/h |
Aceleração 0-100 km/h | 10,2 s |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (COMPUTADOR DE BORDO) | |
Cidade | 8,2 km/l (G) e 6,8 km/l (A) |
Estrada | 11 km/l (G) |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª/6ª | 32,9/38,7 km/h |
Rotação do motor a 120 km/h em 6ª | 3.100 rpm |
Rotação do motor à vel. máxima (5ª) | 6.200 rpm |