Uma moto cujo destaque é a versatilidade. Não é expoente em nada, não é a mais rápida, não é a mais veloz, não é a mais isso ou mais aquilo, mas ela nos conquista pela média, por ser boa em tudo. O motor bicilíndrico de 471 cm³ gera 50,4 cv a 8.500 rpm e 4,55 m·kgf a 7.000 rpm; e ela é uma moto leve, pesa 190 kg com tanque cheio (180 kg a seco), o que representa só 29 kg mais que uma CB300 R. Essa boa relação peso-potência (3,6 kg/cv sem o piloto) lhe dá uma aceleração de dar gosto.
As seis marchas são próximas, então é tratar de meter marcha atrás de marcha em rápidas sucessões, o giro caindo muito pouco ao entrar a marcha seguinte, que nesse ritmo ela acelera para valer. Com carros tenho mais facilidade em acertar os tempos da aceleração do zero aos 100 km/h, mas me arrisco a dizer que esta moto o faz na casa dos 5 segundos, o que é algo respeitável, rápido; poucos carros a superam na arrancada, bem poucos.
O conjunto é muito bom. Ela toda é certa; com ótima ciclística, comandos precisos, boa ergonomia, pouco peso, tamanho médio, ágil, suspensão não muito dura, no ponto, e com suficiente curso para enfrentar piso ruim e buracos inevitáveis, além das lombadas. Uma excelente naked para quem quer entrar no mundo das big bikes e ainda não se acha suficientemente experiente para dominar com tranqüilidade uma moto mais pesada e, digamos, estúpida. Esta, não.
Esta é um “docinho”. Escrevo aqui “docinho”, pois essa é a palavra que sempre me tem vindo à boca quando perguntam sobre ela. Um docinho porque ela é dócil, muito equilibrada e obediente. Obedece imediatamente a qualquer comando, seja para acelerar rápido, seja para frear forte, seja para deitá-la e levantá-la nas curvas, seja para passear devagar em giro baixo só curtindo a brisa.
É uma moto que agrada no dia-a-dia, porque além de “maneira” não é uma moto calorenta no trânsito — de seu motor e radiador não vêm lufadas quentes — e também agrada em viagens de fim-de-semana. Não há como não gostar dela.
Na década de 1980 tive uma CB400 nacional, motor preparado pela Projeto H, e andar nesta CB500 F me trouxe reminiscências dessa boa moto, principalmente pelo porte e posição de dirigir. Na certa os saudosos das CB400 e CB450 terão nela a sua versão moderna, claro que em muito melhorada, em tudo. Absolutamente tudo, menos a posição da garupa, que nesta é elevada em relação à sela do piloto. Prefiro sela plana, com mesma altura entre piloto e garupa, para que a moça que ali vai se abrigue atrás de nós. Além disso, a garupa sentando mais baixo há menor elevação do centro de gravidade do conjunto.
Também não é muito do meu agrado o painel digital. O conta-giros está de difícil legibilidade. Na verdade, ainda não encontrei um mostrador digital de moto com tão rápida leitura quanto à de um bom analógico. Acho isso importante principalmente para motos, pois com elas temos que redobrar a atenção com o que vai adiante e perder menos tempo olhando os mostradores. Perigos secundários para um carro são prioritários para uma moto: buracos, veículos dirigidos por descuidados, areia no asfalto, óleo, trecho molhado em sombreados etc. Prefiro os ponteiros dos mostradores analógicos, pois com eles basta uma batida de olho para que saibamos o necessário.
A naked CB500 F tem duas irmãs mais novas — elas foram lançadas este ano e a naked ano passado — com as quais compartilha o mesmo conjunto motriz, a esportiva CB500 R e a crossover CB500 X. Esta naked é a que me parece a mais versátil, pois sua posição de montada é a mais tradicional para as motos, tempo em que uma só moto tinha que encarar todas. O guidão da naked é um pouco mais alto que o da esportiva e um pouco mais baixo que o da crossover, portanto, não é baixo a ponto de nos cansar as costas por ficar muito tempo debruçado numa viagem longa, como é o caso da esportiva, nem alto a ponto de nos deixar escorando muito vento no peito, caso da crossover. Nas crossover se resolve isso com uma bolha protetora, porém, se você não é muito chegado a essas bolhas, como eu, preferirá a posição proporcionada pela naked, com os braços mais baixos e juntos, o que nos deixa mais “aerodinâmicos” e dispensa a bolha.
Na estrada, em 6ª marcha e a 120 km/h reais o giro vai a 6.000 rpm. O motor gera potência de sobra a essa rotação. A 6ª poderia ser um pouco mais longa e se percebe isso quando volta e meia, instintivamente, buscamos uma marcha mais. Mas não chega a incomodar, pois a esse giro o motor vai liso e até permite manter velocidades de cruzeiro mais altas. O corte de rotação, limpo, ocorre a 9.000 rpm.
Na estrada fez média de 25 km/l, o que reputo econômica para o desempenho. Com seu tanque de 15,7 litros a autonomia é de quase 400 quilômetros.
Custa R$ 22.000. Com freios ABS o preço aumenta para R$ 23.500.
AK
Fotos: autor
FICHA TÉCNICA HONDA CB 500 F | |
MOTOR | |
Tipo | 4-tempos, dois cilindros paralelos, refrigeração líquida. duplo comando, quatro válvulas por cilindro, árvore de balanceamento, gasolina |
Diâmetro x curso | 67 x 66,8 mm |
Cilindrada | 471 cm³ |
Potência máxima | 50,4 cv a 8.500 rpm |
Torque máximo | 4,55 m·kgf a 7.000 rpm |
Formação da mistura | PGM-F1 com corpos de borboleta de 34 mm |
Ignição | Transistorizada digital controlada por computador, avanço eletrônico |
Taxa de compressão | 10,7:1 |
Sistema de partida | Elétrica |
TRANSMISSÃO | |
N° de marchas do câmbio | Seis |
Transmissão final | Corrente selada com O-ring |
Embreagem | Multidisco, comando mecânico |
CHASSI | |
Quadro | Diamond cm tubos de Ø 35 mm |
Cáster | 25°30′ |
Avanço | 103 mm |
Suspensão dianteira | Garfo de 41 mm, curso 109 mm |
Suspensão traseira | Pro-Link monomola com 9 posições de pré-carga, curso 119 mm |
Freio dianteiro | Disco ondulado de Ø 320 mm, pinça de 2 pistões |
Freio traseiro | Disco ondulado de Ø 240 mm, pinça de 1 pistão |
Controle | ABS opcional |
Pneu dianteiro | 120/70R17 |
Pneu traseiro | 180/60R17 |
DIMENSÕES, PESOS E CAPACIDADES | |
Comprimento | 2.075 mm |
Largura | 780 mm |
Altura (com espelhos) | 1.060 mm |
Entreeixos | 1.409 mm |
Altura da sela | 785 mm |
Peso em ordem de marcha | 190 kg (com ABS, 192 kg) |
Tanque de combustível | 15,7 litros |
INSTRUMENTAÇÃO | |
Itens | Velocímetro e conta-giros digitais, hodômetro totalizador e parcial, consumo instantâneo e médio, relógio, luzes-testemunha |
ILUMINAÇÃO | |
Farol | Superfície complexa, lâmpada halógena H4 |
DESEMPENHO E CONSUMO | |
Velocidade máxima (est) | 176 km/h |
Consumo médio (EUA) | 25,5 km/l |