Começamos bem o ano, lembrando da ameaça das reduções de velocidade nas avenidas marginais dos rios Pinheiros e Tietê assombrando quem precisa se deslocar em São Paulo, e se tornando um pesadelo pelas conseqüências que isso pode trazer à cidade quase toda. Eu nem sei quando essa ignorância será imputada ao povo, mas pergunto: para que serve o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito)? Quem são essas pessoas e onde estão elas ? Não têm nenhuma autoridade sobre as prefeituras, que inventam regulamentos idiotas a toda semana, além das sinalizações mal feitas, errôneas e com intenção de multar ? Ou será que acham que trânsito é algo pouco importante e que pode ser largado na mão de desequilibrados que ocupam cargos de comando de municípios Brasil afora?
Se estiver tudo nos conformes das leis, esse Denatran precisa mudar, e muito. Digamos que precise apenas se preocupar com o presente e com o futuro, coisa simples.
Antes que alguém de fora de São Paulo venha com pensamentos que essa cidade não tem jeito e que só mesmo saindo daqui, informo que não concordo por dois motivos básicos.
O primeiro deles é que as palhaçadas têm jeito sim, mas precisa de gente decente trabalhando nisso, e povo reclamando e cobrando de todas as formas possíveis, em grande quantidade, com ajuda dos meios de imprensa tradicionais e as moderníssimas e famosas “redes sociais”, que estão servindo muito bem num primeiro momento, mas que depois perdem força como um carro velho de motor pequeno, carregado e na subida. Vide como exemplo os protestos sobre aumentos nas passagens de ônibus em 2014 e agora, no começo de 2015. Pífios.
A segunda razão é que tudo de porcaria que se inventa aqui para prejudicar o povo, logo emigra para outras cidades comandadas (ou que acham que comandam) por políticos de mesma baixa qualidade e desumanidade. Ou seja, inventam aqui e vai para outras cidades e estados em breve, cada vez mais rápido.
Voltando às reduções de velocidade, pessoas não identificadas inventaram a bobagem e acharam que isso é uma boa solução, e vão em frente com a besteirada, obviamente já salivando e esfregando as mãos como descontrolados mentais, imaginando o quanto de dinheiro a mais irá entrar com as autuações.
Já está em vigor aqui na cidade gigantesca, as “Áreas 40” (ou deveria ser “zona”? ), onde muitas ruas e avenidas onde se podia andar a 50 ou 60 km/h agora estão com esse limite ridiculamente imbecil, com o intuito de evitar atropelamentos e acidentes com ciclistas. Melhor seria existirem locais corretos para se andar de bicicleta, e aprender a atravessar a rua na hora certa, não acham?
Essa é mais uma regrinha inventada pelos medrosos criados por mamãezinhas superprotetoras, e que não querem educar seus filhos para terem vida própria e independência. Desses, acredito que nenhum irá jamais conduzir um veículo automotor com sabedoria e prazer. Que fiquem em seus telefones de telinha sentadinhos nos transportes coletivos, via de regra, desagradáveis e desperdiçadores de tempo.
Eu gostaria realmente de conhecer quem são as pessoas que estão influenciando essa má administração de Haddad ( e a anterior, do Kassab ) no sentido de piorar o fluxo de veículos em São Paulo. Deve ser (só acho que pode ser) alguém sem horários a cumprir, e/ou com muito dinheiro para pagar para outras pessoas fazerem o que precisa ser feito para manter uma casa, uma família, uma vida de cidade grande. Mas talvez esse alguém nem mesmo família tenha, e seja financeiramente mantido por partidos políticos, não precisando trabalhar formalmente. Isso tudo eu só acho, e exponho aqui para que mais gente pense e nos ajude a entender que cabeças são essas que criam as maldades e atrapalham o fluxo da cidade.
Mais engraçado ainda foi ler que o condomínio-bairro chamado Alphaville (maior que muitas cidades) terá muitos quilômetros de ciclofaixas em breve. Estive lá há dois meses, num sábado, e não há espaço nem para os veículos motorizados. Normalmente há algumas poucas dezenas de quilômetros de congestionamento dentro de Alphaville nos horários de pico, justamente pelas vias serem apertadíssimas, e o acesso principal, a Rodovia Castello Branco, ser outra mala sem alça em termos de fluxo. Tirar mais espaço dos carros será o caos, situação já quase que cotidiana por lá, superocupado que foi por incentivos das Prefeituras de Santana de Parnaíba e Barueri, municípios onde a galinha de ovos de ouro alphavilliana está inserida.
Cômico imaginar um local quase 100% não plano e com subidas e descidas bem fortes em alguns lugares ser ocupado por bicicletas. Mas como o pedágio implantado há anos ali pertinho, na Castelo Branco, para tungar os bolsos de todos, será obviamente mais uma novidade ruim que o povo irá acatar. Será que a propalada “desobediência civil” existe ou é só uma utopia?
Às vezes eu acho (só acho) que as autoridades temporárias que comandam São Paulo são amigas de bandidos assaltantes de semáforos. Essa raça desprezível (bandidagem) já até mesmo fabricou lombadas em alguns lugares da cidade com o intuito de assaltar os carros que diminuíam de velocidade. A outra raça desprezível (políticos) está no mesmo caminho com as reduções de velocidade, achando que estão fazendo algo bom para todos. Ou querendo nos fazer acreditar que é bom para todos. Ou achando que somos todos burros, desinformados e ignorantes. Em breve, assaltos com o carro andando devagar, aguardem.
Para piorar meu inconformismo, o melhor jornal do País em minha opinião, O Estado de S. Paulo, publicou num de seus editoriais nesses dias de começo de ano uma opinião a favor dessas reduções, com aquelas estatísticas mostrando que num acidente a X km/h não há ferimentos, com Y km/h mais lento há menos chance ainda, e que a Z km/h a mais há morte certa. Texto no padrão de tantos outros, escritos por pessoas de formação não técnica, e que nem ao menos tem idéia da total impossibilidade de saber com certeza o que vai acontecer em um acidente de qualquer tipo. Vêem imagens de testes de impactos em laboratórios e acreditam que nas ruas acontece daquele jeito controlado, certinho, alinhado. Precisam observar mais as ruas e olhar alguns carros acidentados em oficinas. Isso abre a mente para entender o quanto as probabilidades são aleatórias.A íntegra do texto do Estadão está aqui nesse link.
Triste ler isso no meu jornal preferido, principalmente porque este importante meio de comunicação é uma das poucas vozes lúcidas nessa bagunça vitaminada em progressão geométrica que se tornou o Brasil dos governos dos últimos anos (“Não há mal que para sempre dure”), mas entendível, porque a enorme maioria não sabe dirigir com consciência do que está fazendo, e o assunto trânsito parece ser de domínio popular, justamente porque os conceitos básicos são desconhecidos da maioria, e isso faz todo mundo ter opiniões, a maioria delas pura bobagem geradora de risos.
Minha sugestão (sarcástica, claro) para a prefeitura paulistana que parece desinformada e sedenta de dinheiro: limitem a velocidade em toda a cidade a 5 km/h, e distribuam bicicletas grátis a todos que entregarem seus carros, como as armas das pessoas honestas que foram na conversa do governo e as entregaram há alguns anos — para gáudio da bandidagem. Aí sim, será vantagem andar a pé, e eu vou adorar muito fazer meus 40 km diários para trabalhar, em cima de uma bicicleta, debaixo de sol e chuva. Só vai demorar um pouco mais que hoje, mas tudo bem, eu negociarei com meu empregador para chegar mais tarde e sair mais cedo do trabalho, além de uma verba extra para os serviços de lavanderia, porque a máquina de lavar e a Sra. Jorge não vão dar conta de tirar os encardidos das roupas. Um vale-filtro solar também dá para conseguir da empresa.
Pensando mais longe, pode ser uma tão desejada redução de custo familiar, pois poderemos vender dois carros já velhinhos e que começam a dar despesa, e já que todo mundo vai entregar seus carros como foi feito com as armas, a desgraça será para todos, e estaremos nivelados da pior forma, por baixo. Talvez essa seja mais uma utopia socialista dos descabeçados líderes temporários (ainda bem!) que nos governam.
Mas, atenção, senhores infelizes políticos administradores de cidades: os 50% do IPVA e a fortuna arrecadada com multas e documentações veiculares não irão mais para o cofre da Prefeitura. Boa sorte com a verba que sobrar.
JJ