Coluna 3414 18.agosto.2014 rnasser@autoentusiastas.com.br
A linha 2015 da Volkswagen expõe exercícios de criatividade: mescla os novos motores EA211 de três e quatro cilindros, a incorporação de itens eletrônicos para conforto e segurança, e opção de câmbio com seis marchas. Curiosamente faz miscela — deve ser fugaz — entre as novidades e motores e câmbios antigos, criando diversidade em versões entre mecânica, segurança, decoração, conforto.
É o retrato para o mercado deste ano: novidades e maior conteúdo para reverter as projeções de 5% de queda média em todas as marcas.
No caso do Fox, agora apresentado, mudança no grupo óptico. No frontal, mais inclinado, atrás, lanternas maiores. E friso cromado inferior na dianteira e traseira. As opções já conhecidas motores 1,0, 76 cv, e 1,6-litro, 104 cv, 2 válvulas por cilindro, câmbio de cinco marchas, se interpenetram com as versões melhor equipadas com os novos motores da família EA211 com duplo comando, 16 válvulas e avanços técnicos, e o câmbio de seis marchas.
O pacote de opções para conteúdo é rico, superior ao no momento oferecido em carros dos mesmos patamares de preço. Do controle de estabilidade, sensores de estacionamento, direção elétrica assistida, controles para partida em rampa, e tração. Na prática quatro versões de decoração, quatro motores, três transmissões — cinco e seis marchas e mais o automatizador. Ganho mecânico está no sistema de freios dianteiros com discos de 28 cm ante 25,6 cm.
Saveiro
O veículo com maior dedicação na linha é o picape Saveiro. A VW quer reduzir a distância ao líder, o Fiat Strada. Daí aplicou-se a melhorá-lo, a partir das dimensões internas maiores, mais confortáveis, e de caçamba, dotando-o de opção com cabine dupla, criando banco traseiro para três pessoas. Tem agora três versões de cabine — simples, estendida e dupla —, e o novo motor EA211 de quatro cilindros e 16 válvulas. Na versão de topo Highline, freio a disco nas quatro rodas, três apoios de cabeça no banco traseiro, freios ABS para uso off-road, controles de estabilidade, tração, e partida em rampa.
Outra motorização é o antigo motor 1,6 litro.
Na prática tem o melhor conteúdo tecnológico da categoria.
A VW preparou-se, ampliando a capacidade de produção do Saveiro.
Enfim, a GM se atualiza
Anúncio pela presidente da marca Mary Barra diz, empresa investirá US$ 2,8B — R$ 6,5B — para se reposicionar no mercado, focando no desenvolver produtos, tecnologias, nacionalização de componentes, treinamento de empregados.
Na prática significa mudar sua base no mercado, lastreada em veículos adaptados sobre a plataforma do Corsa, e com motores herdados ao Monza; fazê-los atualizados, e partes de carros, como o Cruze, hoje com boa parte de seu conteúdo importado; instalar máquinas adequadas aos tempos atuais de briga por centavos na redução de custos, substituindo mão de obra; oxigenar a abrasiva relação com os sindicatos. Nesta parte é um porrete de ipê.
Os novos produtos, substituindo Classic, Celta, Agile, Montana etc., são do chamado Projeto Âmbar. Da nova estrutura mecânica surgirão sedã 4-portas, hatch de duas, station wagon e possível utilitário esportivo – linhas gerais no conceito Y mostrado pela empresa há algum tempo. Picape pequeno, exclusividade nacional, decisão posterior. Estes Chevrolet não são competitivos.
Fonte do setor indica ser o projeto mais sólido da GM nos próximos anos, ante a necessidade de focar em mercados com capacidade ascendente, embora com problemas passageiros como os da América Latina — queda de vendas no Brasil, Argentina e necessidade de definição com a Venezuela, no caso apta a montar produtos enviados pelas GM daqui e da vizinha.
Para cumpri-lo, ampliará áreas de engenharia e design, pela exigida especialidade estrutural e de suspensão para sobrevivência dos produtos às agruras dos pisos e buracos nacionais. Outra fonte, mais otimista, diz, será projeto mundial criado no Brasil.
Não há informação sobre a GM mudar a motorização básica para 1,0 com três cilindros, tendência mundial, onde se inclui esta marca, e se elegeu no acordo operacional com a Peugeot há poucos meses. O projeto de produção de caixas de marchas automáticas, na nova fábrica em Santa Catarina, onde se fazem apenas as manuais, será retomado.
Enfim, a Suzuki aumenta o leque de produtos
Instigada pelos revendedores buscando mais opções a seus showrooms, a Suzuki lançará próximo dia 29 o Swift Sport. Nome de pequeno hatch importado com a abertura dos portos ao início dos anos 1990, mas nada a ver.
Por descrição à morfologia, é um hatch pequeno. Alegra-o motor deslocando 1,6 litro, quatro cilindros, 16 válvulas, transversal, dianteiro. Terá, salvo engano, a potência mais elevada entre os 1.600-cm³ de aspiração atmosférica à venda no país, ao expelir 136 cv.
Automóvel seguro, cinco estrelas em testes do Euro NCAP, estará no segundo degrau de preços da marca, acima de seu único produto nacional, o jipe Jimny, encontrável a R$ 55 mil. E abaixo do SX4, negociável acima de R$ 65 mil.
Presumivelmente esperto no acelerar por conta do peso faceando os 1.000 kg, tem quatro lugares — os posteriores sem maior conforto.
Vendas ao início de setembro — previsão anterior seria pós-Salão do Automóvel.
Enfim, a JAC engrena
Após terraplanar área em Camaçari, município baiano próximo a Salvador, o empresário Sérgio Habib reteve os investimentos para a construção de fábrica apta a 100 mil automóveis anuais da chinesa marca JAC, sua representada com exclusividade, e transferiu o início da produção a data futura.
Queda de mercado, imposição de barreiras tarifárias extras, limitação de importações, má situação econômica do país, diminuíram o fluxo de caixa, garrotearam os lucros, motivaram fechamento de 20% das revendas dentre as 50 por ele operadas, definindo: em tal cenário o sonho de ser dono de fábrica superava a razão. Sofreou o negócio, avocou a si a responsabilidade, interrompeu o cronograma, parou a obra.
Razão
Fonte baiana diz, coragem da mudança estaria em frase aposta num Chevrolet sedã, de 1932, de vizinho à sua casa de recreio no litoral da Bahia. Proprietário, volátil argentino, usufrui do patrimônio conquistado em meio século, e em férias rodoviárias cruza o mundo sobre o antigo e digno automóvel. Mesma frase o colocou na estrada: “O conquistador não pode ser escravo de suas conquistas”.
Agora
Habib mudou o convívio com a JAC chinesa, recompôs os negócios, separou indústria e comércio. Produção será operação independente. Chineses com 66% das cotas, Habib 34%. Outra empresa, do empreendedor nacional, comprará, distribuirá e venderá os automóveis e os modelos importados — aos concessionários, terá 100% das cotas com a holding SHC, guarda-chuva e sol da variedade de negócios de Habib, relacionados a automóvel ou sua operação.
Com novo desenho societário obras serão retomadas no próximo mês, com inauguração prevista para 13 meses após o início – expectativamente em outubro de 2015, produzindo a modelia 2016.
RODA A RODA
No clima – Chrysler usou o maior evento automobilístico de rua, o Woodward Dream Cruise, e mostrou o novo Dodge Charger SRT Hellcat, muscle car poderoso, 717 cv e 88 m·kgf de torque. Caixa automática de 8 marchas.
Mercado – É a volta da Chrysler ao incremento à performance com o sedã é o mais rápido do mundo. 0 a 100 km/h em 3,7s e máximos 328 km/h.
Situação – Nestes tempos de internet e smartphone vistos por crescente faixa da população mais atrativos que automóveis e sexo, carros desmesuradamente potentes e de estonteantes reações, são grito da indústria ao remanescente público que ainda prefere mexer em botões de automóveis e de vestidos.
Caminho – Volvo vende modelia 2015 da família 60: S, automóvel; V, camioneta; XC, utilitário esportivo. Motores transversais L-4, desenho novo, 2 litros, 245 cv, caixa automática 8 marchas; e L-6, 304 cv e seis marchas. Maior novidade é o Sensus Connect, interface tecnológica via Bluetooth e celular.
Sim e não – Coisas positivas como ligá-los a distância e regular a temperatura interna, via celular. Inutilidades, dispor via satélite de 50 mil estações de rádio e 12 milhões de faixas de música. R$ 157.950 a R$ 250.950.
Ecologia – BMW abriu pré-inscrição — tipo auditoria em previsão de mercado de 130 unidades neste ano — para aquisição do modelo i3 — seu carro elétrico. Autonomia de até 160 km, e versão com motor auxiliar de motocicleta, 650 cm³, 34 cv, só para acionar gerador, carregar baterias, aumentar autonomia. Ver e pensar nos revendedores em São Paulo, Rio, Florianópolis, Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Brasília.
Mercado 1 – Nissan faz versão de menor preço em seu picape Frontier, com câmbio automático de cinco marchas. É a SV Attack 4×4, a R$ 114.790. Versão superior incrementa tecnologia, conectividade e conforto, e mantém o leque com tração em duas e quatro rodas.
Mercado 2 – Outro Nissan, o Livina, parece, não verá o próximo ciclo lunar. Um dos veículos mais inadequados ao país, nunca decolou, teve produção detida e agora, tudo indica, se vai sem saudade.
Mãozão – Durante o Congresso da Fenabrave, Cláudio Bernardo Guimarães de Moraes , superintendente do BNDES informou, 71% das vendas de caminhões e ônibus no Brasil são feitos pelo banco de fomento.
Útil & fútil – Mercedes-Benz em novo negócio: locação de seus automóveis. Por enquanto recebidos e entregues na sede, em São Bernardo do Campo, SP, ou local combinado. Diária começa em R$ 500 para o C 180 Turbo Sport 2013/4 — modelo antigo. Tudo combinável em www.mbrent.com.br ou tels. (11) 5070-8570/71. Tirar uma onda, impressionar, ficar bem na foto? Ligue.
Negócio com previsão de franchise a seus revendedores.
Não mexa! – Parece, foi esta a ordem do presidente da Honda ao diretor comercial quanto a mudanças na motocicleta CG 125 Fan e no scooter Biz 100, mais baratos da linha. Ordem acatada, apenas novas cores.
Chamada – Proprietários de motocicletas com pneus frontais Continental chamados a substituí-los. Fabricante descobriu e alerta sobre o perigo de separação entre banda de rodagem e lonas, perdendo pressão e dirigibilidade. Mais, www.continentalinforma.com.br, tel. 0800-170061
e-mail informe@conti.com.br
Charme – Focando em clientela com elevado poder aquisitivo, donos de Mercedes, BMW e Audi, a Lexus, marca luxuosa da Toyota, patrocina o Nespresso Trophy, maior campeonato brasileiro de golfe amador. Tipo chique.
Vizinho – MAN Latin America vendeu 46 ônibus sobre chassis VW 17.210 OD e 17.230 EOD à maior cooperativa de transportes urbanos no Equador.
Ali – Volvo fornecerá 40 ônibus articulados para o sistema BRT em Goiânia.
Maior – Federal-Mogul, de autopeças, assumiu a fábrica da Honeywell em Sorocaba, SP, produtora de pastilhas, lonas, sapatas e fluidos de freios Jurid e Bendix. Aumento de capacidade de distribuição a fabricantes, montadoras e lojas na América do Sul.
Recordista – Recorde na Semana Santa — como nos EUA chamam o período dos incontáveis eventos em Carmel, Califórnia, culminando com o Pebble Beach Concours d’Elegance.
Impensável – Um dos 37 Ferraris 250 GTO, leiloado pela casa Bonhams no exclusivíssimo Quail Lodge, atingiu impensáveis US$ 38,115 milhões. Recorde era do Mercedes Flecha de Prata ex Juan Manuel Fangio, US$ 29,6M. Outros Ferrari, 250 Berlinetta Mille Miglia — para competir na mítica prova —, marcou US$ 7,2M, e conversível 250 GT Cabriolet foi mais barato — apenas US$ 6,8M.
Gente – Eduardo Thiele, engenheiro mecânico automobilístico pela FEI, ampla experiência na indústria, novo gerente de vendas da International Caminhões. OOOO José Luiz Vendramini, engenheiro mecânico, vivência nacional e internacional em indústria automobilística, ex-GM e Kia, parada dura. OOOO Novo diretor de vendas da Nissan, e missão de levar a companhia a 5% de vendas no mercado até 2016. OOOO Número supera soma de Peugeot e Citroën. OOOO Eduardo Chaves, engenheiro, promoção. OOOO Geria fabricação de motores no Centro de Produção da Peugeot Citröen em Porto Real, RJ, agora é dirige a fábrica. OOOO
Foi-se Valentino, pioneiro da Fiat
Aos 79 anos o engenheiro Silvano Valentino passou. Nascido em Turim, engenheiro mecânico pelo Instituto Politécnico, aos 25 anos entrou na matriz da Fiat. Trabalhou na fábrica de Mirafiori, implantou e dirigiu a de Cassino. Ainda na Itália foi diretor de pessoal (RH). Em 1976 assumiu cargo exercido com discrição: era o vice-presidente da recém-inaugurada Fiat Automóveis no Brasil. Representava o acionista majoritário, mas o presidente era indicado pelo acionista menor, o Estado de Minas Gerais.
Valentino ascendeu à presidência com a saída do sócio estatal, e oportunidade e desafio de iniciar plano aparentemente impossível: deixar de ser a quarta colocada em vendas e preparar-se para ser a primeira.
Paralelamente a grande aperfeiçoamento e rigor técnico em processos e produtos, e ao início da mineirização, a atração dos fornecedores para Minas, a cargo do então diretor de compras Cledorvino Belini, demarrou expandir a área construída. Como se dizia então, fez outra Fiat dentro da Fiat. Missão cumprida elevaram-no ao topo da estrutura, presidência da holding, a Fiat do Brasil.
De 1995 a 1998 presidiu a Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, em gestão de concentração do interesse dos sócios, educada e de pouco aparecer.
Interlocutor sóbrio, coerente, confiável, foi-se com lamentável acerto de previsões: que se o Brasil não unisse esforços governamentais, implantasse infraestrutura, reduzisse impostos, mobilizasse a indústria com este foco, nunca teria autopeças e produtos capazes de competir em preços. Como ocorre hoje, passados quase 20 anos.
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