O desempenho da indústria automobilística no segundo semestre deste ano representará um importante marco para o setor: a retomada do crescimento. É o que apontam os dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgados hoje em São Paulo e que trazem novas projeções para o encerramento do ano.
A justificativa para esta alteração de viés, na visão de Luiz Moan Yabiku Júnior, presidente da entidade, baseia-se no fato de que boa parte dos desafios do primeiro semestre foi superada:
“As turbulências que pairaram sobre o setor neste primeiro semestre estão sendo superadas e o viés agora é de crescimento. As questões de financiamento pelo PSI, que travaram a comercialização de veículos pesados e máquinas autopropulsadas no início do ano, foram resolvidas. O acordo com a Argentina foi assinado e já está em vigor. As alíquotas do IPI foram mantidas até o fim do ano. São fatores que nos fazem ter a convicção que o segundo semestre será melhor que o primeiro”.
Luiz Moan Yabiku Júnior lembra que o cenário pode ser ainda mais positivo se houver oferta de crédito: “Ainda há um cenário de forte restrição ao crédito, que se for minimizado poderá funcionar como catalisador do desempenho”.
Tributos
A Anfavea também apresentou, na ocasião, estudos sobre a geração de tributos da indústria automobilística, a carga tributária que incide sobre os veículos e os impactos da manutenção das taxas do IPI até o fim do ano. No caso do IPI, de acordo com as estimativas apresentadas, se a decisão fosse pelo aumento das alíquotas, haveria redução de vendas de 165,2 mil veículos leves nos últimos seis meses de 2014.
Para Luiz Moan Yabiku Júnior, “se o IPI fosse elevado, o panorama previsto para o segundo semestre poderia ser comprometido, pois cada ponto porcentual de aumento do imposto incidiria um aumento no preço de 1,1% e impacto de 2,6% de queda no mercado. Além de elevar a carga tributária no veículo brasileiro, que já é uma das mais altas do mundo”.
O estudo sobre a carga tributária do veículo brasileiro mostra que 28,1% do preço de um automóvel flex com motorização entre 1.000 cm³ e 2.000 cm³ são de impostos. Esse número é maior, por exemplo, do que os 18% de um veículo similar na Itália, 7% nos Estados Unidos e 9,9% no Japão.
Essa comparação é feita com base na participação dos impostos no preço final ao consumidor, critério diferente daqueles utilizados em outros países, que indicam qual é a carga tributária adicionada ao preço do veículo sem impostos. Neste critério, proposto pelo estudo, a totalidade da carga adicionada a esse mesmo automóvel no Brasil é de 54,2%.
A carga tributária neste patamar, considerando não só o veículo em si mas também a cadeia produtiva e pós-produtiva, coloca a indústria automobilística como uma das mais importantes para a economia do País: mesmo com o IPI reduzido em 2013 a geração de tributos do setor naquele ano, segundo estimativas da Anfavea, foi de R$ 178,5 bilhões, o que representa cerca de 12% do total de tributos considerados.
Mercado
A indústria automobilística registrou retração no licenciamento de autoveículos quando comparadas as 263,6 mil unidades comercializadas em junho deste ano com as 293,4 mil de maio – baixa de 10,2% — e com as 318,6 mil do mesmo mês do ano passado — menor em 17,3%. O período acumulado do primeiro semestre também apresenta recuo: 7,6% ao se comparar as 1,66 milhão de unidades de 2014 com as 1,80 milhão de igual período de 2013.
Nas exportações o sexto mês teve queda de 31,2% com relação a maio — 24,2 mil unidades contra 35,2 mil — e de 51,1% frente a junho de 2013, quando saíram do País 49,4 mil autoveículos. O total de unidades exportadas na primeira metade do ano ficou 35,4% abaixo do mesmo período de 2013: foram 169,5 mil este ano contra 262,3 mil no ano passado.
Com este cenário a produção também apresentou recuo: de 16,8% no acumulado do semestre, ao se defrontar as 1,57 milhão deste ano com as 1,88 milhão do ano passado. Em junho de 2014 foram produzidos 215,9 mil autoveículos, o que representa diminuição de 23,3% com relação as 281,4 mil de maio e de 33,3% sobre as 323,9 mil de junho de 2013.
Novas projeções
A Anfavea revisou suas projeções para o fechamento de 2014. A expectativa agora é de retração de 5,4% nos licenciamentos, enquanto na produção é de 10% e nas exportações é de 29,1%. Os números, apesar de negativos, indicam que o segundo semestre será melhor que o primeiro em todos os itens. (Anfavea)
Resumo de vendas:
Licenciamento total de veículos leves – junho 2014 | |||||||
Fabricante | Autos | Com. leves | Total | % | |||
Posição | |||||||
1º | Fiat | 37460 | 13750 | 51210 | 20,40 | ||
2º | VW | 37233 | 8545 | 45778 | 18,24 | ||
3º | GM | 35444 | 7912 | 43356 | 17,27 | % | |
4º | Ford | 15917 | 6015 | 21932 | 8,74 | 64,648 | 4 grandes |
5º | Renault | 12236 | 5435 | 17671 | 7,04 | ||
6º | Toyota | 9375 | 5090 | 14465 | 5,76 | ||
7º | Hyundai BR | 14350 | 0 | 14350 | 5,72 | ||
8º | Honda | 9541 | 858 | 10399 | 4,14 | ||
9º | Outras | 2402 | 4385 | 6787 | 2,70 | ||
10° | Nissan | 4751 | 857 | 5608 | 2,23 | ||
11° | Hyundai Imp | 871 | 3968 | 4839 | 1,93 | ||
12º | Mitsubishi | 361 | 4070 | 4431 | 1,77 | ||
13º | Citroën | 4213 | 128 | 4341 | 1,73 | ||
14º | Peugeot | 2732 | 212 | 2944 | 1,17 | ||
15º | Mercedes | 667 | 756 | 1423 | 0,57 | ||
16º | Audi | 596 | 506 | 1102 | 0,44 | ||
17º | Iveco | 0 | 270 | 270 | 0,11 | ||
18º | Mahindra | 0 | 52 | 52 | 0,02 | ||
19º | Subaru | 8 | 48 | 56 | 0,02 | ||
20º | Agrale | 0 | 1 | 1 | 0,00 | ||
188157 | 62858 | 251015 | 100,00 | ||||
Fonte: Anfavea |