O Audi A4, lançado em 1994 na sua primeira geração, e descendente do Audi 80, que era praticamente o Passat da década de 1970, chegou agora à sua 5ª geração.
A maioria dos desavisados que não são leitores do AE acredita que o concorrente do BMW série 3 é o Audi A3, quando na verdade é o A4. Daí se vê a importância do A4 para a Audi. Em 2015 o modelo de maior produção da marca foi o Q5 (suves, suves e mais suves), seguido do lindo A5, e com o mais tradicional A4 na sequência. Por curiosidade, a lista prossegue com na sequência com Q3, A3 Sportback, A3 sedã, A4 Avant (logo no AE com teste do JJ) e A6 Avant. Isso, as peruas ainda vivas!
O modelo testado é um A4 Launch Edition Plus 2.0 TFSI S tronic, edição especial para o lançamento do modelo e com o preço sugerido de R$ 199.990 e uma ampla lista de equipamentos. Entre os destaques estão o Audi Drive Select, Audi Virtual Cockpit, faróis Full-LED com ajuste automático de altura, sistema start-stop, sistema MMI com navegação, sensores de luz e chuva, ajuste elétrico do banco do motorista, sistema de limpador de faróis e bancos de couro, com ar-condicionado automático com três zonas independentes de temperatura, bancos dianteiros com ajustes elétricos, rodas de liga leve com 18 polegadas, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e teto solar elétrico.
Como opcionais o modelo ainda tem os sistemas Audi Pre Sense Rear, Audi Side Assist, câmera de ré, head-up display, sistema Keyless-go, sistema de som Bang & Olufsen 3D, com 19 alto-falantes e a cor vermelho Matador, por mais R$ 24.800.
Obviamente não é uma pechincha, mas aqui no AE não gostamos de discutir preço, sem deixar de informá-lo. Entendemos que o preço reflete tantas variáveis e depende muito da estratégia de cada fabricante, do volume de vendas esperado e do posicionamento no mercado. O A4 com o menor preço é o Attraction 2.0 TFSI S tronic, por R$ 159.990.
Eu gosto muito de notar quais são as primeiras impressões, nos primeiros quilômetros rodados sejam positivas ou negativa, e observar se elas permanecem no final do teste. Quando fazemos test drives rápidos ou curtos é comum tomarmos as impressões como verdade, quando em algumas vezes, após um uso mais prolongado com uma adaptação e entendimento da proposta do carro, podemos mudar de opinião. No caso do novo A4 duas impressões me chamaram a atenção: o tamanho e o isolamento da suspensão.
Verificando as dimensões nota-se que o carro cresceu em todas, menos na altura. São 4.720 mm de comprimento, 1.842 mm de largura, 1,425 mm de altura e generosos 2.820 mm de entre eixos. Maior que o BMW série 3 em todas as dimensões, menos na altura. pesando 1.405 kg, ele é 25 kg mais leve que o série 3 e 120 kg mais leve que o A4 da geração anterior. Isso já nos dá uma ideia dos dotes dinâmicos do modelo. E também do porte, ou o que chamamos de size impression (impressão de tamanho), importante para muitas pessoas não só pelo espaço interno mas também pelo status (e aqui, sem demérito ou crítica). Obviamente a impressão de carro grande se manteve até o fim.
A suspensão realmente se destaca e eu acredito que tenha sido um desafio para a Audi manter a esportividade e segurança, ou seja, um pouco mais rígida, e ainda assim proporcionar um bom comportamento e isolamento nos buracos apesar dos pneus 245/40R18V. Em piso muito ruim ela é mais seca, mas bem acima do aceitável. Mas em pisos mais lisos eu imaginava estar andando em uma pista emborrachada, dada a suavidade e o silêncio. Sem dúvida um dos destaques do carro.
O desenho da carroceria é muito elegante e refinado, sóbrio com um toque de esportividade e o destaque é para a frente com a grade singleframe, assim chamada pela Audi (algo como quadro único) os faróis full-LED com a nova assinatura. O Cx de 0,23 chama atenção, por ser o mais baixo dos carros de produção. Não fosse pela lindíssima cor vermelho Matador, seria um carro discreto, como acredito ser a maioria de seus consumidores, mas sem perder a personalidade.
O 2.0 TFSI, quatro-cilindros, agora evoluído e com a designação Ultra sofreu refinamentos técnicos como coletor de escapamento integrado ao cabeçote e válvula de alívio (wastegate) elétrica do turbocompressor e entrega 190 cv de potência de 4.000 a 6.200 rpm e torque de 32,6 m·kgf entre 1.450 e 4.200 rpm. Isto leva a um desempenho excelente: aceleração de 0 a 100 km/h feita em 7,3 segundos e velocidade máxima de 240 km/h.
O sedã recebeu nota A do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), com 11 km/l aferidos na cidade e 14,3 km/l na estrada. O TFSI Ultra a gasolina é mais potente e produz mais torque que o motor do BMW 320 ActiveFlex que tem potência de 184 cv de 5.000 a 6.250 rpm e torque de 27 m·kgf de 1.250 a 4.500 rpm. No entanto o desempenho de ambos é similar.
Ainda este ano a Audi deve lançar por aqui a versão topo de linha Ambition, equipada com motor 2,0 TFSI de 252 cv de potência e torque máximo de 37,7 m·kgf, com tração integral quattro. Aí a coisa muda de figura!
O trem de força se complementa com a caixa S tronic de sete marchas, com dupla embreagem (em banho de óleo) e trocas de marchas quase instantâneas, reprojetada para maior economia de combustível. O câmbio agora oferece uma função roda-livre. O controle seletivo de torque para cada uma das rodas suplementa o trabalho da tração dianteira. Neste modelo, mais voltado para o conforto a caixa também trabalha com mais suavidade. No entanto o conjunto está sempre pronto para uma tocada mais nervosinha.
O carro mais leve, mais largo, com rodas bem nas extremidades, pneus largos, trem de força forte e uma vasta parafernália eletrônica proporciona segurança e diversão, ou diversão com segurança. Fiz uma viagem de São Paulo a Ilhabela no litoral e peguei a maior chuva num dia horrível. Explorei muito as curvas na serra tentando me convencer que eu precisava da tração quattro. Mesmo forçando um pouco a barra para encontrar os limites do carro eu não passei nenhum sustinho. Um conjunto excelente!
No interior, tudo muito refinado também, com aquela simplicidade chique-tecnológica com atenção aos detalhes. Obviamente o destaque é para o Cockpit Virtual, tela de instrumentos de TFT (Transistor Film Technology) totalmente digital com 12,3 polegadas que mostra as informações mais importantes por meio de gráficos de alta resolução, com grande detalhamento e efeitos sofisticados. Eu sempre penso que essas tecnologias têm um apelo mais de marketing do que de necessidade. Mas mordi minha língua.
Claro que esse mostrador encanta os olhos e ajuda a vender o carro. Mas depois de um período de adaptação e aprendizado, bem intuitivo para os que tem vontade de aprender a usar, passei a usufruir do conforto da telona com o mapa gigante, que pode até ser visualizado com imagens de satélite do Google Earth. E completando as informações com o HUD, ou mostrador projetado no para-brisa. Muito mais que um brinquedo, uma utilidade. Acredito que dentro de alguns anos essa tecnologia chegue a modelos mais de entrada como um diferenciador da Audi (e da VW).
E para mim, a cereja do bolo foi o sistema de som Bang & Olufsen com o inovador som 3D de 755 watts de potência e 19 alto-falantes, cuja experiência sonora é envolvente e empolgante.
Com esse conjunto todo, não tenho receio nenhum de afirmar que o A4 é um dos melhores carros disponíveis no mercado nacional.
PK
Nota: o vídeo está processando e deve estar disponível dentro de alguns minutos.