Tratar o automobilismo em um contexto de negócio. É com a alma moldada nesse princípio que o empresário Marcos Galassi lançou a Fórmula Inter, uma nova categoria no automobilismo brasileiro destinada tanto ao adolescente que já completou sua agenda no kart quanto ao público que gostaria de praticar o automobilismo como recreação, sem pretensões de se tornar profissional.
O empreendimento tem cores de ineditismo e prima pelo pacote completo oferecido ao entusiasta: o aluguel dos carros disponibilizados inicialmente apenas no calendário paulista inclui até pneus e combustível; aos que sonham com vôos mais altos existe a possibilidade de aulas de marketing e relacionamento com a imprensa.
“A nossa proposta é atender ao jovem que sai do kart e sonha em fazer carreira e aqueles e aquelas que não praticam o automobilismo por alta de opção. Por isso a idéia de oferecer os carros a um preço pré-determinado e sem surpresas”, diz Galassi.
Ainda há vagas para disputar a primeira temporada, que terá 11 etapas no calendário da Federação de Automobilismo de São Paulo (Fasp) em 2016 e cerca de 20 competidores: 10 delas já foram garantidas aos pilotos selecionados pela incubadora Academia F-Inter, um contrato foi fechado e há cinco pilotos em negociação avançada. O aspecto comercial do empreendimento é reforçado no aluguel dos carros: R$ 13.990,00 por prova (compatível com a despesa de um kart competitivo) e existe a possibilidade de desconto para pagamento à vista para toda a temporada.
“Com isso o piloto sabe exatamente quanto vai gastar e não terá surpresas no final do mês”, reforça Galassi antes de lembrar que “os danos provocados por batidas e acidentes não estão incluídos nesse pacote”.
Com dimensões que levaram em conta a segurança dos pilotos e o impacto visual, o monoposto MG-15 foi construído por José Minelli, ex-piloto reconhecido nas pistas pela atenção aos detalhes. Equipado com um motor de 2 litros, quatro cilindros em linha e 16 válvulas, o carro inicia seu programa de desenvolvimento dinâmico nas próximas semanas, quando será conduzido por Roberto Pupo Moreno, ex-piloto de F-1, também responsável pelo treinamento e aperfeiçoamento dos pilotos.
Nacionalização de base
Uma das vantagens menos valoradas no lançamento da F-Inter foi a preocupação dos seus idealizadores em valorizar a tecnologia e conhecimento nacionais. Tanto quanto à componente “custo”, esta premissa sem dúvida levou em consideração a formação de conhecimento e o resgate de apaixonados como o construtor José Minelli. A caixa de direção, por exemplo, é fabricada pelo próprio Minelli (assim como o chassi tubular, suspensão e outros itens) e o sistema de freios deverá ser desenvolvido pela Sigma, empresa baseada em Santo André (SP) e que produz pinças em alumínio laminado. A decisão de usar uma caixa de câmbio com acionamento por alavanca, em H, foi outra decisão tomada para conter custos.
Minelli, paulista de São Bernardo do Campo, é tão caprichoso com suas crias mecânicas quanto com os cuidados consigo próprio: quem o vê trabalhando ou conversando lépido e faceiro dificilmente concluirá que está diante de um “chassi” fabricado há três quartos de século. Entre suas conquistas destaca-se o F-Vê pilotado por Élcio Pellegrini (atualmente envolvido em provas de arrancada), que dominou o cenário da categoria na segunda metade dos anos 1970. O MG-15 (M de Minelli, G de Galassi, 15 de 2015), herda a mesma limpeza e detalhamento dos seus irmãos mais velhos e traz uma carenagem que impressiona pelo tamanho.
“Isso também tem um motivo”, explica Galassi. “Estamos habituados a ver carros com dimensões semelhantes nas corridas exibidas na TV. Se fizéssemos um carro menor o impacto visual não seria proporcional”, completa o empresário.
Asas dianteiras devem gerar boa carga aerodinâmica (foto F-Inter)
Certamente isso terá um custo no desempenho: o motor 2.0, 16 válvulas e quatro cilindros em linha terá dois mapas de gerenciamento eletrônico e poderá produzir cerca de 190 cv, suficiente para, segundo cálculos de computador, chegar aos 240 km/h. Um índice a conferir, dado o tamanho das asas dianteira e traseira que implica arrasto aerodinâmico elevado. Destaque-se ainda a célula de sobrevivência que permite a extração do piloto do cockpit sem a necessidade de retirá-lo do banco.
Mais informações sobre o projeto F-Inter podem ser encontradas aqui, inclusive vídeos sobre o projeto e construção do carro.
WG