A VW está lançando a linha 2015 da Amarok com algumas novidades interessantes, sendo a principal delas a série limitada Dark Label. O novo modelo foi apresentado no Haras Tuiuti, um complexo com pistas de testes para eventos automobilísticos.
Saímos de Guarulhos em um trajeto de quase 200 quilômetros onde pude avaliar bem a Amarok topo de linha, a Highline, na estrada. A Amarok foi lançada em 2010 com motor diesel 2-litros biturbo com 163 cv de potência e caixa manual. Em 2012 ganhou uma caixa automática (ZF 8HP) de 8 marchas e a potência subiu para 180 cv a 4.000 rpm. No trecho de estrada, vazia, a Amarok se saiu bem. Ela não empolga e para andar rápido, como se anda com esse tipo de picape nas estradas, principalmente do Centro-Oeste, e é necessário fazer o 2-litros girar. Mas como é diesel não gira muito, corta a 5.000 rpm. Nessa condição um litrinho a mais seria desejável.
A caixa automática é muito precisa e no modo manual fica bem esperta. Mas não há borboletas no volante e a posição da alavanca em manual é para a direita, deixando-a mais longe do motorista. Numa picape, acredito que o prazer de dirigir deva ser proporcionado pelo uso mais fácil, e nesse caso as borboletas fariam uma grande diferença.
Mas a Amarok tem muitos outros atributos. Começando pelo espaço da cabine, muito ampla e com uma visibilidade incrível. O nível de ruído, tanto do motor quanto de rodagem e vento é muito baixo, o que faz a viagem bem agradável. Ajuda também a v/1000 de 55,3 km/h em 8ª, permitindo rodar a 120 km/h com o motor girando a 2.170 rpm.
Muitos falam que o conforto dessas picapes médias de última geração está bem perto do conforto de um carro de passeio. Em termos de espaço, equipamentos e acabamento interno é verdade. Mas a suspensão, que tem que ser confortável e também agüentar 1.000 kg, nunca será igual à de um carro. A Amarok, no entanto, tem uma excelente suspensão que minimiza muito as reações mais intensas e o movimento da cabeça dos ocupantes, que fica nas alturas, no extremo, onde se amplificam as inclinações da carroceria. Gostei bastante da Amarok, considerando que é uma picape.
A Highline tem uma cabine bem caprichada. Eu acho um bom desafio para os fabricantes a construção de uma picape, que deve agradar muito os ocupantes e também ser robusta por fora e por dentro para agüentar o tranco quando necessário. Por conta disso os materiais usados nas picapes são menos sofisticados. Mas o capricho na execução e o cuidado com alguns detalhes na Amarok são notáveis. O volante é o mesmo usado no VW CC, praticamente um carro de luxo, e nos porta-objetos das portas há revestimento de carpete, que muitos carros de luxo não têm. No entanto, o painelzão é de plástico duro, apenas por citar, pois não incomoda numa picape.
Desde o seu lançamento a Amarok se notabilizou pelo alto conteúdo eletrônico da versão topo de linha, na época não disponível em nenhum concorrente. Nos modelos 2015 as demais configurações (Trendline, SE e S) também passam a ser mais equipadas com controle eletrônico de estabilidade (ESC), assistente de partida em subida (HSA), controle automático de descida (HDC) e ABS off-road como itens de série, sem aumento de preços.
Abaixo uma breve descrição de todos os sistemas eletrônicos da Amarok.
Controle de estabilidade (ESC) – o sistema reconhece um estágio inicial de que uma situação de rodagem crítica está para acontecer. Compara os comandos do motorista com as reações do veículo a esse comando. Se necessário, o sistema reduz o torque do motor e freia uma ou várias rodas até atingir a condição de estabilidade.
ABS off-road – ativado pelo botão off-road no painel, o software de controle do ABS e do ESC provoca curtos travamentos das rodas, criando uma “pequena cunha”, com o material do piso, à frente do pneu, o que ajuda a reduzir o espaço de frenagem nessas condições de piso “solto”.
BAS – Função adicional do sistema ESC, o BAS (Brake Assist System ou Sistema de assistência à frenagem) é outro importante recurso de segurança. O módulo do ABS e do ESC reconhece, por meio da velocidade e força de acionamento do pedal de freio, que se trata de uma condição de frenagem de emergência. Nesse momento, o sistema aumenta a pressão no circuito hidráulico e a força de atuação das pinças de freio, buscando a condição ideal de funcionamento do ABS para reduzir o espaço de frenagem.
ASR (Antriebsschlupfregelung) – Controle de tração – o sistema auxilia o motorista a arrancar ou acelerar o veículo sobre um piso de baixa aderência, graças a uma série de sensores e uma central eletrônica. O sistema atua gerenciando a potência do motor e a frenagem individual da roda que patina, auxiliando na aderência dos pneus em qualquer condição de utilização.
EDS (Elektronische Differenzialsperre) – Bloqueio eletrônico do diferencial – Em trilhas ou em situação de baixa tração em uma das rodas motrizes, o bloqueio eletrônico do diferencial aciona o freio da roda com menor tração, transferindo o torque para a roda com maior tração, proporcionando assim melhor eficiência à saída do veículo. Esse sistema de “tração inteligente” funciona de forma automática, sem necessidade de o motorista acionar um botão no painel. Além disso, o sistema atua em curvas e em velocidade de até 80 km/h.
HDC (Hill Descent Control) – Controle de descidas – mantém a velocidade de descida baixa e constante, sem intervenção do motorista, adequando a rotação do motor e acionando os freios automaticamente de acordo com as solicitações do percurso. Funciona em velocidades até 30 km/h.
HSA(Hill Start Assist) – Assistente de saída em aclives – mantém o freio acionado após o motorista tirar o pé do pedal de freio por até 3 segundos, tempo suficiente para acelerar e partir em rampas com inclinação maior que 3º, sem que haja um recuo do veículo.
As versões com caixa automática, disponível para os modelos cabine dupla, têm sistema de tração permanente com diferencial central Torsen e ainda para a versão Highline há o bloqueio mecânico do diferencial traseiro (opcional para outras versões). Esse conjunto é um diferenciador. Não que outras picapes não consigam transpor os mesmos obstáculos. Mas o nível de exigência e estresse do motorista, principalmente para os menos habilidosos em condições severas, é bem reduzido. Eu tive a chance de experimentar a Amarok Highline na pista fora-de-estrada. Minha conclusão é que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso e não muito medrosa poderia transpor facilmente todos esses obstáculos graças à eletrônica que atua quase que imperceptivelmente. O elevadíssimo torque de 42,8 m·kgf já a 1.750 rpm também ajuda muito.
Tenho certeza que aqui pode se iniciar um debate caloroso dos especialistas em fora-de-estrada, que tendem a preferir tudo mecânico, tendo domínio completo da máquina. Mas a Amarok, assim como outras picapes médias, devem servir a uma vasta gama de consumidores, com diferentes níveis de habilidade. Suspeito que a maioria dessas picapes não deva encontrar situações severas com tanta freqüência, mas elas devem sempre estar prontas a tirar seus motoristas de apuros. Além disso, também podem sair de uma trilha e pegar uma estrada em alta velocidade mantendo o conforto e a segurança. Ou seja, não são as rainhas do fora-de-estrada mas têm uma versatilidade incrível.
A linha 2015 ainda tem outras novidades dependendo da versão ou como opcionais. A versão Highline pode ser equipada com faróis bixenônio com luzes de condução diurna em LED. Também há regulagem elétrica do facho dos faróis, grade dianteira em preto brilhante com filetes duplos cromados e, como opcional, novas rodas de liga leve de 19 polegadas. As versões Highline e Trendline têm faróis de neblina com luz estática para conversão (cornering light), recurso que amplia a área iluminada em curvas feitas em velocidade igual ou inferior a 40 km/h. Sempre que os faróis estiverem ligados (fachos alto ou baixo) e a seta for acionada ou o motorista girar o volante, o farol de neblina do lado correspondente ao que o veículo estiver virando é acionado automaticamente. Muito bem-vindo é o apoio lombar para os bancos dianteiros, sempre que a picape for equipada com bolsas infláveis laterais.
A nova série limitada Dark Label é baseada na versão intermediária Trendline com adição de alguns equipamentos muito interessantes por um preço bem atraente. Seu volume será de 1.000 unidades e apresenta componentes em preto fosco: “santantônio”, estribos laterais, maçanetas, capa dos retrovisores e pára-choque traseiro. Os vidros laterais traseiros e vigia são escurecidos (portanto dentro da norma Contran), há um novo defletor dianteiro, lanternas traseiras escurecidas, iluminação da placa de licença por LEDs, além dos sensores de estacionamento dianteiro e traseiro.
Na lateral há uma faixa decorativa com o logotipo “Dark Label”. As rodas são de liga leve no estilo “Roca”, com 17 polegadas e pneus 245/65 R17. No interior, a Amarok Dark Label traz acabamento mais sofisticado, com forração parcial dos bancos em couro Alcantara e tapetes de veludo no assoalho com logotipos. Manopla das alavancas de câmbio e de freio de estacionamento são revestidos de couro e a moldura do rádio e as saídas centrais de ventilação têm acabamento especial. Por dentro ficou muito mais bacana que a Highline. Todo esse pacote deve ter um incremento de preços sobre a Trendline entre R$ 4.000 e 5.000. lembrando que a Trendline automática parte de R$ 134.910.
Desde 2010 a Volkswagen vem aprendendo que esse segmento de picapes é um mundo bem diferente. Seus consumidores as usam tanto para trabalho, em viagens de longa distância. quanto para lazer e família. Além disso, é um carro que não tem substituto fácil. O segundo carro da casa não serve com alternativa. Por isso sua manutenção deve ser rápida e efetiva.
Se, por um lado, a Rede Volkswagen leva uma grande vantagem devido a algo em torno de 600 concessionários, isso também representa um grande desafio em ter toda essa rede preparada para atender um produto bem diferente do restante da linha, com mecânica e eletrônica mais simples. Por isso a VW está tomando uma série de medidas para melhorar o atendimento aos clientes da Amarok com foco no maior preparo da rede e mais agilidade no reparo.
Vamos agora ver a Amarok em ação na pista fora-de-estrada.
PK
(Atualizada em 31/03/15, correção do limite de rotação do motor, medida dos pneus, e inclusão da ficha técnica)
Galeria (fotos: Volkswagen)
FICHA TÉCNICA AMAROK DARK LABEL 2015 | |
MOTOR | |
Tipo | 2.0 L BiTDI, biturbo |
Combustível | Diesel S-10 |
Material do bloco / do cabeçote | Alumínio / alumínio |
Diâmetro e curso | 81 x 95,5 mm |
Cilindrada | 1.968 cm³ |
Nº de cilindros/disposição | 4 / em linha |
Posição | Longitudinal |
Comando de válvulas / nº de válvulas | Dois no cabeçote / 16 |
Potência máxima | 180 cv a 4.000 rpm |
Torque máximo | 42,8 m·kgf a 1.750 rpm |
Corte de rotação | 5.000 rpm |
Taxa de compressão | 16:1 |
Formação de mistura | Injeção direta Bosch common rail |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automático epicíclico, 8 marchas à frente, ZF 8HP |
Rodas motrizes | Dianteiras e traseiras, 4Motion permanente |
Relações das marchas | 1ª 4,70;1; 2ª 3,13:1; 3ª 2,10:1; 4ª 1,67:1; 5ª 1,29:1; 6ª 1,00:1; 7ª 0,84:1; 8ª 0,67:1; ré 3,30:1 |
Relação de diferencial | 3,70:1 |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Bateria | 12 V, 72 A·h |
Alternador | 110 A |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, braços triangulares superpostos, mola helicoidal, amortecedor pressurizado, barra estabilizadora de Ø 26 mm |
Traseira | Eixo rígido, feixe de molas longitudinal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica |
Relação de direção | 14,6:1 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 12,9 |
Número de voltas entre batentes (m) | 2,7 |
FREIOS | |
Dianteiros | Disco ventilado, Ø 303 mm |
Traseiros | Tambor Ø 295 mm |
Assistência | A vácuo, por bomba |
Controles | ABS, ABS Off-Road, BAS e EBD |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio 8Jx17 ou 7,5Jx18 |
Pneus | 245/65R17 (veíc. testado) ou 255/60R18 |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 5.254 mm |
Largura com/sem espelho | 1.944 / 2.228 mm |
Altura (teto) | 1.834 mm |
Diastância entre eixos | 3.095 mm |
Bitola dianteira/traseria | 1.647 / 1.644 mm |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Separada, chassi tipo escada, hidroformado |
Número de portas/lugares | 4/5 |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto | Cx 0,425 |
Área frontal | 3,02 m² |
Cx x A | 1,288 m² |
CAPACIDADES | |
Volume da caçamba | 1.280 litros |
Tanque de combustível | 80 litros |
PESOS | |
Peso em ordem de marcha | 2.044 kg |
Carga útil | 1.126 kg |
Rebocável com/sem freio | 2.780 kg/750 kg |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h | 10,9 s |
Retomada 80-120 km/h, em 5ª | 8,5 s |
Velocidade máxima | 179 km/h |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 8ª | 55,3 km/h |
Rotação do motor a 120 km/h em 8ª | 2.170 rpm |
Rotação do motor à vel. máx. em 7ª | 4.060 rpm |
MANUTENÇÃO | |
Revisões, km | 10.000 ou 6 meses |
Troca do óleo do motor, km/tempo | 10.000 / 6 meses |
Câmbio e diferenciais | Verificar nível a cada 10.000 km ou 6 meses |
GARANTIA | |
Termo | 3 anos. Em uso comercial, 3 anos ou 100.000 km. Perfurarção de chapa 6 anos |