A boa notícia do novembro último é que as vendas de automóveis e comerciais leves pararam de cair, revertendo uma tendência que vínhamos observando desde o início do ano.
Se o ritmo de emplacamentos/dia começou 2015 com 11.631 veículos leves e em outubro chegara a preocupantes 8.833, em novembro tivemos um salto positivo de quase 13% sobre o mês anterior, com 9.966. Trata-se de um valor médio nacional, a variação de vendas por região nos mostra que nordeste e centro-oeste foram os mais atingidos pela retração, uma surpresa para nós que achávamos que os estados onde o agronegócio é mais forte sentiriam menos.
Na coletiva de imprensa da Anfavea na última sexta-feira (4/dezembro), o presidente da entidade, Luiz Moan Yabiku Jr., sinalizou essa estabilidade, disse também que contam com ela para as projeções iniciais de 2016 em seus primeiros três trimestres, com cerca de 9.700 veículos/dia e manteve a última para este ano inalterada, esperando um total de 2.450.000 automóveis e comerciais leves, da última revisão de outubro. Evidente que só se consegue planejar e projetar com estabilidade à frente e a ausência dela é que vem nos aprontando más surpresas.
Particularmente, acho possível termos um número ligeiramente maior neste mês, efeitos de injeção do 13º salário na economia, dezembro costuma representar cerca de 10% das vendas totais do ano, o que significaria cerca de 240.000 emplacamentos, enquanto as projeções da Anfavea contam com somente 7,7% (ou 190.000), uma aposta conservadora portanto e talvez tenham se mantido assim à luz do que o país tem visto ocorrer no centro dos poderes na capital federal. Um verdadeiro e inédito festival de baixaria, com prisões de senador e banqueiro, agressões físicas entre parlamentares, quebras de urnas de votação, enfim, espetáculo deprimente que aumenta ainda mais a insegurança do consumidor na hora de um passo importante que é adquirir um automóvel.
Pior ainda foram as vendas de comerciais pesados. Investimentos em bens de capital requerem não só estabilidade política como horizontes econômicos estáveis. Estamos longe dos dois e novembro se agravou com a suspensão de recursos do Finame, resultando num recorde de baixa, ou uma quase paralisação das vendas de caminhões.
A mensagem da entidade que reúne os fabricantes, ao governo, foi novamente clara: o setor precisa de medidas econômicas que visem a retomada, sem elas até o PPE (Programa de Proteção ao Emprego) irá naufragar, despejando mais centenas de milhares de trabalhadores no mercado a procura de trabalho onde não há.
Uma pergunta freqüente é quando as vendas irão retomar certa normalidade e qual será o seu novo patamar. Sim, teremos uma redefinição de patamares. Sem o incentivo de redução de IPI não esperemos o mesmo nível de 3,6 ou 3,5 milhões de unidades leves como ocorreu em 2012 e 2013, respectivamente, e se considerarmos o abandono daquela parcela da nova classe média C+ (ou B –, como preferem alguns), de consumidores do automóvel de menos de 30 mil reais e prestações mensais de R$ 399 em até 72 meses, que representavam cerca de 400 mil unidades por ano, estaríamos falando de um total inferior a 3 milhões por ano. Isso significa que a estabilidade sonhada pelos fabricantes e a entidade que os representa lhes permite projetar algo próximo de 12 mil emplacamentos diários e que passe a ocorrer até o final do ano que vem. Trabalhemos duro para isso portanto.
Ranking de vendas do mês
Onix se consolida na liderança do mês e do ano e, se nenhuma mágica ocorrer em dezembro, fechará 2015 como o automóvel preferido dos brasileiros. A GM também se firma na liderança de vendas dos automóveis, porém a Fiat se mantém em primeiro com 17,8% na soma de automóveis e comerciais leves.
Novamente as três grandes seguem perdendo terreno para as demais. Em novembro a participação destes foi de 45,3%, começou o ano com 54%. Os pequenos Chevrolets vêm fazendo bonito, o Prisma lidera as vendas dos sedãs compactos no mês e no acumulado do ano, com respectivamente 6.535 e 62.644 unidades, distância confortável para o segundo, o Fiat Siena.
Jeep Renegade manteve-se à frente do Honda HR-V pelo segundo mês consecutivo, com 6.078 vs. 5.990 unidades emplacadas.
Outra boa surpresa foi o utilitário Renault Duster Oroch que em seu primeiro mês de vendas figurou em 6º lugar, com 1.232 unidades. A picape Fiat Toro vem gerando bastante expectativa, e como terá versões a diesel e a obrigatória capacidade de carga superior a 1.000 kg, seu comportamento não deve ser tão parecido como o de um automóvel como seu concorrente direto da Renault, cuja capacidade de carga é 650 kg. Rumores indicam preços agressivos, diesel começa inferior a 95 mil reais; esperemos a confirmação no lançamento.
Portanto, concorrentes diretos pero no mucho, saudável, pois traz mais opções para o comprador, é a Fiat e a Renault inovando no segmento com propostas ligeiramente diferentes.
Enfim, boas movimentações no mercado para o ano que vem.
Como esta é a minha última coluna do ano, aproveito para desejar ao leitor ou leitora e seus familiares e amigos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto do melhor.
MAS
Abaixo, alguns dados mais: