Caro leitor ou leitora,
A partir desta sexta-feira e todas as seguintes, às 16h00, teremos no Ae o “Teste de 30 Dias”. Começando pelo Renault Fluence Privilège, o editor Roberto Agresti andará com o veículo durante 30 dias em seu uso normal, que envolve até viagens num raio de 150 km a partir de São Paulo.
Nesta sexta-feira o Agresti já tem seu primeiro relatório (veja-o a seguir), o mesmo acontecendo na segunda e terceira semanas. Na quarta e última haverá o relatório final, que incluirá um vídeo.
Será utilizada exclusivamente gasolina para ser possível comparar números de consumo com eventual carro importado que venha a ser submetido à mesma prova ou mesmo com carros no exterior a partir da leitura de publicações impressas ou eletrônicas.
Esperamos que você aprecie esse tipo de teste, na verdade um “no uso estendido” e que conta com a grande experiência e apurada percepção do Agresti.
Boa leitura!
Bob Sharp
Editor-chefe
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TESTE DE 30 DIAS
RENAULT FLUENCE PRIVILÈGE 2.0 HI-FLEX CVT
1ª SEMANA
Por R$ 87.190 um Renault Fluence Privilège 2.0 CVT igual a este que estréia nossas avaliações de 30 dias pode chegar a sua garagem. Trata-se do que é comumente chamado de versão “topo de linha”, dotada de absolutamente todos os itens possíveis oferecidos pela Renault como opcionais nas versões mais simples do modelo. De fato, o único sobrepreço ao valor da tabela que consta no “monte o seu” do site da Renault é a cor, no caso preto Ametista, um roxo profundo, muito elegante principalmente pelo contraste com o cinza claro usado no couro que reveste os bancos e painéis de porta.
Fabricado na Argentina (Córdoba), o modelo é cria da aliança entre a marca francesa e a japonesa Nissan, que é responsável pelo fornecimento do motor 2.0 Hi-Flex, um 16-válvulas de duplo comando acionado por corrente. Quando abastecido com álcool gera 143 cv a 6.000 rpm com torque de 20,3 m·kgf a 3.750 rpm, 90% deste a 2.000 rpm, segundo a Renault (com gasolina, 140 cv e 19,9 m·kgf). Também fruto da engenharia japonesa é o câmbio CVT X-Tronic, , que possui seis marchas virtuais por meio de paradas intermediárias nas polias que são selecionadas manualmente, se assim preferir o condutor. O motor é conectado à caixa por conversor de torque em vez de embreagem a seco ou em banho de óleo (antigo Honda Fit).
No animado setor dos sedãs médios brasileiro o Renault Fluence chegou no final de 2010. Seu melhor desempenho em vendas foi em 2012, quando conseguiu abocanhar 6,2% do segmento, posicionando-se como 5º mais vendido, atrás do líder Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze e Volkswagen Jetta, mas à frente de seu “irmão” Nissan Sentra. A ampla renovação do modelo japonês empurrou o Fluence para o 9º lugar no ranking em 2014, e daí a decisão da Renault de dar uma refrescada no design do modelo, assinada pelo Renault Design América Latina (RDAL), baseado em São Paulo, SP, e cujo mais destacado elemento, o frontal, aproxima o sedã do restante da linha em termos estéticos.
Bonito? Sim. Entre as pessoas que ouvimos nessa primeira semana com o modelo houve consenso. A cor contrastante do interior e carroceria, ja citada, e as linhas musculosas das caixas de roda diferenciam o Fluence de seus pares, que de certa forma seguem uma mesma receita menos curvilínea. Outro destaque marcante é o conforto de marcha: silêncio interno e capacidade de absorção das irregularidades demonstra que Renault se preocupou não apenas em ajustar bem o modelo no que tange a escolha de carga de amortecedores/ constante das molas, como também na insonorização da cabine e o mais fundamental, o cuidado construtivo. De nada adiantaria um bom projeto se a realização não seguir um padrão elevado de montagem, e é bem satisfatório notar que não há (por enquanto) os malvados cric e crecs, insidiosos nheco nhecos que irritam 10 entre 10 automobilistas, especialmente os que compram sedãs desta categoria em versão completa.
Nesses pouco menos de 300 quilômetros rodados, totalmente no perímetro urbano de São Paulo, citar essa qualidade do Fluence em manter seus ocupantes dentro de uma bolha de silêncio e conforto ganha relevância tendo em vista o péssimo estado da pavimentação da maior metrópole do país. Outro aspecto a considerar é onde rodou o Fluence, predominantemente na zona oeste da cidade, cuja topografia acidentada promove um contínuo sobe e desce e transposição de pragas nacionais como lombadas e peculiaridades bem paulistanas, as valetas, verdadeira tortura para a estrutura de qualquer automóvel, teste de fogo que aponta se o natural trabalho do monobloco resulta na “síndrome de castelo mal-assombrado”, ou seja, rangidos excessivos e incômodos.
Outro bom aspecto notado nestes primeiros dias com o Renault foi o vigor do motor e a boa comunicação entre ele e a caixa de câmbio CVT. Como é usual mencionar, câmbios deste tipo tem uma única e longa marcha em termos práticos. Por vezes a sensação é de que há uma patinagem excessiva, mas neste ajuste atual tal fenômeno é bem limitado. Ajuda — e muito — o excelente trabalho da marca francesa em manter o ruído do motor muito contido dentro da cabine, elemento que nos chamou a atenção de modo importante, pois pegamos o Fluence imediatamente após passar uma semana com um Honda Civic EXS, também versão topo, e que neste item infelizmente apanha feio do Renault, pois quando as rotações passam de médias à altas no Honda parece que o motor entra no habitáculo enquanto no modelo nipo-francês isso está longe de ser realidade.
Como dissemos a condição de uso nesse começo de nosso “Um Mês” foi 100% urbana e o consumo de gasolina refletiu essa realidade: de acordo com o computador de bordo o Fluence fez 6,1 km/l. A média de velocidade de 18 km/h denuncia exatamente que trajetos curtos, muito pára e anda e o enfrentamento de ladeirões típicos da região eliminaram totalmente a possibilidade de uma marca melhor.
Em que pese a impossibilidade de, por enquanto, dar ao sedã uma utilização mais variada, esses primeiros dias da vida como ela é na metrópole fez ver que, se por um lado foi frustrante não poder explorar melhor os dotes dinâmicos do modelo, o que ocorrerá em breve através de viagens já programadas, a vida a bordo no Fluence é muito boa, e não só por causa do silêncio e suavidade de marcha.
O modelo trata bem seu motorista por conta da boa ergonomia. Os bancos tem boa conformação e a regulagem em altura associada à de altura e distância do volante resultou em ótima posição de dirigir. O passageiro também foi agradado pela possibilidade de regular a climatização individualmente, pela qualidade do sistema de áudo incorporado à central multimídia R-Link (da qual falaremos mais aprofundadamente nas semanas sucessivas) e por conta do teto solar, que nos dias nublados deste começo de outono em São Paulo trouxeram uma agradável iluminação ao já claro interior do Fluence.
Uma última consideração: o sistema de chave-cartão presente no modelo é daqueles que deveriam ser incorporados em todos os automóveis. Não tanto pelo formato (que é bom, pois não faz volume no bolso) mas sim pelo efetivo progresso em termos práticos: basta estar de posse dele para, uma vez se aproximando do automóvel, tocar em qualquer maçaneta para abrir o carro. Idem o porta-malas. O acionamento do motor de partida se dá por botão no painel. Na hora de estacionar, basta desligar o motor pelo citado botão e sair do carro. Ao sair das proximidades do carro ele automaticamente se tranca, pisca luzes e “recolhe” os espelhos retrovisores externos. Prático demais para quem, como o casal que utilizou o Fluence neste período, costuma andar com pastas, maletas e demais objetos que ocupam as mãos de modo constante.
Para o próximo relatório, mais usuários e ao menos uma viagem trarão novas revelações e opiniões sobre o Renault Fluence Privilège com o qual estamos tendo o grande prazer de rodar neste mês. Não perca. Confira abaixo o diário de bordo desta 1ª semana com o Fluence.
RENAULT FLUENCE PRIVILÈGE 2.0 HI-FLEX CVT
QUILOMETRAGEM TOTAL : 271,6 km
NA SEMANA: 271,6 km
CIDADE: 271,6 km (100%)
ESTRADA: —
CONSUMO MÉDIO: 6,1 km/l
VELOCIDADE MÉDIA: 18,0 km/h
Ae/RA