A primeira vez que vi o capacete de Christopher Arthur Amon, ou simplesmente Chris Amon, ele ainda não possuía a silhueta do kiwi, era branco e tinha aquelas faixas azul e vermelha. A ave típica da terra dos neozelandeses depois apareceu mais tarde, quando também foi usada no fundo laranja que caracterizava os carros do seu conterrâneo Bruce McLaren, e ficou famosa antes do mundo conhecer a fruta peluda e guerreiros All Blacks ro rugby. Chris Amon, porém, sempre foi único, no perfeito estilo “the one and only”. Esta semana ele nos deixou, registrando que nasceu (dia 20 de julho de 1943, em Bulls) e faleceu (vítima de câncer em um hospital de Rotorua, no dia 3 deste agosto de 2016) em sua nativa Nova Zelândia.
Filho de fazendeiros criadores de ovelhas, Amon construiu ao longo de sua carreira no automobilismo duas facetas: a de piloto rápido e de conquistador de fina estirpe. Ainda que que jamais tenha vencido um Grande Prêmio válido pelo Campeonato Mundial de F-1, seu nome nunca deixou de aparecer entre os grandes nomes. Guiou por 13 equipes da categoria, mas foi a vitória na 24 Horas de Le Mans de 1966, em dupla com o amigo McLaren e a bordo do icônico Ford GT, que as lhe abriu as portas da Ferrari com o próprio Enzo a recepcioná-lo. E foi com os protótipos da Scuderia que ele conseguiu seus outros grandes feitos: a lendária chegada 1-2-3 da Ferrari na 24 Horas de Daytona de 1967 e o segundo lugar na 500 Quilômetros de Brands Hatch em dupla com Jackie Stewart, resultado que garantiu o título de Construtores nessa temporada.
Se ele rejeitou de forma perene e segura a fama que nunca lhe faltou azar — são inúmeras as corridas nas quais problemas mecânicos lhe furtaram a vitória —, jamais fez menção à sua fama de discreto conquistador. Mais, nos bons tempos da Copa Tasmaniana, uma temporada realizada em pistas da Nova Zelândia e Austrália que chegou a reunir a nata dos pilotoss e equipes de F-1, as festas em sua casa de praia eram concorridíssimas.
Christopher Arthur Amon jamais esteve na equipe certa no momento certo e nunca venceu um GP do Mundial de F-1, mas poucos pilotos conquistaram as vitórias mais importantes que a existência terrena nos proporciona: fez amigos por onde acelerou carros maravilhosos de diversas categorias e aproveitou a vida como poucos. A real racer!
Requiescat in pace, Chris Amon!
WG