Quando se olha de perto o SW4 que acaba de ser apresentado pela Toyota em Itupeva, SP, a primeira coisa que se pensa é onde a indústria chegou com um veículo que pode andar com desenvoltura fora do asfalto.
Apesar de a empresa afirmar que o carro tem vocação urbana, vi muito mais que isso em percursos de estrada asfaltada e terra com lama. Em ambos o carro é notável, por basicamente duas coisas: altura livre do solo e a tração nas quatro rodas com reduzida mais bloqueio de diferencial traseiro.
Primeiro. O carro é bem alto, tanto em relação ao solo quanto na altura externa, e tem ângulos de entrada (29°) e saída (25°) adequados para obstáculos. Isso já faz imaginar que em velocidades de viagem pode-se ter algum problema de estabilidade. Não. Mesmo a 140 km/h o carro anda reto e seguro, só sendo sentido algum mínimo balanço com ventos laterais fortes, e mesmo assim, nada de pior que um carro de passeio médio. Incrível.
Segundo. Passamos por buracos e trechos com lama razoáveis, com uma facilidade que até mesmo apenas com tração traseira puderam ser vencidos, mas que com a tração nas quatro ficam, lógico, muito mais fáceis. Inclinações grandes e subidas íngremes são apenas questão de atenção do motorista.
Difícil para o cérebro somar tudo isso e entender que um terreno difícil pode ser transposto com o mesmo carro com revestimentos absolutamente caprichados por dentro, molduras cromadas, pintura impecável e faróis de alta tecnologia, bi-LED com projetor para facho alto e baixo, luzes de uso diurno (DRL) de LED, que estava olhando antes de dirigir.
Derivado da picape Hiux, que já foi bem detalhada no texto e nas imagens do Paulo Keller quando do seu lançamento desta na Argentina, o SW4 também é produzido na planta de Zárate, naquele país. Há mais detalhes sobre a mecânica da Hilux/SW4 naquela matéria.
Externamente, muitas diferenças em relação à picape. Não é apenas uma carroceria com teto maior e vidros adicionais. Desde o para-choque dianteiro, passando pelos faróis, o painel de instrumentos, portas traseiras, suspensão traseira e muito mais que não é facilmente percebido, nota-se que a Toyota desenvolveu um carro de maneira dedicada ao uso, diferente daquele da Hilux. Isso mostra um planejamento consciente, uma engenharia de produto e estilo dedicados à função de cada tipo de carro, e uma área de vendas e marketing que sabe o que é necessário para despertar o desejo de compra do cliente.
O novo SW4 chega agora apenas na versão SRX, com câmbio automático de seis marchas e cinco ou sete lugares. Além disso, duas motorizações estão disponíveis. O mais vendido é o motor diesel Toyota 1GD, quatro cilindros, duas árvores de comando movidas por corrente, 16 válvulas, 2,8 litros, injeção direta, turbocompressor de geometria variável, com 177 cv de potência e 45,9 m·kgf de torque de 1.660 a 2.400 rpm, o mesmo que equipa a nova Hilux, e o motor a gasolina V-6 de 4 litros, duplo comando para as 24 válvulas, 238 cv de potência a 5.200 rpm e 38,3 m·kgf de torque a 3.800 rpm, este disponível somente na configuração de sete lugares, e que deve ter mercado de cerca de 5% do volume total, com a esmagadora maioria dos clientes sempre optando pelo motor diesel. E quem não está acostumado com diesel dificilmente consegue identificar de bate-pronto que o carro tem esse motor. Silencioso em marcha-lenta, sem as batidas “clac-clac” típicas, silencioso andando. Só é audível — sem ser intrusivo — com o pé embaixo, acelerador aberto ao máximo.
A caixa automática tem o modo de condução normal, econômico (ECO), que troca as marchas de modo muito suave, imperceptível, com consumo de combustível eficiente, e POWER, que necessita de mais rotações para passar à marcha acima. As trocas podem ser feitas manualmente pelas borboletas atrás do volante, e o sistema trabalha também com o controlador de velocidade de cruzeiro, de forma a manter ao máximo a mesma marcha que estava engatada no plano, em uma subida longa, só baixando uma marcha quando a potência não mais é suficiente. No modo POWER, assim que começa a subida, a marcha já é trocada, deixando o carro pronto para uma eventual aceleração que seja necessária.
O isolamento acústico é de primeira linha, somando-se uma evolução na sua capacidade antirruído das suspensões de 10% no conjunto dianteiro e 30%, no traseiro, através de buchas mais adequadas. Na frente é a mesma da HiLux, com duplos braços triangulares, e na traseira o eixo rígido com mola helicoidal é mantido localizado por dois braços transversais e dois longitudinais, e há barra estabilizadora. Quem senta nos bancos traseiros é muito bem tratado, com conforto de carro de passeio. O espaço para quem senta atrás é até exagerado para as pernas, mas na medida certa na altura, já que o SW4 tem carroceria e chassi separados, e por isso tem assoalho alto em relação à altura do carro. Até meu 1,81 m a acomodação é ótima, mas quem tem acima de 1,90 m vai tocar a cabeça no teto.
O carro não é pequeno, comprimento total de 4.795 mm, largura total de 1.855 mm, altura de 1.835 mm, distância entre eixos 2.745 mm. Bancos em couro de ótima qualidade, regulagens elétricas para motorista. Em relação aos bancos traseiros, a segunda fila de assentos dividida 60:40 tem apoio de braço escamotável com porta-copos, e regulagem longitudinal e de regulagem de inclinação do encosto. Para facilitar a entrada nos bancos da última fileira, a segunda tem um novo sistema de rebatimento por toque único em alavanca, diminuindo o esforço do usuário.
Na terceira fileira (também com sistema um-toque), os bancos podem ser posicionados na vertical quando fora de uso, para aumentar a capacidade de carga total do veículo e melhorar, ainda mais, a sua funcionalidade. Dessa forma, a distribuição em três fileiras de bancos permite que sete pessoas se acomodem adequadamente. Esses dois bancos extras não se encaixam no assoalho justamente devido á construção separada de carroceria e chassi. Para que os bancos ficassem escondidos e com o piso do porta-malas plano, este teria que ser mais alto, diminuindo a capacidade e fazendo mais difícil a colocação de bagagem.
As rodas de liga leve de 18 polegadas poderiam ter um desenho exclusivo na SW4 para fazer o carro ainda mais diferenciado, mas são as mesmas da Hilux. Pneus de medida 265/60R18 para uso misto, pouco adequados a um fora-de-estrada mais pesado, mas que mesmo assim não decepcionaram no trecho em que andei, bastante molhado, já que havia chovido bastante cerca de 12 horas antes.
O quadro de instrumentos é igual ao da Hilux, com iluminação azul, mas o painel tem forma diferente, com a parte central revestida em couro envolvendo molduras prateadas, num efeito muito bom de suavidade somado a robustez. Sobre o porta-luvas, compartimento fechado com tampa também revestida em couro, e internamente com um difusor de ar, que permite manter alimentos ou bebidas refrigerados.
No console e volante, um acabamento imitando madeira, que não é do agrado de todos. Algo de padrão mais modernamente tecnológico combinaria melhor com o carro, no meu ponto de vista.
Na eletrônica de bordo, tudo de mais atualizado, com comandos no volante para telefone, sem a necessidade de ter o telefone à mão, além de operar os controles do áudio, do mostrador multi-informação e o controle de velocidade de cruzeiro.
Na tela central de 7 polegadas estão o sistema de áudio, navegador por satélite, TV digital, DVD, MP3 e Bluetooth. Também compõe a lista, o mostrador multifuncional colorido de 4,2 polegadas no centro do quadro de instrumentos envolvido por duas colunas de luzes azuis que formam o painel de informações com consumo de combustível, velocidade, autonomia, áudio, navegação, temperatura externa, além da avaliação do modo de condução, útil para quem quer dirigir de modo mais econômico, bom nos tempos de combustível caríssimo no Brasil e petróleo barato no resto do mundo. Só mesmo aqui, até o dia em que os políticos começarem a sofre de verdade nas mãos do povo.
O ar-condicionado com climatizador digital automático atua sobre as três fileiras de bancos, incluindo saídas específicas para a segunda e terceira, com capacidade de ajuste da intensidade para os bancos traseiros através de tecla no teto, ampliando o conforto para todos os passageiros.
Outras novidades são o sistema de abertura e fechamento elétrico do porta-malas, que facilita a operação em uso diário, e a saída 220 V (até 100 W), para carregamento de aparelhos eletrônicos, como laptops, celulares ou câmeras, entre outros.
O chassis novo igual da Hilux é muito resistente à torção, não se escutando nenhum rangido de portas no castigo de 5 km de terra em que coloquei o SW4, e a carroceria tem 66 pontos de solda a mais que a geração anterior, muito adequado para a durabilidade, pois ajudam na distribuição das tensões mecânicas, exigindo menos de cada componente em separado. Toda a carroceria trabalha em conjunto com o chassis do tipo escada para absorver as forças envolvidas no uso do veículo.
Os equipamentos que facilitam a condução do SW4 em todos os tipos de terreno, são vários, todos eles possíveis devido aos desdobramentos na evolução do ABS.
Há o assistente de subida para não deixar o carro recuar e o assistente de descida, acionado quando o freio-motor não é suficiente para controlar o carro em descidas mais acentuadas. Ele envia automaticamente pressão de frenagem às rodas, mantendo o controle estável do veículo. Caso se freie ou acelere, ele retoma a velocidade contida assim que se solte freio ou acelerador, e funciona assim até o motorista desativá-lo pela tecla de comando.
O controle de tração ativo é outro sistema de segurança do veículo. Funciona quando o 4×4 é acionado, agora não mais por alavanca mecânica no console, mas por botão giratória no painel, permitindo que, em uma situação fora-de-estrada as rodas possam tracionar, aplicando a pressão de frenagem adequada. Pode ser engatado a até 100 km/h. Para reduzida, porém, o câmbio precisa estar em ponto-morto (N), e com o carro parado.
Além de reduzida, o SW4 também vem equipado com sistema de bloqueio de diferencial traseiro, responsável por fazer com que cada roda traseira receba metade do torque enviado para esse eixo. Se uma roda perde aderência, a outra traciona.
O SW4 2016 tem freios a disco ventilados nas quatro rodas, auxiliados por muita eletrônica, como o EBD que distribui as pressões da linha de freio de cada roda de acordo com a necessidade, independentemente da quantidade de carga. Há também o assistente de frenagens de emergência, que aplica pressão adicional para o sistema de freio se o motorista não o fizer em uma situação perigosa. O sistema de luzes de frenagem de emergência acende automaticamente o pisca-alerta quando o veículo realiza uma frenagem muito forte, chamando a atenção dos motoristas que vêm atrás e reduzindo as chances de acidentes.
O controle de estabilidade existe para manter o veículo estável em curvas acentuadas ou com baixa aderência, oferecendo maior controle em qualquer situação. O sistema opera pelo controle da resposta do motor e freios, aplicando, de maneira seletiva, pressão necessária às rodas, corrigindo a trajetória e mantendo a direção desejada.
O assistente de reboque trabalha com os freios e com o gerenciamento do motor, para manter o veículo e um eventual reboque em linha reta, compensando o balanço do trailer ocasionado por ventos cruzados durante uma viagem.
Para o novo SW4 foi desenvolvida uma linha de 32 acessórios. Entre os produtos disponíveis nas concessionárias da marca estão o gancho dianteiro de reboque, que agora tem maior capacidade de tração, banco de segurança para crianças com engates Isofix, bandeja de porta-bagagens para melhor organização de itens menores, suporte para tablet e outros equipamentos que permitem à SW4 se adaptar aos variados perfis de clientes. Além disso, há uma oferta de acessórios que permitem personalizar a aparência do veículo de acordo com o gosto de cada usuário. A garantia dos acessórios genuínos da Toyota é de um ano com quilometragem ilimitada.
Como garantia total do carro, são três anos ou 100.000 km, e os preços sugeridos pela fábrica são:
SW4 4X4 SRX 2.8 diesel 7 lugares R$ 225.000
SW4 4X4 SRX 2.8 diesel 5 lugares R$ 220.000
SW4 4X4 SRX V6 gasolina 7 lugares R$ 205.000
Em uma avaliação “no uso” será possível entender melhor a que ponto de evolução o SW4 chegou, já que no contato de 5 km de terra e 150 km de estrada muito boa, ficou a certeza de ser um suve que está entre os melhores.
JJ
Fotos: Divulgação e autor
FICHA TÉCNICA NOVA TOYOTA SW4 SRX AUTOMÁTICO | |||
GASOLINA | DIESEL | ||
7 lugares | 7 lugares | 5 lugares | |
MOTORIZAÇÃO | |||
Motor | Toyota VVT-i gasolina V-6 4-L DOHC 24 válvulas | Toyota Diesel D-40 2,8-L turbo interresfriador, turbina de geometria variável | |
Potência | 238 cv a 5.200 rpm | `177 cv a 3.400 rpm | |
Torque | 38,3 m·kgf a 3.800 rpm | 45,9 m·kgf de 1.500 a 2.400 rpm | |
Cilindrada | 3.956 cm³ | 2.766 cm³ | |
Diâmetro x curso | 94 x 95 mm | 92 x 103,6 mm | |
Taxa de compressão | 10:1 +/- 0,2:1 | 15,06:1 +/- 0,2:1 | |
Alimentação | Injeção eletrônica no duto | Injeção eletrônica direta com common-rail | |
TRANSMISSÃO | |||
Tração | Caixa de transferência com seletor 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida | ||
Câmbio | Automático de 6 marchas com controle eletrônico | ||
Relações de marchas | 1ª 3,600:1; 2ª 2,090:1; 3ª 1,488:1; 4ª 1,000:1; 5ª 0,687:1; 6ª 0,580:`1; ré 3,732:1 | ||
Relação dos diferenciais | 3,909:1 | ||
Controle | Controles de estabilidade e ativo de tração | ||
SUSPENSÃO | |||
Dianteira | Independente, braços triangularres superpostos, mola helicoidal, amorteedor pressurizado e barra estabilizadora | ||
Traseira | Eixo rígido, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e 4 elementos de localização do eixo | ||
DIREÇÃO | |||
Tipo | Pinhão e cremalheira com assistência hidráulica | ||
FREIOS | |||
Dianteiros | Discos ventilados | ||
Trseiros | Discos ventilados | ||
Controles | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e auxílio à frenagem | ||
RODAS E PNEUS | |||
Rodas | De liga leve 7,5Jx18 | ||
Pneus | 265/60R18 | ||
DIMENSÕES E PESOS | |||
Comprimento | 4.795 mm | ||
Lagura | 1.855 mm | ||
Altura | 1.835 mm | ||
Entre-eixos | 2.745 mm | ||
Distância mínima do solo | 261 mm | 279 mm | |
Ângulo de ataque | 29º | ||
Ângulo de saída | 25º | ||
Peso em ord. de marcha | 2.060 kg | 2.130 kg | 2.100 kg |
Carga útil | 590 kg | 620 kg | |
Peso bruto tot. combinado | 3.400 kg | 3.470 kg |