Depois de comparecer à inauguração da fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) em 23 de março passado e visitar a linha de fabricação do C180 sedã, primeiro modelo escolhido para nela ser construído, fiquei curioso de saber como seria o carro.
Nesse meio tempo, andamos na perua do mesmo modelo, e apenas boas lembranças ficaram. Natural então imaginar que seria muito interessante saber como o motor funcionaria dentro da tecnologia de flexibilidade de combustível que a marca alemã decidiu como sendo necessária para atender o mercado local com esse modelo.
Chegou então às minhas mãos o C180 Avantgarde para meu uso por alguns dias. Ficou fácil entender que o foco seria o motor, já que o carro já foi bem explicado pelo Paulo Keller em texto, fotos e vídeo, e a perua C180 Estate complementou o entendimento em matéria publicada há menos de dois meses.
De cara a curiosidade sobre a partida a frio, e posso dizer que mesmo com temperaturas ambientes pouco abaixo dos 10°C depois de uma noite inteira ao relento, não houve a menor hesitação nesse momento, mesmo com o tanque tendo uma mistura de muito álcool e pouca gasolina, proporção exata não havia como saber. A fase de aquecimento é tranquila, e a subida de temperatura é bem rápida, fácil de constatar pois o carro tem termômetro de arrefecimento do motor, mostrando que o trabalho da MB não foi de brincadeira. A calibração é perfeita, sem nenhuma falha nem mesmo mínima que possa ser caracterizada como hesitação ou engasgo. Mesma coisa na caixa automática, funcionando sem nenhum problema, exatamente como nos carros somente a gasolina.
Os números de potência e torque divulgados são exatamente os mesmos do carro a gasolina, algo de se estranhar.
Sobre consumo, nada de assustador, com números no mundo real próximos dos 12 km/l na cidade e até pouco mais de 16 km/l na estrada, andando liso e sem acelerações bruscas. Com mais pedal da direita, sobe para 8 km/l na cidade e 13 km/l na estrada com a aparente mistura que havia no tanque. A injeção direta colabora de forma intensa para a queima eficiente de combustível, não resta dúvida.
Em congestionamentos absurdos, com muito para-anda e overdose de semáforos, dá para percorrer até uns 6 km/l, mas é uma situação extrema. O normal é o carro gastar muito pouco pelo seu porte, graças ao peso contido, com componentes de alumínio na estrutura da carroceria.
O que se pode notar é que a qualidade de montagem é muito boa, pois não há diferenças em relação ao carro que vinha importado pronto. Isso mostra que Iracemápolis teve o investimento necessário para manter o padrão de qualidade que a estrela pede, e que a equipe está bem treinada, algo que foi enfatizado quando da inauguração da fábrica, com o lema do evento sendo “Stars build Stars”, ou seja, as estrelas (pessoas) construindo estrelas (os Mercedes). Para ilustrar, coloquei algumas fotos do bloco de vidro gravado que foi entregue aos convidados naquele dia memorável.
Não há nenhuma identificação por emblemas da versão nacional flex, apenas um adesivo na portinhola do tanque, mostrando que aceita gasolina com octanagem mínima 95 RON e álcool até E100, ou seja, 100% álcool, além da inscrição na tampa do tanque. Portanto o C180 pode ser abastecido com nossa gasolina comum, sendo recomendável a aditivada como em todo carro. No motor, por debaixo da capa plástica, há uma etiqueta com marcações em verde, também mostrando que o carro é flex. Na perua, a mesma etiqueta é apenas preto no branco.
Há algumas coisas que fazem falta. O banco traseiro tem o encosto fixo, o que não permite carregar objetos longos ou maiores que o porta-malas. Também não tem apoio de braço, e os bancos dianteiros não têm o porta-revistas no encosto. Também não há câmera de ré, algo estranho num carro dessa classe e preço.
Os bancos podem ser totalmente em couro negro, bege com preto ou cinza com preto. O carro de avaliação veio com o bege, bem claro, que parece branco em algumas fotos. Se é muito bonito e faz o carro ainda mais elegante, não são exatamente os mais fáceis de serem mantidos limpos. Pode não ser prático, mas são uma delícia de olhar. E combinam perfeitamente com o carro sem filmes escuros nos vidros.
No mais, ele é idêntico ao carro já mostrado nas matérias citadas, cujos links estão no começo desta.
JJ
FICHA TÉCNICA MERCEDES-BENZ C 180 AVANTGARDE FLEX | |
MOTOR | |
Tipo | Em linha, 4 cilindros, duplo comando por corrente, 4 válvulas por cilindro, turbocompressor com interresfriador, dianteiro longitudinal, gasolina |
Cilindrada (diâmetro e curso) | 1.595 cm³ (83 x 73,7 mm) |
Material do bloco e do cabeçote | Alumínio |
Taxa de compressão | 10,3:1 |
Potência | 156 cv a 5.300 rpm |
Torque | 25,5 m·kgf de 1.200 a 4.000 rpm |
Formação de mistura | Injeção direta |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automático epicíclico de 7 marchas à frente mais ré, tração traseira |
Relações das marchas | 1ª 4,38:1; 2ª 2,86:1; 3ª 1,92:1; 4ª 1,37:1; 5ª 1,00:1 (direta); 6ª 0,82:1; 7ª 0,73:1; Ré 3,42:1 |
Relação do diferencial | 3,07:1 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira e traseira | Independente, braços triangulares superpostos, tensor longitudinal, mola helicoidal e amortecedor pressurizado concêntricos e barra estabilizadora |
Traseira | Multibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
DIREÇÃO | |
Caixa de direção | Pinhão e cremalheira com assistência elétrica indexada à velocidade |
Relação de direção | n.d., variável |
Nº de voltas entre batentes | 2,2 |
Diâmetro mínimo de curva | 11,2 m |
FREIOS | |
Dianteiros | A disco ventilado Ø 295 mm |
Traseiros | A disco ventilado Ø 300 mm |
Freio de estacionamento | Elétrico, rodas traseiras |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e auxílio à frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio, 7Jx17 |
Pneus | 225/40R17 |
CONSTRUÇÃO | |
Arquitetura | Monobloco em aço com partes em alumínio, subchassi dianteiro, sedã 4-portas, cinco lugares |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,24 |
Área frontal (calculada) | 2,109 m² |
Área frontal corrigida | 0,506 m² |
DIMENSÕES | |
Comprimento/ largura com espelhos/ altura | 4.686/ 2.020/ 1.442 mm |
Distância entre eixos | 2.840 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.584/1.573 mm |
CAPACIDADES E PESOS | |
Porta-malas | 480 L |
Tanque de combustível | 66 L |
Peso em ordem de marcha | 1.425 kg |
DESEMPENHO E CONSUMO | |
Aceleração 0-100 km/h | 8,5 s |
Velocidade máxima | 223 km/h |
Consumo (Inmetro – PBEV)
cidade (gasolina /álcool) |
10 / 7,0 |
estrada (gasolina / álcool) | 13 / 9,2 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 7ª | 53,7 km/h |
Rotação a 120 km/h em 7ª | 2.200 rpm |
Rotação à velocidade máxima em 5ª | 5.700 rpm |