Foi em março de 1974 que o primeiro VW Golf produzido no mundo, nasceu na Alemanha. Veiculo altamente carismático, foi definido como a segunda lenda da Volkswagen, considerado como sucessor do Fusca, na época.
No Brasil, a linha Golf foi importada até o ano de 1999, quando em 8 de janeiro o Golf brasileiro em sua geração IV, saiu das linhas de montagem da recém-construída fabrica da VW em São José dos Pinhais, área metropolitana de Curitiba.
Com suas linhas caracterizadas por superfícies lisas sem vincos marcantes, tinha a coluna “C” (traseira) bem larga que acabou se tornando sua marca registrada.
O Golf em sua geração IV foi lançado na Europa dois anos antes, em 1997, sendo considerado o melhor carro do mundo pela revista alemã Auto Motor und Sport.
A Volkswagen se orgulhava da aparência de seu novo filho, com suas linhas aerodinâmicas e coeficiente de arrasto igual a 0,31.
Outro orgulho da VW é que mais de 90% dos componentes do Golf brasileiro poderia ser reciclado ao fim de sua vida útil, conservando assim valiosos recursos para o benefício de gerações vindouras.
A carroceria era protegida com processo de galvanização a quente e eletrolítica, contando com 12 anos de garantia contra corrosão perfurante das chapas e junções, inédita no Brasil.
A pintura também especialmente processada para aumentar ainda mais a resistência á corrosão da carroceria, tinha acabamento impecável.
A carroceria era construída com adoção de chapas diferenciadas de alta resistência. A ideia foi adotar chapas mais finas onde cabível, deixando o veículo mais leve.
Em termos de conforto, além dos lindíssimos bancos Recaro, tinha um mostrador de instrumentos que eu considero um dos mais bonitos já idealizados, com iluminação nas cores azul e vermelha. Simples, bonito e funcional, conta-giros do lado esquerdo e velocímetro do lado direito, apresentava fácil leitura dos instrumentos e também das luzes indicativas. “Wolfsburg”, como o Bob dia. Mais bonito que este, somente o do Ford Del Rey.
Outros detalhes do Golf chamavam a atenção, como, por exemplo, o seu moderno e elegante conjunto ótico, era assim que a VW chamava os faróis dianteiros, com todas as luzes em uma mesma unidade.
Tinha como acessório de serie o sensor de chuva, localizado na base do espelho retrovisor interno, detectando a presença de chuva e automaticamente entrando em funcionamento.
O sensor de chuva emite um raio de luz através de LEDs, sendo refletido pela superfície do pára-brisa quando este estiver seco. Se o pára-brisa estiver molhado, o raio de luz é refratado de forma diferente e como resultado, menos luz é refletida. Como a refração da luz depende da intensidade da chuva, um sinal é emitido pelo sensor ao relê do sistema automático, que entra em funcionamento para o sistema intermitente de lavagem e limpeza do pára-brisa.
Outro importante acessório de série era o espelho retrovisor interno, anti-ofuscamento. Com função contínua de escurecimento, evitava que o motorista fosse ofuscado pelos faróis dos veículos que o seguiam.
Consiste de um elemento refletor e uma unidade eletrônica de controle com dois foto-sensores, detectando a luz incidente pela frente e pela traseira. Se a incidência de luz no lado do espelho retrovisor voltado para traseira for maior do que a do lado voltado para a frente, a unidade eletrônica aplica uma voltagem ao revestimento condutivo. Esta voltagem alterará a cor do eletrólito, o escurecendo tanto mais quanto maior for a luz incidente.
Engatando a marcha à ré, a função de escurecimento do espelho é desativada para facilitar manobras como ao sair de uma garagem, por exemplo.
A VW disponibilizava três motores para o Golf MK4 — 1,6 (100 cv), 2,0 (115 cv) e 1,8, com 5 válvulas por cilindro, turbocomprimido (150 cv).
Particularmente tive o prazer de dirigir um Golf 1,8 turbo quando trabalhava na Ford, na engenharia de desenvolvimento do produto. Era um veículo importado, 1998, azul clarinho de fazer inveja. Andava muito e tinha excelente estabilidade direcional, um verdadeiro “fun to drive car”. Mesmo não sendo ainda multibraço, a suspensão traseira por eixo de torção com barra estabilizadora integrada dava conta do recado, pregando o carro no chão. Era recomendada gasolina 95 RON mínimo e a especificação do manual de serviços do veículo deixava claro que o motor perderia potência com combustível inferior.
Enfim, o Golf geração IV foi o mais significativo conjunto da série em minha opinião e continua mantendo batalhões de seguidores no mundo dos auto entusiastas.
Encerro esta matéria, aproveitando o espaço que reservo para homenagens, para externar minha opinião a respeito do recente episódio envolvendo os motores Diesel dos veículos Volkswagen comercializados nos Estados Unidos. A acusação foi ” fraude do nível de emissões de poluentes de quase meio milhão de carros circulantes no mercado”, feita pelo governo americano.
Tecnicamente falando, o hardware do sistema eletrônico de gerenciamento do motor tem uma capacidade de processamento enorme, permitindo que o software envolvido tenha quase infinitas combinações de calibração. Por exemplo, é relativamente fácil o software entender quando o veículo está sendo verificado no ciclo de emissões no dinamômetro e manter o traçado em cima da curva teórica exigida pela legislação e em outras condições, com outras cargas, não necessariamente cumprir a lei. Na realidade todos deveriam cumprir o espírito da lei que é não poluir o meio ambiente independentemente da legislação. Eu sei que fazer o certo por princípios é utopia, porem, continuo acreditando que o ser humano tem salvação.
O que a empresa ganha mascarando o software, pode perguntar o leitor. Ganha dinheiro com catalisadores menores, ganha desempenho em seus motores, ganha mais dinheiro em outros componentes do sistema de calibração etc.
Particularmente não acredito que a farsa tenha sido encomendada pelo alto escalão da VW. Provavelmente, em algum escalão inferior, algum esperto quis mostrar que fazia mais por menos para se autopromover e enganou o software, que é burro e somente faz o que o é pedido para ele fazer.
CM
Créditos: Volkswagen do Brasil Ltda (treinamento da rede), arquivo pessoal do autor, fotos Google, wikipedia