Os dados estão aí para quem quiser ver, o Brasil está parando ou tomado um rumo que ninguém sabe qual. Uma nau que teve o leme de direção quebrado. Ou, pior, parece que um plano está sendo seguido. Tipo o dos compañeros Hugo Chávez e seu sucessor Nícolas Maduro, que em nome de uma tal de “Revolução Bolivariana” acabaram com a Venezuela. De país grande exportador de petróleo passou a importá-lo dos “imperialistas ianques”. Faltam de gêneros alimentícios a produtos de higiene pessoal, até absorventes femininos.
No Brasil, o cenário é desolador. Queda da atividade industrial, queda dos investimentos ou, pior, estes terem se perdido. Caso da nova fábrica da Honda em Itirapina, SP. que ficou pronta mas não está sendo utilizada. Como um apartamento novo fechado.
O desemprego assola. Em dois anos o Brasil perdeu 1,5 milhão de empregos. Em contrapartida, todo mês são criados, em média, 200.000 empregos novos nos Estados Unidos. Todo mês me chega boletim do Los Angeles Times com essa notícia. Inveja é feio, mas que tenho nesse caso, sem dúvida.
O problema é que o Brasil está sem uma liderança que mereça esse nome. Todo mundo sabe disso. A presidente nem discursa mais em público. No último Dia da Independência não se dirigiu à nação em cadeia de rádio e televisão, uma tradição no Brasil, fazendo-o apenas pela internet. É surreal.
No desfile militar desse dia importante para qualquer país, foi armado em Brasília um esquema de muro à sua volta para o povo ficar afastado da presidente.
Vê-la falar parece estarmos assistindo a um programa humorístico, tanta bobagem que sai de sua boca; vídeos na internet não faltam para se constatar isso.
A confiança no Brasil está num dos níveis mais baixos de sua história. O real em cinco anos desvalorizou-se ao ponto de o dólar ter subido 140% no período, com forte aceleração em 2015, nada menos que 38%. Como o câmbio é flutuante, menos dólares no mercado, mais cara a moeda americana fica.
Em meio a tudo isso estamos vendo uma indústria automobilística em sérios apuros. As quedas nas vendas e na produção são assustadoras. Quem presta atenção aos textos do analista de mercado do AE, o Marco Aurélio Strassen, bem como os dos colunistas Fernando Calmon e Roberto Nasser, tem o fiel espelho, a dimensão do nosso problema.
O estado de São Paulo responde por 22% das vendas totais de veículos e a região metropolitana de São Paulo, quase metade disso. A importância do governo municipal da capital nessa região é enorme. Pois a queda de vendas iniciada em 2014 coincide com o fim primeiro ano de mandato do prefeito Fernando Haddad que, à imagem dos compañeros Chávez e Maduro, iniciou uma revolução, mas com outro nome, a “Revolução das Bicicletas”. Com suas ideias de São Paulo se transformar numa Amsterdã, começou um processo de tornar a vida da população — não dos motoristas — um autêntico inferno.
Espalhou pela cidade 400 quilômetros de ciclofaixas que extinguiram cerca de 40.000 vagas de estacionamento em pouco tempo. Residências e mais residências ficaram sem estacionamento na porta. Para acessar garagens precisa-se parar momentaneamente sobre a ciclofaixa para abrir o portão, um infração gravíssima. O comércio foi afetado em muitos bairros, o número de lojas fechadas é assustador. Grande parte das ciclofaixas não obedece a critérios mínimos de segurança.
A gestão Haddad deu outro golpe na população, o da redução desmedida de velocidade nos vários tipo de vias. Velocidades absurdamente baixas, irreais, tornando a população alvo fácil das câmeras dos detectores de velocidade. Dirigir simplesmente deixou de ser um ato natural para ser um desafio constante a não se ser multado.
O conhecido acesso à ponte das Bandeiras,, para mim a mais brilhante armadilha de todas, já vai completar dois anos no mês que vem. Com essa arapuca e tantas outras, a arrecadação com multas não para de crescer. Verdadeiro assalto a câmera armada.
Trânsito caótico principalmente por falta de controle semafórico inteligente. Quem sair de carro num domingo de manhã cedo percebe o caos dos sinais de trânsito.
Ruas de pavimentação em ordem são exceção, por onde se anda dá para perceber que são autênticas pistas de tortura dos campos de provas — sem contar a epidemia de dejetos viários chamados lombadas.
Todo esse quadro é um total e inequívoco desestímulo a se ter automóvel, a se comprar automóvel. novo ou trocá-lo por um menos rodado. Será que alguém tem alguma dúvida disso?
O pior disso tudo é que essa ideia da “Revolução das Bicicletas” se espalha pelo país feito rastilho de pólvora ou como um câncer. Notícias de o mesmo estar acontecendo no interior do estado ou em outras unidade da Federação são constantes.
Ter carro passou a ter ares de cometer um crime, o caro de amigo passou a vilão, esta é que a verdade.
Revoluções com ideologia por trás nunca dão certo. Está mais do que provado. Cuba está aí mesmo como exemplo. Como há o da Venezuela e, agora, a de São Paulo.
Bob Sharp
Editor-chefe