Mais um ano e a temporada de Fórmula 1 começa com muitas mudanças, como sempre. Novos pilotos, velhos pilotos, novas equipes, velhas equipes, e a dança das cadeiras é sempre alvo de olhares atentos, mesmo porque é fácil perder-se rapidamente no acompanhamento de tantas mudanças. Este ano a F-1 tem dez equipes inscritas e novos pilotos, entre eles o brasileiro Felipe Nasr na Sauber.
Os atuais campeões de 2014, Lewis Hamilton e a equipe Mercedes, encabeçam o grid e aparentam serem os mais rápidos novamente. Vettel foi para a Ferrari, junto com Räikkönen. Massa continua na Williams. Alonso foi para a McLaren, que voltou a usar motor Honda. Só por isso deveriam pintar os carros de branco e vermelho, independente do patrocinador, é clássico.
Se olharmos o histórico de cada equipe, veremos que o velho ditado “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” vale também para equipes de corrida. E há muitas curiosidades nesta segmentação de mercado, se assim podemos dizer. Raramente novas equipes são construídas do nada, do zero. Equipes pequenas ou falidas são compradas e cedem as vagas (limitadas) no campeonato para um novo investidor e novos nomes. Vejamos de onde vieram as equipes que disputam o campeonato este ano.
– Mercedes AMG Petronas F1
A atual equipe da Mercedes-Benz na F-1 chegou em 2010 com o peso da marca alemã e marcou presença com a contratação de Michael Schumacher como a possível força para ser campeão. Não foram muito bem no começo, mas em 2013 e 2014 foram fortes competidores, conquistando o campeonato de pilotos e construtores no ano passado.
Originalmente a equipe Mercedes foi a Brawn GP, campeã de 2009 com Jenson Button, no ano em que houve a grande mudança de regulamento da F-1 e eles foram dominantes. O histórico retrocede até os anos 1970. Antes da Brawn, a equipe era a pouco sucedida Honda Racing F1, equipe oficial de fábrica da marca japonesa. Por sua vez, a Honda veio da BAR, equipe que teve o brasileiro Ricardo Zonta e Jenson Button, entre outros. Em 2004, a BAR conseguiu manter boa regularidade e ser vice-campeã de construtores, perdendo para a Ferrari nos anos vitoriosos de Schumacher. Antes de ser BAR, a equipe era conhecida como Tyrrell, do lendário Ken Tyrrell. No segundo ano na F-1, a equipe foi campeã com Jackie Stewart e depois teve dois vice-campeonatos, em 1972 e 1973.
A história da Mercedes é longa, e historicamente vencedora, por alguns períodos. Isto tudo sem traçar o mapa para os anos de Grand Prix pré-guerra, que não é ligação direta nenhuma com as equipes da era moderna da F-1.
Resumo:
– (1970 – 1998) Tyrrell
– (1999 – 2005) BAR
– (2006 – 2008) Honda Racing
– (2009) Brawn GP
– (2010 – hoje) Mercedes
– Red Bull Racing
A vitoriosa equipe Red Bull, dominante nos últimos anos com o jovem campeão Sebastian Vettel e o ex-projetista da McLaren, Adrian Newey, nasceu de uma das equipes mais desapontantes dos anos 2000, a finada Jaguar Racing, que foi a investida da Ford no mundo da Fórmula 1 moderna.
A Ford comprou a Stewart, equipe criada por Jackie Stewart, que na verdade foi uma evolução da equipe de Fórmula 3 chamada Paul Stewart Racing, do filho de Jackie, Paul. O nome de Jackie Stewart pesou para que a equipe conseguisse o contrato com a Ford para ser equipe semi-oficial da marca americana, que depois levou à compra e transformação em Jaguar Racing.
Resumo:
– (1997 – 1999) Stewart
– (2000 – 2004) Jaguar
– (2005 – hoje) Red Bull Racing
– Williams
A equipe de Frank Williams como a conhecemos começou a correr em 1977, e desde então seguiu firme até os dias de hoje. No começo da carreira, Frank Williams tinha a equipe conhecida como Frank Williams Racing Cars, nascida em 1967, que utilizava carros de outros construtores, como Brabham. No começo dos anos 1970, Frank construiu seus próprios carros, já com a nomenclatura FW.
Em 1976, Frank associou-se com Walter Wolf, história que contamos aqui no Ae anteriormente, e depois separaram-se, assim Frank seguiu com sua própria equipe registrada como Williams Grand Prix Engineering junto com o projetista Patrick Head.
Assim, podemos dizer que a Williams atual também não teve histórico anterior, pois o dono da equipe manteve-se, enquanto que as parcerias e a primeira equipe morreram ao longo dos anos.
Resumo:
– (1977 – hoje)
– Scuderia Ferrari
A única equipe que disputou todos os campeonatos de F-1 desde 1950, a primeira edição. Muitos dizem que não existe Fórmula 1 sem Ferrari, e vice-versa. É um pouco de exagero, mas não deixa de ter um fundo de verdade. Boa parte dos torcedores da F-1 são fãs da Ferrari. Os italianos não vivem sem a Ferrari.
Desde o começo, nos tempos de Enzo Ferrari, a Scuderia é a única que se manteve intocada, sem intervenções ou negociações de compra e venda. Houve o ingresso do grupo Fiat como proprietário da marca italiana, mas não afetou diretamente as operações da equipe. Chassi Ferrari com motor Ferrari. E deve manter-se ainda por mais vários anos.
Resumo:
– Ferrari (1950 – hoje)
– McLaren
A equipe de grande sucesso da F1 nasceu do desejo de um homem ser campeão com seu próprio carro, o neozelandês Bruce McLaren. Em 1966, Bruce deixou de ser piloto da Cooper para correr na sua própria equipe, e dois anos depois estava vencendo corridas.
Um acidente fatal a bordo de um protótipo da categoria CanAm acabou com o sonho de Bruce ser campeão com seu próprio carro. A equipe seguiu em frente, passando por algumas administrações, muitos anos com Ron Dennis como diretor, até os tempos gloriosos de Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna e Alain Prost.
Depois de trocar o lendário patrocinador Marlboro por imposição da FIA na gestão de Max Mosley, que baniu a exibição de marcas de cigarros nos carros de corrida, as cores passaram do vermelho e branco para o prata, com novos patrocinadores e o uso dos motores Mercedes.
Resumo:
– (1966 – hoje)
– Force India
A Force India é uma equipe dos tempos modernos da F-1 com seus altos e baixos. Bons motores e boa aerodinâmica marcaram a Force India como um dos carros mais rápidos da últimas temporadas, mas não dos mais constantes. Destacou pilotos como Adrian Sutil, arrojado porém cabeça-quente.
A história da Force India vem de uma seqüência de duas equipes pequenas que não duraram mais de um ano cada, no caso a Spyker e a Midland, em 2007 e 2006, respectivamente. Foram duas equipes fracas e com poucos recursos financeiros para desenvolver carros competitivos. Antes de ser Midland, a equipe era conhecida como Jordan, do senhor Eddie Jordan, nascida em 1991 e que destacou pilotos como Rubinho Barrichello, Michael Schumacher, Alessandro Zanardi, Maurício Gugelmin e Giancarlo Fisichella. A Jordan conseguiu algumas vitórias na sua existência, mas nunca passou de um terceiro lugar no campeonato de construtores.
Um dos engenheiros da Force India é o engenheiro brasileiro Marcos Lameirão, desenvolvedor de chassi. Marcos é filho de Francisco “Chico” Lameirão, um dos grande pilotos do automobilismo brasileiro nos anos 1960 a 1980.
Resumo:
– (1991 – 2005) Jordan
– (2006) Midland F1
– (2007) Spyker MF1
– (2008 – hoje) Force India
– Sauber
A Sauber está na F-1 desde os anos 1990, graças à Mercedes-Benz. A equipe do suíço Peter Sauber tinha uma forte ligação com a marca alemã nos campeonatos de longa-duração mundiais, sendo a equipe oficial da Mercedes. A fábrica alemã tinha o desejo de voltar à F-1, mas não queria ter uma equipe estruturada completa. A proposta foi que Peter Sauber levaria sua equipe para a F-1 com o apoio financeiro e suporte técnico da Mercedes, mas logo no primeiro ano, a Mercedes desistiu de voltar oficialmente, mas manteve o patrocínio.
Depois do apoio da Mercedes, foi a vez da BMW patrocinar e fornecer motores para a Sauber, isto já no ano de 2006. Em 2010 a parceria com a BMW terminou, e a Sauber estava sozinha no mundo da F-1. A solução foi comprar motores de outros fornecedores, no caso a Ferrari, que fornece motores até hoje para a equipe.
Resumo:
– (1993 – hoje) Sauber
– Scuderia Toro Rosso
A Toro Rosso é uma das equipes da F-1 moderna que se originou de uma antiga equipe, sem outras variações. A antiga Minardi, depois de vinte anos competindo da Fórmula 1 sem nenhuma vitória, abandonou o esporte por conta de problemas financeiros. Mesmo sempre com poucos recursos, seus carros eram bem vistos pelos outros times. A Minardi foi comprada em 2005 pela empresa que controla a Red Bull, que mudou seu nome para a conhecida STR.
Com o nome de Scuderia Toro Rosso, que é a tradução de Red Bull para o italiano, o melhor resultado foi uma vitória em 2008 com Sebastian Vettel. A equipe funciona como uma versão secundária de testes da Red Bull principal. Pilotos ascendentes passam pela Toro Rosso e, se bem cotados, podem subir para a Red Bull, como foi o caso de Vettel.
Resumo:
– (1985 – 2005) Minardi
– (2006 – hoje) Toro Rosso
– Lotus F1
Uma das mais complicadas equipes de Fórmula 1 dos tempos modernos em termos de sucessão. Uma completa confusão junto com a Caterham, compra e venda, com Lotus (fabricante de carros esporte da Inglaterra) ou sem Lotus.
Tudo começou com uma certa equipe pequena nos anos 1980 chamada Toleman. Sim, a mesma Toleman de Ayrton Senna, que com dificuldades financeiras vendeu a equipe para a Benetton, então uma de suas patrocinadoras. A equipe Benetton começou pequena, mas lançou pilotos de sucesso na F-1 nos seus últimos anos, já como equipe vencedora. Schumacher foi um deles, o mais representativo. Em 2002, a Renault assumiu o controle da equipe, assim sendo uma equipe oficial de fábrica novamente.
Em 2011, o nome Lotus apareceu na carenagem dos carros, mas ainda mantendo a Renault com destaque. Este nome viria com o respaldo da Lotus fabricante de carros, pois havia a disputa com o time malaio que brigava para usar o nome Team Lotus, que então usava Lotus Racing desde 2010. A briga na justiça terminou com a Lotus Renault sendo renomeada para Lotus F-1 em 2012, e a Lotus Racing tornou-se a Caterham.
Resumo:
– (1981 – 1985) Toleman
– (1986 – 2001) Benetton
– (2002 – 2010) Renault
– (2011) Lotus Renault
– (2012 – hoje) Lotus F1
– Manor
A equipe Manor surgiu na F-1 em 2010 como uma nova equipe, junto com HRT, Mercedes e Lotus Racing. Por causa de patrocínios, a equipe mudou de nome para Virgin Racing e levava o nome da empresa de Richard Branson que foi o principal patrocinador da Brawn GP em 2009.
Em 2012, a equipe conseguiu mudar o nome para Marussia F-1 e disputou três campeonatos, com péssimos resultados. Os dois primeiros foram com motor Cosworth e o ano passado a equipe mudou para os motores Ferrari, onde conseguiu marcar dois pontos. Este ano a equipe mudou de nome para Manor Marussia F-1, com grandes crises financeiras e com apelação judicial para correr com o carro do ano passado, adequado para alguns dos pontos do regulamento 2015.
Resumo:
– (2010) Virgin Racing
– (2011) Marussia Virgin Racing
– (2012 – 2014) Marussia F1
– (2015 – hoje) Manor Marussia F1
MB