Ontem, no feriado de 7 de Setembro, a caravana do Rally dos Sertões entrou no Estado da Bahia, chegando à cidade de Luís Eduardo Magalhães e à metade do roteiro, completando a quarta etapa.
Como os leitores do AE já sabem, estamos aqui representados por mim, participando da modalidade Regularidade. É bom mais uma vez frisar que o foco principal do Rally não é a nossa modalidade, que de certa forma fica num “segundo plano”. O foco total está na modalidade Velocidade, nos carros, motos, quadriciclos e UTVs.
Mas a minha ideia sempre foi levar a vocês um pouco dessa experiência vivida aqui dentro.
Chegando na Bahia completamos quatro etapas. Na primeira partimos de Goiânia e chegamos em Padre Bernardo (GO); na segunda chegamos em Cavalcante (GO) — que fica às margens do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros; na terceira o destino foi Posse (GO) e, então, ontem, em pleno feriado nacional, chegamos num dos polos do novo centro agropecuário do Brasil em Luís Eduardo Magalhães, no extremo oeste da Bahia.
Já passamos dos 2.000 km de prova, horas e horas de off-road numa prova de velocidades médias altas, de paisagens incríveis, algumas travessias de rio, muita aventura e muita poeira — muita mesmo!
Os primeiros dias
Como muitos sabem, a navegação numa prova de regularidade nesse nível de competição é realizada por diversos equipamentos usados em conjunto. No nosso caso, estreamos (tanto eu como meu navegador, o Poka) num sistema inovador e, relativamente, recente: navegação por tablet, onde as informações e o Road Book (planilha de navegação) aparecem totalmente de forma eletrônica para o navegador. Nossas experiências anteriores eram baseadas apenas em computadores de bordo dedicados à navegação, os famosos equipamentos da Totem (que também é a desenvolvedora do aplicativo para tablet).
Nos dois primeiros dias, infelizmente, encontramos alguma dificuldade com os equipamentos.
As primeiras horas da 1ª etapa foram de pura adaptação. Conhecer o carro (eu ainda não havia feito nada de Off-Road com minha Ranger XLS), familiarização com os novos recursos de navegação, integração entre piloto e navegador e por aí vai. Infelizmente, tivemos um erro de navegação que nos custou 02m:30s para nos recuperarmos e voltarmos ao caminho. No processo de aprendizado, alguns erros com os equipamentos e tudo isso nos custou a última colocação na categoria. Mas, era só a primeira etapa… (rsrs).
Na 2ª etapa, devido ao calor (mesmo com ar-condicionado ligado) e ao forte sol batendo no para-brisa, nosso tablet apagou e ficamos às escuras. Ainda bem que tínhamos os “velhos” equipamentos de navegação preparados para usarmos como back-up. Mas, isso nos custou altíssimos 4 minutos parados até acertarmos todos os sistemas. E, claro, a regularidade é implacável e isso nos custou a última colocação no dia.
A partir da 3ª etapa, numa decisão que se mostrou acertada, mudamos nossa estratégia. O Poka assumiu a navegação ao velho estilo (como velho que somos, nada melhor do que o tradicional e conhecido): acompanhar a planilha em papel (Road Book) e cálculos feitos pelo “velho” computador de bordo; eu mantive uma “mistura” das novas tecnologias (um pequeno tablet que me auxilia na navegação e erro de tempo) e um mostrador conectado ao computador de bordo do Poka, onde consigo um “resumo” das informações de navegação. E essa estratégia nos ajudou a conquistar a 2ª colocação nessa etapa, que foi de muita navegação e velocidades médias bem altas, onde qualquer erro ou desajuste entre piloto e navegador custa preciosos segundos (para se ter uma ideia, a pontuação é calculada em décimos de segundo de erro).
A 4ª etapa que nos trouxe até a Bahia foi, mais uma vez, de muita navegação, terrenos arenosos e pesados e velocidades altas. A mudança de estratégia e a “afinação” dos dias anteriores nos trouxe um excelente resultado na etapa de ontem: faturamos a 1ª colocação na categoria. Mas, claro, os péssimos resultados das duas primeiras nos dão até agora uma má colocação no “campeonato”.
Nosso carro
Depois de quatro etapas, mais de 2.000 km, uma quantidade grande de trilhas, rios, erosões, subidas e descidas de serra e muita poeira — muita mesmo — nossa Ford Ranger XLS 2,2-l está intacta (afora uma trinca no para-brisa causado por um caminhão em trecho de rodovia). Não tivemos qualquer avaria (nem mesmo um pneu furado), nenhuma “mensagem” de erro do sistema eletrônico e, por enquanto, sequer qualquer ruído na suspensão. E tudo isso já me deixou bastante alegre.
O desempenho dela não é o ideal para esse tipo de prova — já sabíamos disso quando viemos com ela para o Rally dos Sertões. As velocidades altas, as curvas muito fechadas, os terrenos pesados pedem um motor mais potente e, para ser ainda melhor, um entre-eixos mais curto. Nossa Ranger e seus limitados 160 cv sofre um pouco para retomar velocidades (nesse tipo de prova é muito comum a alternância grande de velocidades médias, a cada passagem de ponte, curva fechada etc. e justamente nessas horas é onde potência é um fator importante e faz com que a equipe consiga “voltar” no tempo rapidamente).
O único senão que estamos encontrando é a vedação contra poeira. Em que pese que a quantidade de poeira é algo absurda e constante, a vedação tem deixado o interior de nosso carro bem empoeirado. Diga-se de passagem, não é exclusividade nossa e outros veículos estão até piores do que o nosso. Mas, é algo que, certamente, poderia ser melhor.
Agora, literalmente, é hora de correr. Estou em cima da hora para a largada de nossa 5ª etapa nesse incrível Rally dos Sertões. Boa sorte para nós. No final da prova faço um relato mais detalhado e contando o final e um pouco mais dessa grande aventura.
Abraços 4×4
LFC