Seguindo os passos de meu finado pai no mundo automobilístico, sempre fui fã, apreciador e consumidor dos produtos VW (bem antes de trabalhar lá), e além da influência do velho, cá entre nós, as linhas 70, 80 e 90 da VW eram irresistíveis: os Passat TS, GTS, GTS Pointer, Gol GT (esse carro causou alvoroço em seu lançamento), Voyage Super, as séries Los Angeles e Plus e o ícone, estrela do Salão de 1988: o Gol GTi. Éramos crianças e quando víamos um destes na rua a molecada que gostava de carro parava e gritava: olha o Gol GTi!!!
Enfim, o tempo passou e o ano era 2008, conheci a minha esposa em agosto desse ano, ela tinha um Fiesta GL 1,0 3-portas Zetec Rocam, ano 2000, o hodômetro acusava 280.000 km. Meu sogro pegou esse carro zero, depois passou para a minha esposa que logo em seguida passaria o dito cujo para sua irmã mais nova, a qual ficaria com o mesmo até os 300.000 km sem queimar óleo, passando na então inspeção veicular de São Paulo, motor jamais aberto, apenas um desgaste de comando de válvulas.
No lugar deste, veio um Street 1,0 2005, 4-portas com ar-condicionado, vermelho e 46.000 km rodados.
Eu fazia pouco caso do carrinho, não o achava visualmente atraente e o considerava acanhado para a minha compleição física (1,80 m e 98 kg), e eu era proprietário de um lindo Polo Hatch 0-km e o velho Voyage CL 1992 de guerra. Só andava no Fiesta esporadicamente (e geralmente de passageiro).
Os anos passaram, o namoro engatou, virou noivado e apareceu uma ótima oportunidade de adquirir um imóvel. Quem se foi?
O mais caro, é claro! Com muita dó (o único carro que vendi magoado até hoje), o Polinho se foi, mas por uma ótima causa.
Daí encarei o Fiesta: mãos à obra, pois nessa altura o hodômetro já marcava cerca de 100.000 km. Substituí amortecedores, batentes, jogo de pneus novos, freios revisados, sistema de arrefecimento idem, embreagem e atuador hidráulico novos, mas a direção ainda continuava pesada: conversando com meu amigo e mecânico sr. Edison (ainda farei um texto só dele), erguemos a dianteira e verificamos que a cambagem desse modelo é fixa, os pivôs eram rebitados (economia boba, hein, dona Ford!).
Quebramos os rebites, fizemos furos oblongos nos braços transversais, colocamos parafusos e porcas no local e levei o mesmo para a geometria no Luciano Lunardi em São Bernardo do Campo: pedi para deixar a cambagem tendendo a zero, dentro das especificações Ford — pronto, resolvi o problema e não perdi muito nas curvas! (fica a dica para quem tem esse modelo).
Agora ele estava pronto para a guerra e ele seria testado exaustivamente (dizia para mim mesmo: vamos ver se aguenta e até onde aguenta, hehehe). O bom foi que ele aguentou, aguentava e aguentou com louvor. Não só me aguentou como me mostrou suas qualidades: comportamento exemplar em curvas, mesmo com pneus 165/70R13 (muito melhor que seus contemporâneos Palio, Celta e Gol), ergonomia perfeita, bom acabamento para um veículo de entrada e câmbio/transmissão excelentes (era melhor em tudo que o Celta que eu utilizava na empresa onde eu trabalhava, exceto desempenho… Onde a Ford errara?). O motor era muito parrudo, eu o chamo de “AP” da Ford. Enfim, esse carrinho me mostrou diversas qualidades, justo para um fã incondicional de VW.
Fico pensando como deviam ser bons o Zetec 1,4 16v e o Zetec Rocam 1,6! Com o 1,0 eu engolia vários carros maiores e mais potentes na serra de Mairiporã (antes que me crucifiquem: sempre andei rápido, mas sem encher a paciência de ninguém e sem cometer loucuras). Enfim, vivendo e aprendendo.
Hoje, muito mais maduro e muito mais conhecimento técnico dentro do mundo automobilístico, enxergo as qualidades da concorrência quando estes as têm, mas que o Fiestinha foi uma boa experiência, isso foi!
LHGjr
São Paulo – SP