Um dos melhores carros que já testei foi o Audi A3 sedã 1.8 TSFI. Seu conjunto tem um equilíbrio perfeito entre esportividade e conforto, tem um desempenho mais que satisfatório, quase um esportivo, uma dinâmica precisa graças à rigidez da nova plataforma MQB, e um acerto de suspensão que trata muito bem todos os ocupantes mas mantendo um grau de prazer enorme. Foi dessa impressão que nasceu s recente matéria sobre razão e emoção na compra de um carro. Ela foi escrita a partir da reflexão sobre porque eu havia gostado tanto de um carro.
Incrível, pensei no título deste teste e ele é praticamente igual ao que o Bob deu quando testou o Audi Rs 7. Prova de que eu e Bob estamos em sintonia e de que os Audis passam mesmo essa impressão!
Já com essa ideia eu recebi o S3 para teste. Obviamente os 100 cv a mais do 2-litros S3 em relação ao 1,8-litro do A3 ainda alemão (o nacional ganhou o 2-litros de 220 cv do Golf GTI) são o ponto de maior interesse. Agora estamos falando de um sedã esportivo cujos dados me remetem diretamente ao “Super Trunfo” de carros esporte que eu jogava quando garoto: velocidade máxima de 250 km/h (limitada) e zero a 100 em 4,9 segundos. Só que atualmente carros com esses números, embora difíceis, são compráveis.
Como um bom autoentusiasta o meu carro ideal seria um tração-traseira com caixa manual de 5 marchas. Mas esse S3 tem tração quattro com sistema Haldex de embreagem multidisco localizada próxima ao diferencial traseiro que manda mais ou menos tração para as rodas traseiras dependendo da condição. E a caixa é a deliciosa DSG de 6 marchas. Se ambos sistemas, tração e caixa, fogem do meu ideal, ao mesmo tempo proporcionam um outro tipo de prazer que vem da exploração dos limites do carro com uma sensação de segurança enorme. Podemos dizer que seria o meu ideal atualizado.
Nós insistimos aqui no AE que as caixas modernas, sejam robotizadas DSG ou automáticas epicicloidais, atingiram um nível de precisão e proporcionam um envolvimento, ainda que através das borboletas, inimaginável há poucos anos atrás. O mesmo ainda não se pode dizer das CVTs, que embora estejam andando numa boa direção, ainda é difícil se extrair uma boa dose de esportividade delas. No caso das DSG da Audi o MAO insistiu tanto comigo que eu tive que dar o braço a torcer: no modo automático ela faz o trabalho com muito mais precisão do que eu, ou ele. principalmente nas reduções, onde há até a aceleração interina que ela própria se encarrega de providenciar.
Mas mesmo ela sendo melhor eu gosto é de fazer as trocas nas borboletas, de estar no comando. Um pouco de imperfeição ajuda na emoção. Isso também foi motivo de uma boa “filosofada” sobre por que essas aletinhas transmitem tanto prazer. Nos carros com caixa manual o conjunto alavanca de câmbio mais trambulador nos dão uma sensação de prazer melhor ou pior. Para esse conjunto ser perfeito há uma série de fatores com o posicionamento da alavanca em relação ao volante, o curso da alavanca e a precisão dos engates. Este último ainda é o mais difícil de descrever.
Um trambulador bom é aquele que a partir de um certo grau de esforço (que não pode ser muito leve) suga a alavanca para o engate. O MAO ou o AK fariam uma matéria inteira só para descrever esse momento da troca de marcha.
Mas minha conclusão aqui é que esse momento é uma experiência tátil. E essa experiência pode, mesmo que em parte, ser transferida para as borboletas. A pega do volante, a posição e o material das borboletas, o esforço de acionamento e o “clique” de engate, e ao final a resposta imediata da caixa, no S3 e nos Audis, contribuem para uma experiência prazerosa que completam o prezar geral que se sente ao dirigir o S3.
Os 38,7 m·kgf de torque já proporcionam uma pegada muito forte desde as 1.800 rpm. O EA888 quatro-cilindros turbo com injeção direta e indireta, bloco de ferro (mais resistente) e cabeçote de alumínio tem seu brilho aumentando pela caixa que, como disse minha sogra, faz o S3 parecer uma montanha russa durante acelerações. Eu tive que “sem querer” dar uma esticada de 40 a 120 km/h com ela encaixadinha lá no banco traseiro e esse foi o comentário que veio. Merecia ter vindo com um sorriso… mas o que é prazer para uns pode embrulhar o estômago de outros.
Com a tração quattro e os sistemas eletrônicos é praticamente impossível de fazer as rodas perderem aderência. Ainda mais com os Continental ContiSportContact 225/40 R18. Nas curvas mais fechadas quando se afunda o pé no acelerador na saída dá para sentir a traseira tracionando e fazendo a frente apontar para onde deve. Uma delícia de sensação.
O S3 também te controle de largada. Como todo mundo adora ficar comparando dados de fabricante com dados práticos eu resolvi fazer um zero-a-100 e ver o quão distante dos 4,9 s eu ficaria. Vale lembrar que as medições dos fabricantes são feitas a nível do mar, no plano, sem vento e passagens em direções opostas. O fato de estar a 800 metros de altitude influencia menos nos motores turbo, mas mesmo assim o tempo medido pelo vídeo foi de 5,8 s. Agora já dá para ficarmos discutindo…
Neste último sábado eu e o Bob tivemos a chance de andar no novo RS 3 Sportback de 367 cv em Interlagos e eu aproveitei para fazer uma aceleração usando o controle de largada. O zero-a-100 do RS3 é de 4,3 s. Não sei em quantos segundos fiz, mas acredito que facilmente bem perto dos 5 segundos. E esse quase 1 segundo de diferença em relação ao S3 da para sentir bem no estômago. O soco recebido é mais forte.
Mas todo esse desempenho de carro esporte do S3 tem seu custo. O carro é mais baixo (altura do solo não informada) e raspa levemente em lombadas mas quase nunca a frente ou a traseira. A suspensão é brilhante na estrada (dos Romeiros). Mas na cidade ela nos maltrata. Não é o carro mais duro que já testei, mas é duro o suficiente para deixá-lo na garagem quando se tem que leva a sogra e a família para um passeio. Eu insisti no S3 e mesmo dirigindo no modo super zen eu sentia que não estava agradando a família, a não ser pelo maravilhoso som Bang & Olufsen. Em resumo, é um carro para se andar rápido, o mais rápido que se puder. E veja só que curioso! Na estrada dos Romeiros concluí que a suspensão poderia ser mais dura ainda para melhorar ainda mais o prazer e levá-lo mais ao limite.
Outra coisa que nos excita é o som do escapamento. A Audi aqui também teve um grande sucesso. O som consegue ser forte e encorpado mas não incomoda que está por perto. Com certeza chama a atenção, mas não incomoda. Até porque para se extrair o máximo do som é necessário estar usufruindo ao máximo do pedal do acelerador, o que não se faz em qualquer lugar.
Os R$ 226.190 que separam a massa do S3 fazem dele um carro bem exclusivo. E tudo bem para Audi, pois mesmo esses poucos que estão ou estarão rodando, ou a sua mera existência, fazem com que o desejo pelo A3 sedã aumente. RS 3, me aguarde!
Logo abaixo está um vídeo, outro vídeo adicional com o JJ com as impressões breves, a galeria de fotos de detalhes e a ficha técnica.
PK
Galeria
FICHA TÉCNICA AUDI S3 2.0 TSFI S-Tronic | |
MOTOR | |
Tipo | EA888, gasolina |
Instalação | Dianteiro, transversal |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
N° de cilindros/configuração | 4/linha |
Diâmetro x curso | 82,5 x 92,8 mm |
Cilindrada | 1.984 cm³ |
Aspiração | Forçada por turbocompressor com interresfriador de ar |
Taxa de compressão | 9,3:1 |
Potência máxima | 280 cv a 6.200 rpm |
Torque máximo | 38,7 m·kgf de 1.800 a 5.500 rpm |
N° de válvulas por cilindro | 4 |
N° de comando de válvulas/localização | 2 / cabeçote (com variador de fase de admissão e escapamento, correia dentada) |
Formação de mistura | Injeção eletrônica sequencial no duto e direta |
TRANSMISSÃO | |
Rodas motrizes | Tração integral com diferencial central ajustável e embreagem multidisco com controle eletrônico entre os eixos e diferencial dianteiro com bloqueio eletrônico |
Câmbio | S-Tronic automatizada de seis marchas à frente |
Relações das marchas | 1ª 2,923:1; 2ª 1,833:1; 3ª 1,308:1; 4ª 0,969:1; 5ª 0,969:1; 6ª 0,813:1; ré 3,264:1 |
Relação de diferencial | 1ª a 4ª 4,769:1 / 5ª e 6ª 3,444:1 |
FREIOS | |
De serviço | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem, assistência a frenagem |
Dianteiro | A disco ventilado |
Traseiro | A disco ventilado |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | McPherson, mola helicoidal e amortecedor pressurizado invertido e concêntrico, e barra estabilizadora |
Traseira | Muiltibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira com assistência elétrica variável, relação 15,3:1 |
Diâmetro mínimo de curva | 11 m |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio 8,0J x 18 |
Pneus | 225/40R18 Continental ContiSportContact |
PESOS | |
Em ordem de marcha | 1.460 kg |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço com partes em alumínio (capô e para-lamas dianteiros), 4 portas,5 lugares |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 4.469 mm |
Largura sem espelhos | 1.796 mm |
Altura | 1.392 mm |
Distância entre eixos | 2.631 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.551/1.526 mm |
Altura do solo | não informada |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,310 |
Área frontal calculada | 2.000 m² |
CAPACIDADES | |
Porta-malas | 390 litros |
Tanque de combustível | 55 litros |
DESEMPENHO | |
Velocidade máxima | 250 km/h (limitada eletronicamente) |
Aceleração 0-100 km/h | 4,9 s |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (Europa) | |
Cidade | 6,8 km/l |
Estrada | 9,6 km/l |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 na última marcha | 42 km/h |
Rotação do motor a 120 km/h em 6ª | 2.880 rpm |
Rotação do motor à vel. máxima em 6ª | 6.000 rpm |