Em uma das corridas mais monótonas da temporada, o Campeonato Mundial de F-1 ganha novo líder na calada de uma noite quente e úmida. Nico Rosberg abandona e Massa volta a pontuar.
Reino do Safety Car, o GP de Cingapura deste ano foi uma das corridas mais monótonas de uma temporada onde apenas a Red Bull tem se mostrado capaz de fazer brilhar bandeiras outras no Reino de Mercedes. Pela primeira vez em 2014, Sebastian Vettel (2°) terminou a corrida à frente de Daniel Ricciardo, os dois completando o pódio ao lado de Lewis Hamilton. Um problema de conexão eletrônica do volante causou o segundo abandono de Nico Rosberg no ano e a perda da liderança: agora ele soma 238 pontos, contra 241 de Lewis Hamilton.
Durante o procedimento de largada as imagens da transmissão de TV deixaram claro que Rosberg tinha problema com o volante do seu Mercedes AMG W05: o alemão virava a peça para a esquerda e para a direita com o carro parado, pane que motivou a retirada do seu carro para a frente de boxe. Volante trocado, Nico largou dali e jamais teve um carro em ordem: as trocas de marcha falhavam num dos circuitos onde as mudanças precisas e constantes são cruciais. Tivesse acontecido em Monza certamente ele teria completado mais que as 13 voltas que fez num ritmo, em média, cinco segundos mais lento que seu companheiro de equipe e líder da prova.
Diagnósticos preliminares dão conta que o problema foi localizado em um cabo quebrado, o que impediu que funções como troca de marchas, controle de recuperação de energia, uso da asa móvel, entre muitas outras, fossem executadas. Para a Mercedes, esta pane eletrônica é uma tempestade de água gelada num programa que parece não ter limitações financeiras. Considerando que cada piloto participou de 14 GPs, são cinco (duas do alemão e três do inglês, uma delas por conta de um “acidente” doméstico) desistências em 28 possibilidades (quase 20%…), o que deixa claro que, tão ou mais grave que as diferenças entre seus dois pilotos, a equipe alemã tem na confiabilidade um ponto fraco que não corresponde ao investimento feito em material técnico e recursos humanos.
Já na Red Bull o alemão Sebastian Vettel conseguiu pela primeira vez terminar uma corrida à frente do australiano Daniel Ricciardo. Coincidência ou não, crescem os rumores sobre a possível ida de Vettel para a Ferrari, onde substituiria Fernando Alonso; a F-1 sempre foi pródiga em gerar teorias da conspiração e o momento é igualmente adequado para este roteiro, ainda mais quando se nota que os dois pilotos fizeram a primeira parada no boxe na mesma volta. Das duas, uma: ou alguém atropelou a estratégia do outro (mais provável, particularmente em se tratando de Vettel…) ou a equipe confiou absurdamente na eficiência do pessoal de boxe. Como a estratégia não se repetiu — Vettel parou outra vez na 25ª e Ricciardo na 27ª —, reforça-se a primeira hipótese.
A Williams chegou a preocupar muita gente após um início de treinos desastroso: sabe-se que o melhor rendimento do FW36 é melhor em pistas de velocidade média-alta, o que não é o caso de Cingapura: comparado com Monza (236 km/h) a pista de rua da Ásia é quase uma procissão (165 km/h) se levarmos em conta as melhores voltas da prova, ambas de Lewis Hamilton. Mesmo assim, ver Felipe Massa e Valteri Bottas fora dos dez mais rápidos na sexta-feira teve o mesmo efeito que imaginar um bom lucro para casa sde apostas.
Para domingo a situação mudou depois que o brasileiro e o finlandês conseguiram o sexto e o oitavo lugares na largada. Massa parece voltar pouco a pouco à sua melhor forma e completou nada menos de 38 voltas com um jogo de pneus macios, algo que ninguém conseguiu igualar ou superar… e que preocupou muita gente.
Coisa rara, Bottas completou a prova fora da zona de pontos, 1”85 atrás de Kevin Magnussen, que outra vez deu mostras do seu estilo arrojado. Mesmo com Alonso e R”ikkönen marcando pontos, a equipe de Groove continua à frente da Ferrari no Mundial de Construtores.
Sem tanta euforia, mas com a tocada forte de sempre, Fernando Alonso outra vez tirou leite de pedra de um Ferrari que ainda está um degrau (ou mais…) abaixo da concorrência. O espanhol marcou presença de forma inusitada ao devolver uma posição logo no início da prova exatamente para…Sebastian Vettel, nome que é a bola da vez como a mais nova contratação de Maranello. Ao perder o ponto de freada logo no início da primeira volta o, espanhol passou o alemão e o australiano Daniel Ricciardo.
A F-1 agora segue para Suzuka, autódromo de propriedade da Honda, que retorna à categoria no ano que vem provedora de motores associada à McLaren. Assim, é lícito esperar que alguma novidade seja revelada oficial ou oficiosamente às vésperas do GP do Japão. O resultado completo do GP de Cingapura você encontra aqui e o vídeo com os melhores momentos da prova pode ser visto clicando aqui.
WG