Em setembro de 2016 a Fiat apresentou o Uno 2017 com modificações estéticas e também com o novos motores de 3 e 4 cilindros, os Firefly. E em novembro último o Bob fez o no uso com o Uno Way com caixa manual. A matéria a respeito dos motores Firefly pode ser lida aqui: Novos motores Fiat. E o no uso do Uno Way com o Bob pode ser vista aqui: Novo Uno Way 2017.
Eu sempre fui atraído pelo Sporting desde o modelo anterior, que o Bob testou em julho de 2015. Acho o visual muito bem acertado e com um nível de diferenciação elevado, o que proporciona uma identidade própria a versão. O nome Sporting pode ser traduzido como esportivo, mas eu prefiro algo como esportivando, que não chegou a total esportividade, e assim me parecendo adequado. Já que em termos de desempenho o Sporting é praticamente igual ao o Way. O que muda bem é a calibração da suspensão que no Sporting é 20 mm mais baixa com altura do solo de 170 mm, que ainda é alto para carros esportivos, mas que lhe confere mais confiança em curvas.
O modelo testado, com o vibrante vermelho Modena, pintura “sólida” e sem custo, tem preço básico de R$ 54.760, que somado aos pacotes opcionais Tech Live On e Comfort, chega aos R$ 58.890. A versão manual do Sporting custa R$ 4.430 menos. Eu achei esse valor alto apenas pela robotização da caixa, mas deve-se levar em conta haver borboletas para trocas de marchas. Além disso, ele também inclui controle de estabilidade e tração e assistente de partida em aclives, dando mais sentido a diferença de valores entre as versões.
O Sporting Dualogic conta com os seguintes itens: sistema Start&Stop, chave -canivete com comando de abertura e fechamento de portas e vidros elétricos, rádio RDS com entrada auxiliar e entrada USB para MP3/WMA, suspensão com acerto esportivo, defletor na tampa traseira na cor preto brilhante, rodas de alumínio 15-polegadas, ponteira de escapamento dupla central cromada, grade dianteira na cor preto brilhante, para-choque dianteiro com detalhes em vermelho, retrovisores em preto brilhante, faixas laterais exclusivas com escrita ‘Sporting’, faixa horizontal no painel e detalhes do interior — maçanetas, quadro de instrumentos e aplique do volante — na cor vermelho Royal.
Ele atrai a atenção tão por fora quanto por dentro. Todos que andaram no carro comigo, ao menos seis pessoas diferentes, e não autoentusiastas, apresentaram alguma manifestação positiva, ou seja, elogios. O carro é muito atraente. A Fiat sabe muito bem fazer isso.
No interior o destaque é o silêncio e isolamento acústico. O carro é livre de ruídos de suspensão. Apenas em velocidades de 120 km/h há um pouco de ruído de vento, denotando a forma pouca aerodinâmica do Uno. O carro que o Bob testou em 2015 tinha alguns detalhes em branco no banco e no painel de instrumentos. Agora o interior é praticamente monocromático, preto, e com alguns detalhes em vermelho, como apontado mais acima, e costura vermelha nos bancos. Ficou um pouco mais sério, porém agradável.
Outro destaque do Uno é a evolução do Dualogic. No entanto a primeira impressão com essa versão sem alavanca não é muito positiva. Os botões ficam muito baixos, e diferente de qualquer alavanca, é necessário que se olhe para eles para alcançá-los. Alavancas são mais intuitivas e não é necessário olhar para elas para selecionar as opções. Apesar da indicação de confirmação do engate dos modos D e R no mostrador central do painel de instrumentos eu senti falta de iluminação nos botões, que poderiam facilmente demonstrar o modo selecionado.
Mas como eu gosto de inovações eu evito me ater sempre a primeira impressão a respeito de novidades. Prefiro dar um tempo para minha adaptação e entendimento do funcionamento do novo dispositivo. Assim, o que é estranho, ou pouco usual, acaba se tornando mais familiar e as objeções podem se desfazer, ou até se transformarem pontos positivos.
O fato é que me acostumei com a operação por botões. Porém, as vantagens ou benefícios desse sistema não foram explorados em todo seu potencial. A eliminação da alavanca permitiria que os botões ficassem mais ao alcance da mão direita e dos olhos, mais acima, no painel, ou bem ao lado do volante. E o espaço onde fica a alavanca poderia ser usado para uma porta-objetos adicional, que faz falta no Uno.
A atuação do Dualogic na caixa de cinco marchas 4+E (a velocidade máxima é atingida em quarta marcha) é muito suave. Porém, para quem não está acostumado, ou está acostumado com caixas automáticas, as trocas de marcha são bem perceptíveis. Durante as trocas numa caixa manual o motorista faz parte de todo o processo, braço e corpo se movimentam acompanhando todo o movimento do carro. Nas roborizadas todo o processo e movimentos oriundos dele são feitos sem a intervenção do motorista. Desse modo, ao não fazer parte do processo, o motorista apenas sente a movimentação do carro. Isso causa estranheza. Mas eu tentei fazer melhor que o Dualogic em outro carro com caixa manual e isso só é possível com muita atenção durante as trocas. Traduzindo, em um importantíssimo critério de avaliação, a chance da minha mulher, como passageira, reclamar de mim é menor com o Dualogic.
Ainda há o modo S que torna as trocas mais rápidas e inibe a quinta marcha em velocidades inferiores a 90 km/h. Nesse modo a caixa fica mais esperta. Mas eu me diverti mais no modo manual, com as borboletas. Porém não tanto quanto se a caixa fosse manual. Isso porque eu notei que a lógica da Dualogic protege bem motor. É impossível o engate de marcha inferior que leve o motor a rotação que o quebraria. E esse motor gosta de giro. Gostei que quando em modo manual fica assim para sempre ou até que o motorista selecione o automático novamente.
O câmbio Dualogic conta com o avanço lento (creeping) sempre que a marcha está engatada e se tira o pé do freio. É muito prático no trânsito anda e para ou ao manobrar, reproduzindo essa conhecida função dos câmbios automáticos epicíclicos ou CVT. Para proteger a embreagem não se deve nunca manter o veículo imobilizado num aclive, mesmo que suave, acelerando ou mesmo deixando em marcha-lenta.
Pensando no motorista mais tranquilo, que use o carro em grandes cidades, com muito trânsito e que prefira conforto a esportividade, eu destaco a Dualogic como ponto positivo do Uno. Mesmo que ela ainda não tenha chegado ao nível da I-Motion. A robotizada da VW tem trocas mais suaves e nas reduções e usa um pouco melhor a aceleração interina, que ajuda muito na suavidade. E curiosamente as duas robotizações são fornecidas pela Magneti Marelli.
Já que comparei com a VW, no quesito suspensão a coisa se inverte. A suspensão do Gol é excelente, mais durinha, porém confortável. Mas a do Uno Sporting é um pouco mais confortável, sem perder a capacidade esportiva. E como já citei anteriormente, o nível de ruído de suspensão é praticamente nulo. Em velocidades muito altas o caixotinho arredondado se mantém na trajetória contradizendo o esperado. E a calibração da direção com assistência elétrica é perfeita. Eu não tenho como não concordar com o Bob nos elogios as recentes suspensões da Fiat.
E para fechar, mais uma bola na rede! O motor Firefly. Antes mesmo de sentir o desempenho, o que chama a atenção é a suavidade de operação. Liso e livre de ruídos e vibrações.
Bloco e cabeçote de alumínio, comando único com duas válvulas por cilindro, injeção no duto, 1.332 cm³ que geram 101 cv a 6.000 rpm com gasolina e 109 cv a 6.250 rpm, com álcool e torque de 13,7 e 14,3 m·kgf respectivamente, e ambos a 3.500 rpm. Máxima de 177 km/h e zero a 100 km/h em menos de 10 segundos quando com álcool.
O que me intrigou é que a maioria das pessoas pode nem sentir o prazer que ele proporciona em relação ao desempenho. Para ele se mostrar bem e com a atuação do Dualogic é necessário um pé direito mais pesado, caso contrário ele é comportado. Se você é um autoentusiasta na essência vá de caixa manual. Mas se seu par insistir na robotizada, solte o seu pé direito e sorria. E arrume uma boa briga com ele quando fizer isso. Como eu agi assim o tempo todo, o consumo médio durante o teste foi de 7,5 km/l basicamente em trecho urbano e com álcool. Acredito que esse consumo deve ser bem melhor com motoristas mais comedidos como os dados oficiai que constam na ficha técnica. Direção com assistência elétrica e sistema start/stop auxiliam.
Apesar de um carro bem acertado o modelo que já foi um grande sucesso de vendas ficou em 15º no ranking de emplacamentos de 2016, com apenas 34.626 unidades. Como o Marco Aurélio Strassen aponta nas suas análises de mercado, os carros mais de entrada perderam muito espaço nos últimos anos. Mas não deve ser só isso. Carros mais modernos apresentam espaço internos mais amplos, o que proporciona mais conforto. O próprio Palio, com 63.996, ainda com o motor Evo, apresenta um custo-benefício melhor, de acordo com as vendas.
Há coisas que poderiam melhorar? Sem dúvida. Quem tem carro alemão sabe do que eu estou falando. Mas isso não tira o brilho do Uno e sua emoção. Quem tem carro italiano sabe o que estou dizendo.
Agora fechando o texto me veio a ideia de escrever que esse Sporting é um conjuntinho gostoso e muito bem embalado. Na hora me veio a imagem do bombom recheado da Lindt, daqueles que derretem na boca.
E antes de deixá-los gostaria de mencionar que mais uma vez encontramos um leitor lá na Estrada dos Romeiros. Dessa vez o Thiago Matsune, que para conhecer melhor alguns carros, os aluga e sai para testá-los e passear lá na Estrada dos Romeiros. Foi um prazer em conhecê-lo, Thiago.
Veja o vídeo:
PK
Galeria
FICHA TÉCNICA UNO WAY 1,3 DUALOGIC | |
MOTOR | |
Instalação | Dianteiro, transversal |
Material do bloco/cabeçote | Alumínio / alumínio |
Configuração / n° de cilindros | Em linha / 4 |
Diâmetro x curso (mm) | 70 x 86,5 |
Cilindrada (cm³) | 1.332 |
Aspiração | Atmosférica |
Taxa de compressão (:1) | 13,2 |
Potência máxima (cv/rpm) (G/A) | 101/6.000 // 109/6.250 |
Torque máximo (m·kgf/rpm) (G/A) | 13,7/3.500 // 14,2/3.500 |
N° de válvulas por cilindro | Duas |
N° de comando de válvulas /localização/acionamento | 1 / cabeçote com variador de fase / corrente |
Comprimento de biela (mm) | 149,33 |
Relação r/l | 0,289 |
Formação de mistura | Injeção eletrônica no duto |
Gerenciamento do motor | Magneti Marelli integrando injeção e ignição |
ALIMENTAÇÃO | |
Combustível | Gasolina e/ou álcool |
TRANSMISSÃO | |
Embreagem | Monodisco a seco, automática |
Câmbio / rodas motrizes | Transeixo robotizado/ dianteiras |
N° de marchas | 5 à frente e 1 à ré |
Relações de transmissão (:1) | 1ª. 4,273; 2ª. 2,316; 3ª. 1,444; 4ª.1,029; 5ª. 0,795; ré 4.200 |
Relação do diferencial (:1) | 3,933 |
FREIOS | |
De serviço | Hidráulico, duplo circuito em diagonal, servoassistido, ABS |
Dianteiros (Ø mm) | Disco, 257 |
Traseiros (Ø mm) | Tambor, 203 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal. amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 9,8 |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio, 6Jx15 |
Pneus | 185/60R15 |
Estepe | Roda de aço 5,5Jx14, pneu 175/70R14T |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.055 |
Carga útil | 400 |
Peso rebocável (sem freio) | 400 |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback 4-portas, 5 lugares |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | |
Comprimento | 3.820 |
Largura (sem espelhos) | 1.6573 |
Altura | 1.487 |
Distância entre eixos | 2.376 |
Bitola dianteira/traseira | 1.430/1.420 |
Distância mínima do solo (vazio) | 170 |
CAPACIDADES | |
Porta-malas (L) | 280/290 |
Tanque de combustível (L) | 48 |
DESEMPENHO | |
Velocidade máxima (km/h) (G/A) | 177/177 |
Aceleração 0-100 km/h (s) (G/A) | 10,6 / 9,8 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (INMETRO/PBEV) | |
Cidade (km/l, G/A) | 12,9/9,2 |
Estrada (km/l, G/A) | 14,0/10,1 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª (km/h) | 36,2 |
Rotação em 5ª a 120 km/h (rpm) | 3.300 |
Rotação à vel. máx. em 4ª (rpm) | 6.300 |
GARANTIA E MANUTENÇÃO | |
Duração da garantia | 3 anos |
Revisões, intervalo (km) | 10.000 |
Troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000 / 1 ano |