Outro dia estava pensando nos problemas de tráfego que se acentuam cada vez mais e fiquei imaginando — sonhando? — se as coisas, e especial o cenário aqui, fossem diferentes. Vamos a elas, afinal é natural às portas de um ano novo ter-se desejos.
Combustível
Nos postos só haveria gasolina e diesel. Nada de álcool. Este, só como aditivo à gasolina em no máximo 10%. Carros dos países vizinhos poderiam nos visitar e vice-versa sem o menor problema. O consumo dos nossos automóveis seriam mundiais. Carro importado, era parar na primeira bomba encher o tanque, nada da calibração para nossa gasolina. Este custo para as fábricas desapareceria como por encanto.
Para a imprensa tudo ficaria mais fácil, não seria preciso falar em consumo e desempenho com dois combustíveis a partir do informado pelas fábricas e não se ficaria restrito à análise de um carro com um só combustível (ninguém é doido de usar os dois combustíveis em cada carro testado).
Lombadas
Simplesmente não existiriam, como não existiam até o começo dos anos 1980. Nossos carros não teriam suspensão elevada “para maus caminhos”, seriam melhores de dirigir e mais econômicos com a menor área frontal. Veículos de transporte coletivo teriam menos desgaste de suspensão, freios e embreagem, resultando em menor incidência de custos que compõem o preço das passagens. Ambulâncias, bombeiros e polícia poderiam atender os chamados com maior rapidez.
Velocidade
Acabar com todos os limites. No lugar, velocidade recomendada, na cidade e na estrada. Porém, provocou acidente estando acima dessa velocidade, punição severa, para valer mesmo, não a vergonha que é hoje. Não sei de ninguém preso por causar acidente. O leitor sabe? E na velocidade recomendada, separar veículos pesados de leves, não dá para nivelar por baixo. Uma curva que uma carreta deva fazer a no máximo 60 km/h, um automóvel faz a mais de 100 km/h com toda segurança.
Rodízio (aplicável a São Paulo somente)
Acabar com essa vergonha paulistana. Trânsito é como um ser vivo, se auto- ajusta. As pessoas se amoldam às necessidades, como sempre foi feito. Se um lugar fica difícil de viver devido ao trânsito excessivo, muda-se para outro bairro ou cidade ou simplesmente se utiliza transporte coletivo. Incontáveis empresas saíram de São Paulo e foram para o interior próximo. Pessoas que conheço também.
Ônibus
Acabar com esse absurdo completo de passageiros de pé nos ônibus. Se o cinto de segurança deve ser usado com passageiros sentados, é inadmissível que se viaje de pé. Nos aviões, quando há turbulência, passageiros são chamados a sentar e atar cintos. E por falar em ônibus, acabar com os famigerados microônibus, projetados para transporte escolar, por isso sendo impossível duas pessoas de compleição física normal ocuparem o mesmo bancos, tão estreitos que são.
Ainda no tema, acabar com os que produzem ruído excessivo. Não é possível que alguns façam tanto barulho, muitas vezes do ventilador do radiador. E tornar obrigatórios o câmbio automático epicíclico e o ar-condicionado.
Controle de tráfego
Semáforo, só onde for essencial. Na grande maioria dos casos são desnecessários, bastaria parada obrigatória ou rotatória. E havendo semáforos, controle inteligente, computadorizado. O que se vê no Brasil é absolutamente insano, dar verde e na quadra seguinte, fechar.
Veículos com escapamento alterado
Criar mecanismos de caça permanente a veículos de duas e quatro rodas com escapamento modificado para fazer barulho. O que se vê hoje — mais nas motocicletas — é absolutamente inadmissível. Ninguém tem o direito de incomodar os outros só porque curte um som de escapamento elevado.
Sacos de lixo
Criar e manter fiscalização permanente contra esse câncer brasileiro dos carros com vidros indispensáveis à condução escurecidos por sacos de lixo. Carro não é esconderijo, motorista tem de ver e ser visto. Os mínimos de transparência existem para ser cumpridos.
Qualidade das vias
As administrações dos três níveis terão de cuidar da qualidade das vias sob sua responsabilidade mantendo-as em condições segundo as normas técnicas vigentes custe o que custar. O custeio para isso pode ser conseguido facilmente com uma pequena taxa sobre os combustíveis. Basta querer fazer. É inadmissível avenidas com superelevação negativa nas curvas, por exemplo, a marginal do Tietê em São Paulo. Existe norma para isso e tem que ser observado.
Esses são apenas alguns exemplos de como poderíamos um trânsito melhor e mais seguro, menos estressante e mais justo para todos. O leitor do Ae certamente tem mais idéias sobre esse tema.
BS