Vamos a mais um causo do Livro “EU AMO FUSCA II – Uma coletânea de causos de felizes proprietários de Fusca”. Este causo conta como uma família começou num Fusca e como este Fusca participou de vários eventos familiares. Quem relata é a Maria Aparecida Profito Pucci, aliás este livro contém vários causos deliciosos escritos por mulheres. A foto de abertura foi tirada no dia 30 de março de 2004, lançamento do Livro II na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, capital. Em pé, no centro da foto, dois dos protagonistas de nosso causo, de camisa amarela o Marco Antônio e de roupa branca, a Maria Aparecida, que também autografou os livros na qualidade de autora de um dos causos.
FUSCA 67
Por Maria Aparecida Profito Pucci
Foi num baile de formatura, na volta para casa, dentro de um Fusca 67 azul, com bancos reclináveis, que tudo começou. Era o ano de 1976.
Dois meses depois, a confirmação da gravidez e o casamento marcado.
No dia do casamento, todos já sabiam da história do Fusca, e o procuraram como loucos para a tradicional pichação e colocação de fitas e latas para os recém-casados, porém a precaução de guardá-lo na garagem do padre, durante a cerimônia e a festa, impediu que isto acontecesse.
Somente na despedida dos noivos, os convidados ficaram sabendo onde estava o Fusca.
Partiram para a lua de mel.
Já na saída de São Paulo o primeiro problema: o noivo não conhecia bem o caminho para o litoral, e foram aproximadamente 2 horas até encontrar a Via Anchieta.
A estada na casa em Peruíbe foi um dos presentes de casamento. Eram duas casas no mesmo terreno, sendo uma grande na frente e uma menor, mas bem ajeitadinha, nos fundos. O proprietário alertou aos noivos de que na chegada à casa, fizessem uma vistoria, pois como havia muito mato nos terrenos em volta da casa, já haviam encontrado uma cobra dentro da casa.
Assim foi feito, ou tentado pelo menos, pois as luzes da casa não acendiam. E como fazer a vistoria no escuro?
Aí veio a primeira ideia brilhante. Coloca-se o Fusca de frente para casa e acendendo os faróis poderia se iluminar a casa.
Feito. Porém a iluminação era parcial e não dava para ver tudo.
Então surgiu a segunda ideia brilhante: passar a primeira noite de lua de mel dentro do Fusca.
Reclinaram os bancos, colocaram os lençóis e os travesseiros e ali foi o cenário da primeira noite.
Ao acordarem pela manhã, com barulho de batidas de martelo, abriram os olhos e se depararam com vários pedreiros trabalhando na casa ao lado e todos olhando para a bela imagem do casal dentro do Fusca.
Logo começou a chover, e não poderiam ficar ali.
Ao tentar ligar o Fusca, quem disse que pegava? Bateria de 6 volts, com os faróis acesos, arriou.
Na casa sem eletricidade, sem caixa de fusíveis para verificação (depois se descobriu que ficava na casa da frente), houve uma tremenda descoberta: ligando o chuveiro, as luzes funcionavam.
Então surgiu a terceira grande ideia: deixar o chuveiro ligado que tudo funcionava.
Feito. Até acabar a água.
Aí a coisa ficou complicada. Sem água, sem luz, os alimentos descongelados e estragados, o Fusca sem bateria e com a chuva que não parava, já atolado na areia.
Que fazer? Ir embora.
A noiva grávida, com a ajuda dos pedreiros e suas pás, o carro foi desatolado e empurrado até pegar. Com o Fusca ligado, lavaram a louça usada numa poça de água e só desligaram o Fusca ao chegar em casa em São Paulo, molhados, com febre e frio.
Sete meses depois, o mesmo Fusca levou a noiva à maternidade para dar a luz a uma linda menina de nome Érika, hoje com 39 anos.
Esta é a história verídica do feliz casamento de Maria Aparecida e Marco Antônio que completou 40 anos em 10 de abril de 2016.
Ah, desse casamento, nasceu também a Valéria, hoje com 35 anos.
Como de costume eu procuro contatar os autores e autoras dos causos para que eles, ou elas, façam um comentário sobre as suas participações no Livro II. Desta vez o contato foi com o marido da autora que nos enviou o seguinte comentário:
Caro Alexander,
Quando em 2003 surgiu o concurso da Volkswagen sobre histórias com seus veículos, vimos uma oportunidade de contarmos uma passagem hilária que vivemos em nossa lua de mel. Após alguns meses, já em 2004, quando você nos procurou com o projeto do livro “Eu Amo Fusca II”, propondo incluir nossa façanha, ficamos muito felizes, pois nunca imaginamos que ela poderia fazer parte de um livro. A história se passou em 1976, portanto agora está completando exatos 40 anos. O Fusca 67, azul, foi um personagem importante em nosso namoro e casamento. Por isso após 40 anos, é lembrado com muito carinho. Mais uma vez agradecemos a oportunidade de participar em sua coluna, e esperamos que os leitores do AUTOentusiastas apreciem mais esta leitura.
Um grande abraço.
Marco A. Pucci
AG