“…o belo A3 só levou a mim na maioria do tempo.”
Foi assim que terminou o relato da segunda semana com o Audi A3 Sedan e, como avisei, o desejo era de encher de gente e bagagem o carro e partir para uma reveladora viagem. Ficarei devendo, uma vez que nada disso foi possível e continuei rodando só e sem bagagem, mas ao menos uma das promessas cumpri: abasteci com gasolina!
Antes de contar que bicho deu, vale relembrar as cifras quando usei o polêmico combustível vegetal: a melhor marca de consumo rodoviário foi de razoáveis 11,7 km/l, sem exagerar com o pé direito mas sem renunciar ao ar-condicionado, seguindo o ritminho da lei, nunca além dos 120 km/h. Na cidade a marca extrema foi de 4,1 km/l vistos em um dia tipicamente infernal da cidade de São Paulo, medida que melhorou para 5,5~6,2 km/l quando o inferno dava lugar ao purgatório e no trajeto aparecia uma angelical via expressa.
Já com a gasolina no tanque a melhor média obtida foi de 14,9 km/l, reproduzindo o mesmíssimo trajeto rodoviário e estilo de dirigir. Já na cidade a pior marca com gasolina foi de 6,7 km/l enquanto a melhor de 9,2 km/l.
A síntese desses números? Em termos financeiros valeria a pena usar o álcool, vendido em nosso distribuidor preferencial por R$ 2,39, enquanto a gasolina custa R$ 3,59, diferença maior que os 30% considerados de praxe como parâmetro de escolha em favor do álcool.
Porém, sei eu e sabe você, que a escolha do que vai no tanque na maioria das vezes não se dá por este critério. A impressão que tenho é que quem tem menos dinheiro no bolso vai quase sempre de mais barato álcool. Quem tem mais, caso dos donos de Audi do naipe do testado, escolheria por outros critérios. Agradar usineiros ou passar mais tempo distante da bomba, e segue longa lista.
Seja o que for, para mim — por princípio — interessará mais o comportamento do automóvel que, neste caso, quase não muda. Possivelmente a natureza técnica deste moderno 1,4-litro TFSI ajuda na sensação que ao passar do álcool para a gasolina tudo continue absolutamente a mesma. Nas “estilingadas” que sempre me permito, acelerações feitas saindo da imobilidade ou retomadas a partir de determinada velocidade, a diferença em favor do álcool levando em conta os preços do litro acima é desprezível, 5% — o álcool teria de custar R$ 2,51 para ficar no equilíbrio.
E é isso mesmo o que diz a ficha técnica do A3 dotado do primeiro motor flex da marca dos quatro anéis entrelaçados. Tanto com um ou outro combustível os níveis de potência e torque não mudam. A taxa de compressão, 10,5:1, pode ser considerada conservadora mas, de fato, o que contribui à neutralidade é o evoluído sistema de injeção aliado à turbina que “sopra” a 0,8 bar. Enfim, as quatro letrinhas na tampa do porta-malas TFSI – Turbo Stratified Fuel Injection. O quatro em linha de exatos 1.395 cm3 é um motor sereno e não extremo. Cutucar o acelerador oferece um empurrão consistente mas nada de espantoso.
Aliás, um fato que de início estranhei é a permissão que o controle de tração dá aos pneus dianteiros para se esfregarem mais do que o usual nas saídas “pé no porão”. Qual a razão? Uma das hipóteses é o fator psicológico, pois pneus cantando sempre enfatizam a existência de força brutal que, definitivamente, não é o caso deste A3.
Teoria à parte, ao cabo de três semanas de convívio com este Audi enxergo nele o sedã perfeito para a jovem (ou nem tanto) senhora elegante, inclusive por ter sido capaz de refutar os óbvios SUV em favor de linhas definitivamente mais elegantes. Já o dono “menino” será aquele que embasará sua compra valorizando a grande tecnologia embutida, talvez a maior que o dinheiro pode comprar na faixa dos 110-150 mil reais.
Tanto ele quanto ela adorarão a suavidade do A3, cujas suspensões são incrivelmente capazes de engolir piso ruim sem passar nada para a cabine. Chega a ser curioso estar ao volante de um carro alemão e sentir este tipo de ajuste mais à la française e, falando em estar ao volante, é chover no molhado destacar a ótima ergonomia, com o agradável modelito de quatro raios caindo à mão perfeito, comandos intuitivos e fáceis de usar, elogio este que vale também para a central MMI. Áudio, navegação, comando variados… tudo é como se espera em um Audi.
Apesar de ter rodado pouco (não viajei de verdade, já disse…) as quase 50 horas passadas dentro desse A3 serviram para observar muito o interior. Quando na estrada olhamos para a frente, já no para e anda reparamos na costura, na textura, no detalhe. Um deles o quadro de instrumentos, mais exatamente o velocímetro. Minha consideração a respeito é que um ponteiro fininho, quase uma agulha, remete sempre à precisão. Alguns leitores comentaram a divisão de 5 em 5 km/h (até 80 km/h) ser excessiva. Risquinhos demais, disseram. Talvez, mas a mim não incomodou, a leitura é fácil e para quem não achar, há sempre o recurso de selecionar o velocímetro digital na tela central.
Nestes dias de trânsito aprendi que o sistema Pre Sense é ótimo nas vias expressas, freando e acelerando o carro dentro do parâmetro escolhido (velocidade e distância do carro à frente) de maneira perfeita. No relatório passado comentei este aspecto do ponto de vista rodoviário e contei sobre um veículo ter invadido a fresta quando rodava a cerca de 100 km/h, ocasionando uma freada autônoma intensa. Aconteceu de novo e agora na cidade, a 60 km/h, e notei que além a freada vem um sinal sonoro e um lampejo vermelho do ícone no painel: enfim, um A3 equipado com estes sistemas é o carro ideal para os distraídos.
Outra maravilha ocorre quando o congestionamento alcança o malvado estágio da velocidade a passinho de homem, quando o sistema consegue gerir o enervante ritmo sem erro. Exagerando, dá até para ler o jornal! Caso o trânsito pare de vez e o sistema start/stop estiver ligado, o motor apaga depois de um tempinho e só acorda se você acelerar (ou encostar o pé no freio, ou virar o volante), pois o Pre Sense não ligará o motor sem a intervenção do motorista. Segurança acima de tudo.
Falando em sistema start/stop, notei que por vezes ele não entrava em ação e pesquisei os porquês, ei-los:
1- Quando o motor não alcançou a temperatura mínima de exercício e/ou o ar-condicionado está a pleno
2- Quando o volante está girado a mais de 45º
3- Quando a inclinação da via supera os 12%
4- Quando a pressão no pedal do freio é mínima
Desnecessário explicar o porquê de tais parâmetros, não é? O viés é sempre o da segurança associado à praticidade que, de fato, são dois aspectos nos quais este A3 é referência.
Entrando na quarta e derradeira semana, intenções inalteradas: encher o carro e viajar para sentir se as suspensões confortáveis não sofrerão demasiadamente com a lotação plena e se a dirigibilidade não será afetada de maneira importante. E fora isso, haverá a sempre saborosa visita à Suspentécnica.
RA
Leia os relatos anteriores: 1ª semana – 2ª semana
Audi A3 Sedan Ambiente 1,4 TFSI Flex Tiptronic
Dias: 21
Quilometragem total: 992,6 km
Distância na cidade: 770,0 km (77,6 %)
Distância na estrada: 222,6 km (22,4 %)
Consumo médio: 6,4 km/l
Melhor média (álcool): 11,7 km/l
Melhor média (gasolina): 14,9 km/l
Pior média (álcool): 4,1 km/l
Pior média (gasolina): 5,9 km/l
Média horária: 20,4 km/h
Tempo ao volante: 48h35minutos
FICHA TÉCNICA AUDI A3 SEDAN AMBIENTE 1,4 TSI TIPTRONIC FLEX | |
MOTOR | |
Tipo | Ignição por centelha, 4 tempos, flex |
Instalação | Dianteiro, transversal |
Material do bloco/cabeçote | Alumínio/alumínio |
N° de cilindros/configuração | 4 / em linha |
Diâmetro x curso | 74,5 x 80 mm |
Cilindrada | 1.395 cm³ |
Aspiração | Forçada por turbocompressor com interresfriador, pressão 0,8 bar |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Potência máxima | 150 cv de 4.500 a 5.500 rpm |
Torque máximo | 25,5 m·kgf de 1.500 a 4.000 rpm |
N° de válvulas por cilindro | 4 |
N° de comando de válvulas /localização | 2 / cabeçote, com variador de fase de admissão e escapamento, corrente |
Formação de mistura | Injeção direta Bosch MED |
ALIMENTAÇÃO | |
Combustível | Gasolina e/ou álcool |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Tensão | 12 V |
Gerador | Alternador 140 A |
Capacidade da bateria | 59 A·h |
TRANSMISSÃO | |
Rodas motrizes | Dianteiras |
Câmbio | Automático epicíclico Tiptronic |
N° de marchas | 6 à frente e uma à ré |
Relações das marchas | 1ª. 4,670:1; 2ª. 2,530:1; 3ª. 1,556:1; 4ª.1,130:1; 5ª. 0,859; 6ª 0,686; ré 3,185 |
Relação de diferencial | 3,683:1 |
FREIOS | |
De serviço | Hidráulico, duplo circuito em diagonal, servoassistido, ABS com EBD |
Dianteiro | Disco ventilado Ø 288 mm |
Traseiro | Ø 272 mm |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson com subchassi, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora incorporada ao eixo |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência elétrica indexada à velocidade |
Diâmetro mínimo de curva | 10,9 m |
Relação de direção | 15,3:1 |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio 7,5J x 17 |
Pneus | 225/45R17W |
PESOS | |
Em ordem de marcha | 1.240 kg |
Carga máxima | n.d. |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, sedã 4 portas, 5 lugares |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 4.456 mm |
Largura sem espelhos | 1.796 mm |
Altura | 1.416 mm |
Distância entre eixos | 2.637 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.555/ 1.526 mm |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,30 |
Área frontal (A) | 2,12 m² |
Área frontal corrigida (Cx x A) | 0,636 m² |
CAPACIDADES | |
Porta-malas conforme VDA | 425 litros |
Tanque de combustível | 50 litros |
DESEMPENHO | |
Velocidade máxima | 215 km/h (G e A) |
Aceleração 0-100 km | 8,8 s (G e A) |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |
Cidade | 11,7 km/l (G) e 7,8 km/l (A) |
Estrada | 14,2 km/l (G) e 9,9 km/l (A) |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 6ª | 47,4 km/h |
Rotação do motor a 120 km/h em 6ª | 2.500 rpm |
Rotação do motor à vel. máxima 6ª | 4.500 rpm |