Depois de andar no Gol com motor 1-L de 3 cilindros Comfortline há pouco mais de um mês, foi a vez do Voyage de mesmo motor, porém solicitei à VW o básico Trendline, o de menor preço, R$ 40.990, que só tem como opcionais cor metálica (R$ 1.310), ar-condicionado (R$ 2.800) e dois sistemas da áudio, estando o carro testado com o mais barato deles, o Interatividade Media (R$ 835), composto de 4 alto-falantes e 2 tweeters, sistema de infoteninmento Composition Touch RCD 330G com rádio AM/FM, Bluetooth, MP3, entradas USB, SD-Card e Aux-in, além do prático e cômodo suporte para telefone celular. O preço final passa para R$ 45.935.
De equipamentos de série, apenas direção assistida hidráulica, acionamento elétrico dos vidros dianteiros um-toque o do motorista e alerta de frenagem emergência (desaceleração igual ou superior a 7 m/s² ou 0,71 g) pelas luzes de freio piscantes. As rodas (cinco) são de aço com pneus 185/65R14T (para 190 km/h) e os pneus eram Goodyear GPS Duraplus.
Há mais itens na versão, como antena de teto traseira, ajuste de altura do banco do motorista, encosto do banco traseiro rebatível, duas luzes de leitura traseiras, cintos dianteiros com pré-tensionador, limitador de carga e ajuste da altura de ancoragem, desembaçador do vidro traseiro, iluminação no porta-malas, limpador de para-brisa com temporizador e acionamento uma-varrida, parassóis com espelho, porta-revistas no encosto do banco do passageiro, refletores no para-choque traseiro, tomada 12 V no console central, e travamento elétrico das portas.
Não tem ajuste elétrico dos espelhos (um incômodo, ajustar o da direita), e nem comando de portas a distância, remetendo aos velhos tempos de introduzir a chave na fechadura para trancar/destrancar, até aí menos mal. Tampouco tem ajuste de altura do volante de 370 mm de diâmetro e, mais importante, não tem computador de bordo, que faz falta. Como fazem falta também o apoio de de cabeça e o cinto de três pontos para o passageiro do meio do banco traseiro e os engates Isofix para bancos de crianças. Muitos poderão reclamar a falta de acionamento elétrico dos vidros traseiros (nesses não me incluo).
Porém, ao andar com este Voyage e seu motor “de up!”, só prazer. O carro é todo certo, com muita percepção de solidez estrutural e um rodar dos mais perfeitos. Até parece que o entre-eixos é maior que os 2.467 mm. A direção com assistência hidráulica de relação 14,9:1 e e três voltas entre batentes disputa pescoço a pescoço com as de assistência elétrica. Os 10,8 metros de diâmetro mínimo de curva (1 metro mais que o Etios sedã, de entre-eixos 7 mm menor!) é que poderiam ser um pouco menos; meio metro estaria de bom tamanho.
O espaço para pernas no banco traseiro não é dos maiores, mas mesmo assim sent0-me bem. O porta-malas de 480 litros é bem amplo e o estepe fica dentro, na horizontal.
Agrada bastante a desenvoltura do motor tricilíndrico, mesmo com seus 75 cv a 6.250 rpm e 9,7 m·kgf de 3.000 a 3.800 rpm, pois estava abastecido de fábrica com gasolina E22. Como no up!, sobe de rotação através das marchas que logo entra no corte a 6.800 rpm. Chega a ser um pouco desconcertante. Com álcool são 82 cv e 10,4 m·kgf, às mesmas rotações.
O peso de 947 kg (não contando o ar-condicionado e a assistência de direção) facilita o trabalho do motor, com excelentes retomadas na mesma marcha, mesmo as altas. A fábrica informa 80-120 km/h em quinta em 18,2 segundos (17,7 s se com álcool), o que para um sedã com motor 1-L é um dado bom. O 0-a-100 km/h em 12,9 s (álcool, 12,7 s) não deixa ninguém diminuído por andar de carro “mil”.
O coeficiente de arrasto 0,31 com área frontal de 2,03 m² dão uma área frontal corrigida interessante, 0,643 m², razão para o Voyage chegar a 173 km/h (175 km/h, com álcool). Com v/1000 em 5ª de 29,9 km/h, à velocidade máxima o motor está a 5.800 rpm e a 120 km/h reais (GPS) a rotação é 4.000 rpm – alta, sem dúvida, só que a notável suavidade do motor mascara bem esse detalhe.
Portanto, o Voyage está ainda mais agradável de andar e seu interior com painel de instrumentos reformulado o deixou mais dentro do nosso tempo. Só precisa a VW dar um jeito no velocímetro, na sua escala, pois não há traço destacado correspondente a 70 e 90 km/h, velocidades-limite comuns hoje e a versão não pode ter o I-System que inclui o velocímetro digital entre suas várias funções. E os planejadores de produto da fábrica precisam se pôr na cabeça que automóveis no Brasil precisam de faixa degradê no para-brisa.
Para quem precisa de um sedã compacto, de qualidades conhecidas, bom de dirigir — seu comando de câmbio é referência, mesmo já estando sendo igualado em alguns concorrentes — e com bom espaço para cinco ocupantes.
E para quem busca economia de combustível o Voyage 1-litro é uma das boas pedidas hoje: faz tempo que eu não terminava um ciclo de testes sem precisar reabastecer. Quando peguei o carro zerei o hodômetro e o devolvi com 330 quilômetros rodados: o ponteiro do medidor encontrava-se no meio do caminho entre ½ e ¼ do tanque de 55 litros. Isso numa condução atípica de uso normal e típica de carro em teste, usando mais potência o tempo quase todo.
Esse Voyage básico pode ser resumido em três palavras: um bom companheiro.
BS
Mais fotos e a seguir, ficha técnica
FICHA TÉCNICA VOYAGE TRENDLINE 1.0 MPI | |
MOTOR | |
Instalação | Dianteiro, transversal |
Material do bloco/cabeçote | Alumínio |
Configuração / n° de cilindros/nº de mancais | Em linha / 3 / 4 |
Diâmetro x curso | 74,5 x 76,4 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 11,5:1 |
Potência máxima | 75 cv (G)/82 cv (A) a 6.250 rpm |
Torque máximo | 9,7 m·kgf (G)/10,4 m·kgf (G) a 3.000~3.800 rpm |
N° de válvulas por cilindro | Quatro |
N° de comandos de válvulas | Dois/cabeçote |
Formação de mistura | Injeção eletrônica multiponto no duto |
Gerenciamento do motor | Bosch ME 17.5.20 |
Combustível | Gasolina comum e/ou álcool |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio/rodas motrizes | Transeixo manual/dianteiras |
Número de marchas | 5 à frente + ré |
Relações de transmissão | 1ª. 3,769:1; 2ª. 2,095:1; 3ª. 1,281:1; 4ª.0,927:1; 5ª. 0,740:1; ré 3,182:1 |
Relação do diferencial | 4,929:1 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson com subchassi, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora de 19 mm Ø |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica |
Diâmetro mín. de curva | 10,8 m |
Relação de direção | 14,9:1 |
N° de voltas entre batentes | 3 |
FREIOS | |
De serviço | Hidráulico, duplo circuito em diagonal, servoassistido, ABS |
Dianteiros | Disco ventilado de Ø 256 mm |
Traseiros | Tambor de Ø 200 mm |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço 5Jx14 |
Pneus | 185/65R14S |
PESOS | |
Em ordem de marcha | 947 kg |
Carga máxima | 483 kg |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, sedã 4-portas, 5 lugares |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,317 |
Área frontal | 2,03 m² |
Área frontal corrigida | 0,643 m² |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 4.218 mm |
Largura com/sem espelhos | 1.656/1.893 mm |
Altura | 1.463 mm |
Distância entre eixos | 2.467 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.429/1.416 mm |
CAPACIDADES | |
Porta-malas | 480 litros |
Tanque de combustível | 55 litros |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h | 12,9 s (G), 12,7 s (A) |
Velocidade máxima) | 173 km/h (G), 175 km/h (A) |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª | 29,9 km/h |
Rotação em 5ª a 120 km/h | 4.000 rpm |
Rotação em velocidade máxima, 5ª | 5.800 rpm |