Inclusão do GP da Coréia eleva a 21 o número de eventos em 2015 e aumenta para cinco o número de motores para o ano que vem. Em outra manobra política, Caterham é autorizada a carro de 2014 na próxima temporada. No Brasil provas de longa duração marcam o final do calendário de pista.
A inclusão do GP no calendário do Campeonato Mundial de Fórmula 1 pode ser interpretada, seguramente, como importante moeda de troca entre Bernie Ecclestone — ou como é moda dizer na Europa, o “detentor dos direitos comerciais” da categoria —, e as equipes que sobreviverem ao inverno do hemisfério norte. As duas faces dessa moeda podem ser resumidas em um aumento no faturamento de prêmios e lucros, que aumentará em aproximadamente 5%, e a possibilidade de continuar usando cinco “unidades de potência”, expressão usada para descrever o conjunto formado pelo motor V-6 de combustão interna e os dois sistemas de recuperação de energia.
A manobra permite gerar recursos — esporte que políticos brasileiros praticam com desempenho olímpico na modalidade “alocação de recursos” junto a empresas com interesses em obras públicas — que atenuam a grita por uma distribuição de lucros mais justa, algo que a sociedade brasileira também deseja, mas o faz em níveis próximos ao outrora popular futebol de várzea. Neste quadro, Force India, Lotus e Sauber poderão receber alguns trocados extras sem que Ecclestone & Co. tenha cedido às pressões para abrir o cofre, sem falar no efeito colateral de aplacar a fúria dessas equipes.
No território técnico, o aumento do calendário afeta diretamente a regra que estipula para 2015 que uma unidade potência seria autorizada a cada cinco provas. Como é impossível instalar 20% de um motor, arredonda-se para cinco o número de conjuntos autorizados para as 21 corridas do ano que vem. Não se surpreenda se mesmo com a supressão de uma prova, ou duas…, não se modifique a quantidade de motores autorizada à utilização.
No terreno das equipes, segue a onda de contratações e a agonia dos pilotos que disputam a última grande vaga da entressafra. A Ferrari anunciou o desligamento de Nikolas Tombazis, que será substituído por Simone Resta, e a chegada de Bob Bell. Filho de um dos mais famosos arquitetos gregos (Alexandros Tombazis), Nikolas formou-se em engenharia aeronáutica no Imperial College, uma das escolas que mais contribuiu para o desenvolvimento aerodinâmico da F-1; ele iniciou sua carreira na Benetton (1992-1995) e McLaren (2004-2005) e passou duas vezes pela Scuderia (1997-2003 e desde 2006). Certamente em muito breve deverá ser anunciado por uma nova equipe; seu desligamento abre espaço para a promoção do seu assistente direto, Simone Resta.
O irlandês Bob Bell já colaborou com as equipes Benetton, Jordan, Renault e Mercedes, onde estava cumprindo aviso prévio desde novembro do ano passado, algo previsto no código de ética entre as equipes de F-1 para a contratação e liberação de profissionais de alto escalão. Especializado em aerodinâmica e formado pelo Queen´s College, em Belfast, Bell ainda deverá ter seu cargo anunciado; entre outras ocupações, ele já desempenhou funções de diretor administrativo na Renault e na Mercedes.
McLaren segue na indecisão
Enquanto Ron Dennis segue impoluto na busca incessante por investidores que garantam a ele o controle acionário da tradicional equipe, voltaram a circular nas redes sociais fotos do carro que poderia acabar com a angústia de Jenson Button e Kevin Magnussen. Com a indecisão de Dennis em definir quem continua na ativa, um modelo de dois lugares usado para fins promocionais é apresentado como a solução para o problema…
Red Bull com mais espaço
Ladrões usando dois automóveis invadiram a sede da equipe Red Bull, em Milton Keynes, e levaram cerca de 60 troféus que decoravam a entrada do local, deixando um imenso espaço vazio. A polícia inglesa ainda não tem pistas sobre quem teria praticado o delito e as imagens gravadas pelo circuito interno de TV apenas indicaram que os veículos usados tinham placas de outros países.
Ainda no cenário da equipe do touro vermelho circularam rumores que o projetista Adrian Newey teria rompido um acordo para se transferir à Ferrari quando o acerto feito entre ele e Luca Di Montezemolo vazou à imprensa italiana horas depois de ambos terem conversado e definido as bases da possível transferência. Uma repetição mais rápida e belicosa da passagem de John Barnard pela Scuderia nos anos 1990…
Vanir Ghilardi, o “Alemão da Pole”, nos deixa
O automobilismo gaúcho, e por tabela o brasileiro, perdeu no fim de semana uma de suas figuras mais populares e caristmáticas: Vanir Ghilardi sucumbiu a complicações de saúde causadas por uma úlcera gástrica. Vencedor em várias categorias regionais, Ghilardi dirigia a equipe Pole Motorsport e nos últimos tempos concentrava suas atividades nos carros da F-Júnior, onde conquistou títulos com Rodrigo Elger e Pedro Cardoso.
Endurance
Duas provas de longa duração, a 12 Horas de Tarumã e a 500 Milhas de Londrina, marcam neste final de semana o encerramento da temporada de corridas de 2014. Destinadas a públicos diferentes, as duas competições conseguem reunir grids importantes em contextos voltados a equipes profissionais e a entusiastas.
WG